Pai vai processar professora que expôs aluna na web

  A professora de história de uma escola particular de Atibaia, a 67 km de São Paulo, postou em sua página na rede social Facebook a prova de uma aluna de 12 anos com correções e comentários. Nas respostas erradas, grafadas com um grande "x", a professora escreveu: "Para de copiar as perguntas como se fosse resposta! Eu escrevi isso, você não vai me convencer!" Apontando respostas erradas também de outros alunos, a educadora fez comentários como "daí a professora é implicante" e "eles que me aguardem na próxima aula". O nome da aluna não foi mostrado, mas colegas da menina reconheceram sua letra. O pai, o empresário Alex Bueno, decidiu processar a professora.

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A prova da estudante com as correções e comentários da professora foi postada na quarta-feira, antes mesmo de ter sido entregue aos alunos. No dia seguinte, diante dos comentários na escola, a professora modificou a página, mas os pais já tinham tido acesso ao conteúdo. Nesta sexta-feira, 12, o empresário registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia da cidade denunciando a professora por suposta infração ao artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Bueno pretende mover uma ação judicial contra a docente. À polícia, ele disse que a filha ficou muito constrangida com uma exposição que o pai considerou desnecessária e inadequada. Segundo o empresário, os assuntos da escola devem ser resolvidos com a própria aluna ou com seus pais.
De acordo com o empresário, ele optou por uma escola particular para a filha para que ela tivesse um estudo diferenciado. Segundo o pai, o desempenho escolar da garota está dentro do esperado e ela não havia tido, anteriormente, qualquer tipo de problema na escola. A Polícia Civil vai ouvir a professora. O artigo do ECA prevê pena de seis meses a dois anos de detenção a quem "submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou constrangimento". A docente, identificada pela Polícia Civil como Beatriz Cristina Albertini, não atendeu a reportagem.
O autor da denúncia informou que a escola tomou providências em relação à professora determinando que se retratasse publicamente na rede social. Após tirar a publicação da página, a professora afirmou que não teve a intenção de constranger a aluna, até porque não identificou a autoria da prova. Ela disse que a publicação de "pérolas" - erros grosseiros - dos alunos é comum até mesmo em sites oficiais e servem para avaliar o nível de ensino. De acordo com a polícia, Beatriz será ouvida e só após seu depoimento será decidido se haverá abertura de inquérito.
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imagem de MARIA CRISTINA TAFAKGI

  A reportagem revela a

  A reportagem revela a importancia da responsabilidade e mesmo  cuidado com o que podemos postar nas redes sociais, principalmente no que diz respeito à relação professor-aluno. Os limites são mais restritivos, já que as redes tornam público, além da sala de aula. qualquer "bronca" ou brincadeira, que um professor talvez  fizesse normalmente na sala de aula. Pra que expor? pra alcançar melhor  os alunos/? não seria melhor conversar com eles diretamente? são questões para refletir neste novo contexto.

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imagem de Paulo Carrano

A professora que expôs a aluna na rede

Crisitna, concordo com você. Temos que aproveitar esses casos de desencontros no relacionamento entre professores e estudantes para reflexão. Penso que a professora foi infeliz ao expor o trabalho de sua sua aluna nas redes sociais. Como vimos, mesmo sem o nome o trabalho foi identificado. Teria sido infeliz também se fizesse somente na sala de aula. A conduta ética não pode ter botão com a opção "on line" e "off line". Este mundo das redes sociais é um mundo novo que chegou sem manual de instrução. Sou de opinião, contudo, que os bons modos e o bom senso offline, se utilizados, servem de boa ferramenta de navegação nesses novos mares das redes.

Não condeno a atitude do pai que denunciou a professora. Ele está no seu direito e dever de proteger a integridade moral da filha. Mas, o que me chama a atenção é como os conflitos escolares estão deixando de ser resolvidos "em casa", na própria escola,  e estão ganhando as barras dos tribunais e os balcões das delegacia de polícia. O que está ocorrendo? A escola não está conseguindo mais gestar espaços e tempos de escuta, mediação de conflitos e até punição, dentro dos limites democráticos? Estamos a caminho da judicialização das relações sociais escolares, tal como já acontece com os movimentos sociais? Preocupante! 

Sigamos conversando!

Abraços!

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