Instituto de Educação reúne duas modalidades de Ensino Médio

Álvaro trabalha no Clelia Nanci e desperta nos alunos o interesse pela arte do grafiteEscola tem realidades bem diferentes nos três turnos. Alunos da noite estão sem merenda desde o início do ano.

 

 

Os bancos da praça cheios de jovens uniformizados já indicam que há uma escola por perto. Nesse caso, logo em frente, está o Instituto de Educação Clélia Nanci, no município de São Gonçalo, região metropolitana do Rio.

Grafites nos muros de fora da escola, meninas com saias plissadas e camisas de tergal e botão. Essas são as primeiras impressões ao chegar ao tradicional Instituto de Educação, pela manhã.

Na recepção, atendentes bem educadas. Dentro do Colégio uma quadra coberta (com alguns buracos no telhado de zinco). Ao lado esquerdo dois andares de salas de aula. O Instituto de Educação Clélia Nanci é uma escola bem conhecida em São Gonçalo, tem aproximadamente cinco mil alunos e 52 salas de aula. Uma biblioteca com mais ou menos 15 mil livros, um laboratório de informática e outro para física, química e biologia.

O colégio funciona nos três turnos, mas há muitas diferenças entre eles. Na parte da manhã e tarde o Ensino Médio é pedagógico, ou seja, de formação de professores. À noite, a modalidade de ensino é a convencional.

A diretora da escola, Marisa Ribeiro, explica que o Clélia Nanci é um dos colégios mais “ricos” da região, ou seja, que recebe mais verbas do estado, mas mesmo assim, enfrenta graves problemas. A falta de funcionários é um deles. Marisa reclama que precisa deslocar serventes para outros cargos, como inspetores, por exemplo. “Sabe quantos inspetores de corredor temos aqui no colégio? Nenhum. Então, a gente faz assim, se você é, por exemplo, servente readaptada, ou seja, se readaptou por problemas de saúde, porque não pode pegar mais peso, aí eu pergunto: quer ficar no corredor?”, explica.

Marisa relata que há um grande número de terceirizados, e questiona o fato de não haver mais concursos para funcionários. Luis A diretora Marisa Ribeiro reclama da falta de funcionáriosHenrique de Amorim, por exemplo, é servente, mas depois de readaptado está na função de auxiliar de coordenação pedagógica. Ele é concursado, mas conta que o seu concurso foi o último realizado para o cargo, em 1994.

Caminhando pela escola, é possível ver que há três blocos de salas, onde funcionam também, de manhã e a tarde, aulas para o Ensino Fundamental. Passa-se por dois pátios; no segundo, está a cantina do colégio, e entre os dois há o refeitório. Nas salas de aula carteiras e cadeiras desiguais.
A escola, no geral, é bem conservada, tem paredes limpas e grades pintadas. Aliás, chama atenção a quantidade de grades. Logo na entrada, uma grade separa a recepção da quadra (como não poderia ser diferente), há também grades nas janelas das salas de aula.

Pelo menos duas escolas em uma só

Na parte da tarde, uma professora passa um filme para os alunos no auditório do colégio. O espaço é grande e tem um palco. À noite, os alunos não assistem filmes no auditório, conforme relatam os estudantes e os professores. Acontece que nesse horário, segundo a direção, não há funcionários suficientes para abrir o auditório e manusear esses equipamentos. A escola fica muito mais vazia tanto de alunos, quanto de professores e de funcionários.

Professora do noturno reclama da falta de atenção com o turno

Ao contrário dos turnos da manhã e da tarde, os alunos do noturno estão sem alimentação. A comida existe, o estado repassa 32 centavos por aluno para a escola, o que é muito pouco. Entretanto, de acordo com a direção, esse não é o motivo para não ter refeição para os alunos da noite, o motivo é outro – não há merendeira para trabalhar no turno. A diretora relata que as merendeiras estão se aposentando e não há quem colocar no lugar para cumprir a função.

O Grêmio do Colégio fez um abaixo assinado entre os alunos para que haja alimentação no noturno. “Muitos alunos trabalham, chegam aqui cansados e não tem uma refeição para enganar o estômago, pelo menos”, reclama o estudante Nitiren Pacheco (20), um dos coordenadores de Grêmio 20 de Julho.

A escola grande, com tantas salas e corredores, parece abandonada no turno da noite. Funcionam apenas quatro turmas - um 9º ano, um 1º, um 2º e um 3º ano do Ensino Médio. No 1º ano, estão matriculados 60 alunos. “Mas nunca vem os 60”, comenta a diretora adjunta do noturno, Maria de Fátima do Amaral.

No dia da visita do EMdiálogo à escola, a turma do 1º ano estava com 42 alunos e já ficava difícil transitar entre as carteiras. A equipe do EMdiálogo fez cinco visitas ao Clélia Nanci, conversou com professores, alunos e funcionários. Confira na série de reportagens sobre o Colégio, o que encontramos por lá. A cada dia, uma nova reportagem sobre o Clelia Nanci estará postada aqui.

Comunidades:

Comments

imagem de Raquel Junia de Magalhães

Resposta da Diretora do IECN Marisa Ribeiro sobre reportagem

À pedido da diretora do Instituto de Educação Clelia Nanci publicamos o comentário abaixo sobre a reportagem Instituto de Educação reune duas modalidades de ensino 

 ***

 Acho que houve um grande equívoco qdo o trio que foi lá na escola escreveu que eu disse ser o IECN uma escola rica. O Que seria ser uma escola rica? Difícil de definir. Posso interpretar que nossa escola é rica em relação ao corpo docente. Ou é rica pelos projetos que participa. Ou, ainda, é rica em seu corpo discente que já passou pelos nossos bancos escolares e, por fim, é rica em calor humano, principalmente quando recebe pessoas de fora.

Ao falar em nossas verbas, citei que são  maiores que algumas escolas, pelo número de alunos que temos (avaliadas pela per capta) e que são analisadas nas prestações de contas mensais, aprovadas pelo Conselho Fiscal e pelo Colegiado e que jamais tivemos um processo devolvido por erros pelo Tribunal de Contas. Fazemos parte de alguns projetos federais: Escola Aberta, PROINFO, Educação de inclusos e na esfera estadual: Projeto Aprender, "Lendo, conheço o meu mundo e de outros também" de Língua Portuguesa; "Ecologia e Educação" e "Brincando também aprendo Matemática", além dos projetos temáticos lançados anualmente.

 Eu disse também que tanto o Governo Estadual como o Federal cumprem religiosamente com  o que prometem. Exemplo disso é a verba da merenda, da manutenção, do FNDE, do PDDE e outras.

Quanto à merenda do 3º turno já foi restabelecida desde abril. Nossas merendeiras da noite se aposentaram e, já foram substituídas, sendo que como nossos alunos são trabalhadores, ela é oferecida antes das aulas começarem.
Em relação à frequência dos nossos alunos trabalhadores realmente não é igual ao da manhã e da tarde, quando há alguma data importante eles trabalham até mais tarde e vão direto para casa. Mas o regulamento é o mesmo para todos os turnos no que tange a frequência e avaliação.

Ainda gostaria de ressaltar que obras de grande porte são  feitas pela rede física da SEEDUC e para pequenos reparos utilizamos a verba da manutenção.

 Gostaria de ver publicada a minha resposta

 Atenciosamente

 Mariza Caria Ribeiro.

Vote neste Comentário
imagem de Raquel Junia de Magalhães

Resposta da Equipe EMdiálogo

A equipe do EMdiálogo agradece à diretora Mariza pela resposta. Todas as vezes que estivemos no IECN fomos muito bem recebidos. Mantemos as informações divulgadas nas reportagens, que foram elaboradas a partir de cinco visitas feitas ao Instituto durante os meses de abril e maio. Nessas ocasiões, entrevistamos a direção, estudantes, professores, além de observarmos o cotidiano do colégio. Todos os comentários aos nossos textos são bem vindos. Esperamos que todos sintam-se à vontade para dialogar conosco.

Vote neste Comentário