A Observadora da Escola Isabela Moura fala nessa reportagem sobre a mudança de direção na escola onde estuda, o Liceu Nilo Peçanha, em Niterói. A exoneração do diretor eleito deixou estudantes, professores e funcionários insatisfeitos.
O ano de 2009 é um ano turbulento para o Liceu Nilo Peçanha, escola que é patrimônio histórico de Niterói. O Liceu passou por incidentes, como a brusca mudança de diretor geral, que foi escolhido pela Secretaria Estadual de Educação e gerou insatisfação entre alunos, professores e funcionários.
Houve também paralisações nas aulas, o que prejudicou a organização da escola. A gripe suína, que afetou o mundo e o Rio de Janeiro, nos deu duas semanas a mais além do previsto para as férias de julho. Neste mesmo período, o governo estadual decide votar um projeto de lei que altera o plano de carreira da educação e propõe a incorporação da gratificação do Nova Escola em seis anos, o que não foi aceito pelos profissionais, resultando em uma greve e várias passeatas para reivindicação de seus direitos.
Heraldo Mesquita, que é atualmente diretor adjunto da escola e trabalha nela há 20 anos, conta que o ano letivo foi muito prejudicado devido a esses problemas, mas que a mais atípica das paralisações foi gerada pela gripe suína. A greve dos professores, para ele, é um direito da classe trabalhadora.
No momento da entrevista com o professor Heraldo Mesquita, a professora de história Sirtes de Castro, conversa informalmente com ele e, sem saber, dá sua colaboração. Eles falam sobre as intervenções feitas pela polícia em passeatas, e sobre o governo de Sérgio Cabral, que nomeiam como “governo burguês”. Segundo o diretor, tem se tornado humilhante trabalhar com educação diante das atitudes do estado, e isso tem feito muitos jovens professores abandonarem a profissão.
Heraldo, conta que foi fundador do PT, e que chegou ao Liceu num momento muito propício, em 1990, no qual a escola vivia um ambiente de implementação da democracia, com muitas reuniões acontecendo. Ele diz que ao longo desses 20 anos o Liceu passou por diversas fases. Viu alunos pouco participativos, a queda da entrada principal da escola, obras, etc.
Ele fala sobre as divergências políticas dentro da escola após a exoneração do diretor Celso Lopes em 2009, que administrava o Liceu desde junho do ano passado. Houve outra votação, que o colocou novamente em seu cargo. Essa decisão não foi aceita pela Secretaria Estadual de Educação, o que gerou sucessivas mudanças de direção. Somente este ano foram quatro gestões, e atualmente a administração da escola é feita pela direção escolhida pela Secretaria.
Heraldo se coloca contra tal atitude e diz que o Liceu está desanimado, com pouca interação, mas afirma estar otimista quanto ao futuro. Ele lembra o lado bom do Liceu, citando a qualidade do ensino, a boa estrutura física e a beleza da escola. Acredita que, apesar das divergências, deverá haver diálogo e empenho para trazer bom resultados - mesmo que a passos lentos - neste processo de reestruturação. Para ele, “a democracia se faz com diálogo”.
O integrante do grêmio estudantil, William Moreira, conta sobre a atuação do movimento estudantil na escola e sobre alguns problemas que o afetam. Segundo ele, existe insatisfação em relação a direção, que não atua conforme o esperado pelos alunos, por falta de diálogo e atenção.
Desde a eleição dessa gestão, o grêmio realizou diversas atividades esportivas e culturais, como campeonatos de futebol, festas junina e de
halloween, palestras de petróleo e gás, cinema, o sábado maluco, onde há aulas de reforço para alunos do 3º ano. A gestão atual planeja ainda um festival de poesias.
Isabela Moura é Observadora da Escola e estudante do Ensino Médio do Liceu Nilo Peçanha, em Niterói (RJ).
E em sua escola? Como é a eleição da direção?
Comments
Democracia
Achei super importante o assunto em questão . Com alunos e professores insatisfeitos como haverá diálogo? Sem diálogo como haverá democracia? Que tipo de cidadãos estaremos formando? Marionetes?
COMO PROFESSOR VIVENCIEI ALGO PARECIDO, ACHO QUE O RESULTADO DISSO É UMA ESCOLA TOTALMENTE DIVIDIDA E OS MAIORES PREJUDICADOS SÂO OS ALUNOS:;
Como disse bem o vice diretor "Sem díalogo não há democracia"