Charles desafiou o mundo

Aos 16 anos Charles começou a trabalhar como jovem aprendiz de seu pai, que era médico. Enviado à faculdade de Medicina, notou que não queria viver daquilo. Charles achava que fazer cirurgias era brutal demais.

Parou então de se dedicar à Medicina e, por obrigação de seu pai, entrou para a universidade com a ideia de tornar-se um clérigo da Igreja. 

Naquela época, década de 1820, os clérigos tinham, entre suas obrigações, os estudos naturalistas, para que pudessem “explorar as maravilhas da criação de Deus”. O inquieto Charles apaixonou-se por estudar a natureza e mudou outra vez o rumo de seus estudos. Foi cursar História Natural.

Seu bom rendimento na faculdade fez com que, aos 22 anos, fosse chamado por um professor para trabalhar numa expedição mapeando a costa da América do Sul. Sua função era descrever a natureza dos locais pelos quais passasse a bordo de um navio.

 A viagem durou cinco anos e Charles anotava tudo o que via. Porém, apenas descrever era pouco para ele. O mundo passava por enormes mudanças e o rapaz tinha grande curiosidade. Charles não concordava com tudo o que via e tinha vontade de dizer isso ao mundo.

Mais tarde seu diário de bordo tornou-se um dos livros mais importantes para os naturalistas e historiadores do mundo inteiro: A viagem do Beagle.

Anos depois, Charles Darwin escreveu outro livro, chamado "A Origem das espécies", que revolucionou as ciências em todo o mundo. O Livro "A Origem das espécies” completa 150 anos em 2009 e seu criador completaria 200 anos de vida.

Mas o que o tal Darwin fez?

Charles Darwin formulou a Teoria da Evolução, que prega que todos os seres vivos têm um ancestral em comum. O cientista formulou essa teoria a partir de suas pesquisas, realizadas em grande parte durante sua viagem a bordo do Beagle. Ao comparar espécies que viviam em diferentes regiões, Darwin notou diversas semelhanças e formulou o seguinte raciocínio:

Os organismos vivos têm grande capacidade de reprodução, no entanto, poucos chegam à idade reprodutiva, uma vez que a quantidade de alimentos existente no ambiente é limitada. Isso ocorre porque os seres que têm as mesmas necessidades competem. Logo, só chegará à idade reprodutiva aquele que conseguir se adaptar melhor ao ambiente em que vive.

 Algumas variações hereditárias (como altura, cor, formato de bico) são mais favoráveis do que outras num certo ambiente. Assim alguns organismos têm maiores probabilidade de sobrevivência e de reprodução, logo, transmitirão suas características a seus descendentes. Assim, cada geração ficará sucessivamente mais adaptada às condições do meio ambiente.

Trabalhando sobre essa hipótese, Charles Darwin chegou à conclusão que todos os seres vivos vieram de um mesmo ancestral comum, se desenvolvendo de formas diferentes de acordo com o ambiente em que viviam e das condições às quais estavam submetidos.

 A historiadora Martha Abreu, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), conta que a teoria de Darwin contestou todas as teorias sobre o surgimento da vida na Terra e abalou fortemente a sociedade. "Isso abalou a Igreja Católica e o pensamento daqueles que achavam natural a diferença entre os homens, pensamento comum em uma sociedade escravista", conta a professora.

O avô e o pai do pesquisador já eram notados na sociedade por serem contra o sistema escravocrata. Com sua teoria, hoje em dia a mais aceita pela ciência, Darwin desafiou a ideia vigente na sociedade de que uma raça era superior a outra. E também a ideia de que um ser superior – no caso Deus – havia criado todo o universo com as características de hoje, teoria chamada de criacionismo. "Até então havia as ideias de que a raça negra havia surgido diferentemente da raça branca e diferente da amarela, ou então o criacionismo", destacou Martha Abreu. 

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