Briga nas escolas .
Alunos de escolas de várias partes do Brasil trocam socos, chutes, puxões de cabelo e até cadeiradas.
Meninos e meninas partem para briga dentro da sala de aula, muitas vezes com o professor ao lado.
Em alguns casos, colegas correm pra separar. Em outros, parecem se divertir.
Sem saber o que acontece na escola, pais são surpreendidos.
“Eu to trabalhando recebo a noticia num hospital pra fazer corpo delito”, diz uma mãe.
Em Visconde do Rio Branco, Minas Gerais, o vídeo de uma briga dentro de uma escola municipal foi parar nas mãos da justiça.
A agressora de 16 anos aparece de blusa roxa discutindo com uma colega que está sentada. De repente, dá um tapa.
A menina agredida cai no chão e tenta se defender e é arrastada pelo cabelo enquanto apanha mais. A agressão dura vinte segundos, até que outros estudantes separam a briga.
O vídeo virou assunto na cidade.
“Eu tenho até hoje o vídeo no meu celular”, conta a estudante Dalila Abijaude, de 17 anos.
“Parece que a gente não tem segurança nem dentro da escola”, relata a estudante Noelza de Castro.
“Eu tenho uma filha. Se tivesse acontecido com a minha filha eu ia ficar arrasada”, revela a doméstica Laureci da Silva.
O Ministério Público entrou no caso. Pediu a justiça o acautelamento provisório, ou seja, que a jovem fosse levada a um centro para menores infratores.
Motivo: ato infracional parecido com homicídio qualificado.
Para os promotores, o vídeo mostra extrema violência por motivo fútil.
A juíza do caso não quis gravar entrevista, mas informou ao Fantástico que decidiu internar provisoriamente a aluna porque considerou o ato de violência muito grave. Disse também que a briga causou grande repercussão social. Por isso, segundo ela, a internação seria a única alternativa para garantir a ordem pública e também a segurança da adolescente.
A adolescente está no Centro de Reeducação em Belo Horizonte. A medida cautelar de 45 dias acaba daqui em duas semanas.
“Eu acho que foi uma atitude muito drástica. Eu acho que mandar ela para o Centro Educacional junto com menores que já cometeram infrações graves, eu achei que isso pode prejudicar a mentalidade dela depois”, conta a mãe.
“Ela agrediu. Mas tem o motivo. Porque ela tava sendo agredida verbalmente. Montaram foto celular. Com baleia, porque ela é mais gordinha, porque ela é mais escurinha”, diz o pai da agressora.
O pai diz que as provocações começaram um mês antes da agressão.
Reclamei com a diretora que ela já vinha reclamando sobre agressão verbal. A diretora ficou de tomar providência
A Secretaria de Educação da cidade disse que a escola conversou com os pais, mas não conseguiu evitar a briga. A mãe da menina que apanhou nega que a filha tenha provocado a colega.
“Não foi a minha filha. Foram outros colegas que fizeram e mesmo se ela ou qualquer colega que fez. Não justifica a violência”, diz a mãe da agredida.
Mostramos essas imagens para duas professoras e um pesquisador de violência nas escolas.
Fantástico: Briga em sala de aula é comum, ou não é comum?
“São cenas comuns no dia a dia na escola pública. Não é comum ir pra Centro de Ressocialização. O que é mais comum é o aluno abandonar a escola, ficar com medo de retornar a escola”, diz Maria Sulfaneide, professora.
“Há uma mudança no perfil da violência entre alunos nas escolas. Nos últimos anos vem chamando atenção a participação de meninas nesses incidentes mais violentos ou de agressividade maior”, explica o pesquisador de violência nas escolas, Renato Alves.
Fantástico: A escola deveria tratar de que maneira esse problema?
“Eu percebo que um aluno ele entrou em conflito com outro. Paro a aula, porque mais importante do que a aula é o processo educacional”, diz a professora.
Mostramos a eles outro caso. Foi em uma escola estadual em São Pedro, interior de São Paulo. E também chocou a cidade.
A briga aconteceu nesta sala durante a tarde, bem no horário da troca entre uma aula e outra.
“Eu estava lá na sala fazendo lição. Aí ela chegou em mim, querendo ver minha sobrancelha. Só que eu não deixei, porque eu tava fazendo lição. Aí ela começou a me bater”, conta a menina agredida.
Fantástico: Você tinha feito a sobrancelha aquele dia?
Menina: Isso.
A agressão também durou 20 segundos.
A menina de 11 anos ainda tinha marcas no corpo, mesmo uma semana depois da briga. A mãe trocou a filha de escola.
“Tinha como evitar se cada um tivesse amor um pelo outro. Tivesse Deus no coração”, diz a mãe da agredida.
A família da agressora não quis gravar entrevista. A escola ainda vai decidir se ela será transferida e já está pensando em como evitar as brigas.
“A escola é responsável. independentemente de ela se sentir ou não ela é responsável”, conta Oldack Chaves, dirigente regional de ensino em São Paulo.
Fantástico: violência na escola esta atrelada a questão social também?
“Não necessariamente. Está mais relacionado a questão de organização, do espaço escolar, do que necessariamente a questão social ou do entorno da escola”, explica Renato Alves.
“Esse episódio deve alavancar uma discussão dentro da escola”.
Fantástico: Os professores devem discutir isso com aluno e com os pais?
“Com certeza. A educação é um processo longo. A gente não pode desistir”, diz a professora.
Veja a matéria no G1 : http://tinyurl.com/7j4u3wv
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Comments
Mais do que briga
Muito mais do que as brigas que estão acontecendo nas escolas, é a falta de respeito dos/as jovens para com eles mesmos. Concordo com a professora quando ela diz que o processo educativo é mais importante que a própria aula, matérias e etc. Respeito ao próximo, às diferenças, é passo fundamental para cultivarmos um mundo mais tolerante, mais humano.