As dificuldades em conviver com a família

Na roda de conversa, os olhos lacrimejam a todo instante, algumas vezes por tristeza, outras vezes por alegria de ter superado as dificuldades que cada uma passou para poder, hoje, criar seus filhos.

O lápis preto no olho de Alice borra quando ela relata as dificuldades sofridas atualmente para se dedicar aos filhos. Durante a semana, as crianças ficam com a avó e ela só os vê nos finais de semana.  A jovem se divide entre o trabalho e a escola de segunda a sábado.     

Alice, hoje com 23 anos, descobriu que estava grávida aos 15. O namorado tinha 16. Como era muito magra, a barriga não ficou muito visível, mas uma prima desconfiou da gravidez porque o corpo da menina estava ficando diferente e resolveu levá-la ao ginecologista. A prima se encarregou de contar para a mãe de Alice sobre o futuro neto. Assim que a menina chegou em casa, a família já estava reunida e com uma decisão: ela iria “tirar” a criança.

boneca.jpg“Fiquei com muito medo e minha mãe ficou dividida. Um dia ela me perguntou o que eu achava daquilo tudo e eu disse que queria ter aquela criança”, conta. O convívio com a família, que mora toda na mesma vila residencial, ficou muito difícil. Alice lembra magoada que muitos parentes deixaram de falar com ela.

Já no final da gravidez, a menina foi morar com a sogra, porém, o convívio lá também não foi fácil. "Às vezes eu tinha que passar o dia na casa de outros vizinhos, mas sempre ligava para a minha mãe e dizia que estava tudo bem para ela não ficar preocupada", desabafa a estudante.

Assim como Alice, a colega de sala e amiga Jaqueline, de 16 anos, também engravidou aos 15. Ela morava com a avó e a tia, mas assim que soube da gravidez, que já estava no quinto mês, a estudante se mudou para a casa da mãe.

As dificuldades com a família após a descoberta da gravidez se repetem na fala das meninas. Juliana, de 24 anos, que também foi mãe aos 15 anos, narra como foi triste encarar, sobretudo, o tio, que a tinha como filha e sempre falava que não queria vê-la grávida na adolescência. A mãe de Juliana, como primeiro impulso, mandou que ela forçasse um aborto e o restante da família passou a ignorá-la.
    
O então namorado de Juliana, pai do seu filho, tinha apenas 13 anos. Quando a menina contou sobre gravidez, recebeu uma resposta que a marcou muito: “É melhor tirar mesmo”, disse o namorado, “pois eu só tenho 13 anos e não trabalho. Quando eu tiver 18 eu não estarei mais com você”. Até mesmo os pais do menino (avós da criança) não deram qualquer apoio.  “Eles disseram não acreditar que um menino aos 13 anos ‘já poderia fazer filho’", conta.

 Foi uma amiga da família que interveio a favor da continuidade da gestação e, por causa dessa amiga, a mãe de Juliana passou a pensar com mais carinho no assunto.

Após o nascimento das crianças, todas as meninas contam que há uma aceitação maior por parte de parentes, que passam a enxergar um novo membro da família, ao invés de uma "gravidez indesejada" ou um "descuido".

 

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E como fica a escola?   Diário de um pai aos 15   Quando a avó é quase mãe   Primeiro aprender para depois ensinar

 

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Comments

imagem de suzana de souza

comentarios de uma aluna do colegio sousa da silveira

  Ler sobre isso foi muito bom. Assim muitas meninas que têm que estudar e cuidar de seus  filhos passem a não desistr de estudar e de seus sonhos,  vão em frente! Só assim podemos dar um futuro melhor para os nosso filhos, e que a equipe do EM D Diálogo continue fazendo esse trabalho!

 

Parabéns!

Suzana

 

 

 

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