Na semana de 16 a 19 de novembro, ninguém entrou nas salas de aula. O período letivo ainda está longe de terminar mas ao invés de estarem estudando com livros, cadernos e quadro negro, os estudantes estão participando de programações culturais relacionadas ao Dia da Consciência Negra.
“Pai Francisco, você gosta de mim? E do seu filhinho que está aqui na minha barriga? Eu estou com desejo de comer língua de boi assada. Mas não é de qualquer boi não... É desse boi aí.”
Com a encenação do teatro Bumba-meu-boi alunos do Colégio Municipal Professor Souza da Silveira, na zona norte do Rio de Janeiro, mostraram para seus colegas um pouco da cultura popular brasileira. De forma bem humorada, os estudantes mostraram trabalhos que desenvolveram dentro e fora de sala de aula para discutir diversos temas relacionados a meio ambiente, cidadania, saúde, comunicação e arte.
Na entrada da escola, um mini-auditório foi improvisado, cerca de 100 alunos do Ensino Médio do período noturno entravam e saíam do local, onde tocava música de diferentes estilos e era feita uma projeção de reportagens que EMdiálogo já tinha feito na escola. Quase todos uniformizados, os estudantes sabiam que nos cinco dias de programação cultural não se iria cobrar presença, mas escolhiam ir para prestigiar os colegas que apresentaram teatros e fotografias. A platéia ficou cheia também de crianças, filhos e filhas dos alunos.
A estudante Walesca Rezende, de 17 anos, está cursando o primeiro ano do E.M. na escola. Mesmo sem aula, a menina participou de todos os dias da semana e diz que tem aprendeu muita coisa com as apresentações. “O melhor dia foi ontem, quando pessoas da Associação da Velha Guarda das Escolas de Samba Rio de Janeiro vieram aqui”, conta a menina, que assistiu ao documentário Guardiões da Memória, sobre a Velha Guarda das escolas de samba, feito por seus colegas de escola.
Além de palestras sobre diversos temas, os estudantes apresentaram esquetes teatrais ligadas a diversas disciplinas, como o teatro sobre o Dia de Ação de Graças organizado pela professora de inglês. Também tiveram espaços para trocar experiências de projetos de pesquisa que desenvolveram e lançar o jornal colegial/comunitário “Big Bang”.
A partir de semana que vem, as aulas voltam ao normal, com provas e tudo mais. A estudante Cristiane Maria da Silva, de 33 anos, está no terceiro ano do E.M. e se encarregou de registrar todos os momentos dessa semana com a máquina fotográfica da escola para colocar na próxima edição do jornal. “Estou trabalhando para o jornal desde o segundo ano, é muito gratificante ver uma fotografia sua publicada” conta a estudante, que incentiva seus colegas a continuarem com o projeto de comunicação comunitária da escola.
Para Paulo Henrique, estudante do primeiro ano do Ensino Médio, ainda há muito preconceito e por isso é importante que a escola discuta a diversidade. “O preconceito não é só pela cor, mas pelo fato de ser pobre também”, reflete. Paulo Henrique acredita que atividades como essa podem incentivar os alunos a produzirem mais.
“O que eu mais gostei até agora foi da apresentação do grupo de pagode. O grupo se formou aqui, uns foram descobrindo os outros”, diz o estudante, elegendo o grupo Papo de Samba como revelação da Semana.
E na sua escola, existe alguma programação do dia da Consciência Negra? Conte para a gente!
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Cara equipe do
Cara equipe do EMdiálogo,
Como coordenadora pedagógica do Colégio Estadual Prof. Sousa da Silveira fico muito feliz em ver a matéria, principalmente, porque observo que nossa proposta pedagógica o PROGRAMA DE REFLEXÕES E DEBATES PARA A CONSCÊNCIA NEGRA (PRDCN) está de fato provocando atitudes reflexivas e críticas sobre a História Africana e Cultura Afro-brasileira. .
Agradeço aos nossos alunos e professores pelos talentos e conhecimentos demonstrados durante toda a nossa Semana de Educação para a Vida, e a estimada equipe do EMdiálogo pela cobertura jornalística.
Parabéns a todos e todas!!!!!!