A escola dos meus sonhos - emancipação e felicidade.

Tudo e mais um pouco se falou e irá se falar sobre educação. Não é suficiente o tempo de uma vida inteira para saber tudo o que é possível propor em torno de educação e escola. O fato é que, nesta matéria, jamais deveria ser permitido se prescindir de um ou dois preceitos fundamentais: que a escola deveria ser um lugar para a emancipação do indivíduo e para a construção da sua felicidade, o que, raramente, o indivíduo consegue descobrir o que é. Imagine que hoje não se pudesse mais pensar, falar e construir escolas sem a obediência a estas duas necessidades ontológicas, indissociáveis: ser uma pessoa emancipada e feliz. Ora, não é preciso ler o excepcional texto de Jacques Rancière, “O mestre ignorante”, para se descobrir a grandeza do conceito de emancipação. Basta, num primeiro momento, irmos a um bom dicionário. Lá diz: emancipar-se é “eximir-se do pátrio poder”. Pátrio, por conseguinte, é relativo aos pais e à pátria. Mas podemos seguir na lista dizendo que pátrio diz da figura do professor, assim como da figura da lei, da ordem, da norma, da justiça, da autoridade. O sujeito não é emancipado enquanto está sob uma destas tutelas. Significando tutela uma proteção de que goza o indivíduo em razão da sua fragilidade. Assim, o encargo que lhe recai, como tutelado, é o de ser representado na vida civil, uma silenciosa dependência que lhe torna tanto melhor quanto mais obediente for aos signos pátrios acima mencionados. A tutela é uma sujeição vexatória (está lá no dicionário). Por quê? É vexatória porque tal subordinação é sempre “imposta por alguém ou algo mais poderoso” (HOUAISS). Ora, não se precisa fazer um tratado sobre emancipação para ver que este conceito - eu diria, estado de ser no mundo - não goza do espaço privilegiado que lhe seria de direito, sobretudo, no lugar chamado escola. Aproveitando a matéria que nossa colega Márcia postou aqui no portal - “A escola dos meus sonhos” -, eu diria que a escola dos meus sonhos seria aquela que jamais desrespeitasse estes dois princípios básicos: a emancipação e a felicidade. Não desejo ser dispendioso nesta dissertação, me estendo em parágrafos e mais parágrafos. Minha proposição deve estar assim mesmo, compactada, oferecendo alguns elementos chaves à sua reflexão, leitor.
Para concluir, eu diria que, talvez, como sociedade, não sejamos capazes de conceber o projeto de educação e escola como realização do princípio da emancipação e da felicidade, porque não desatrelamos o projeto da (in)gerência do Estado e suas motivações, que, por incrível que pareça, não resolvem nem o problema do próprio Estado e muito menos da integridade do indivíduo.

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imagem de Elisabete Trentin

A escola dos meus sonhos...

Muita boa essa reflexão proposta pelo colega Luis Valério, uma vez que todos nós, educadores e usuários da Escola como agente formador de nossos filhos, deveríamos acompanhar com frequência "seus serviços prestados". Penso que se conseguíssemos resolver o problema da in(gerência) das redes estaduais e municipais de educação em nosso país, ainda assim não teríamos certeza de alcançar os grandes objetivos da Escola: emancipar cada aluno e torná-lo uma pessoa feliz. Pelo simples fato de que isso é um processo complexo, que depende também da escola, mas sobretudo dos pais, dos investimentos e do tempo dedicado em toda a educação básica do indivíduo. Se não bastasse isso, ainda depende da sociedade que acolhe esse aluno enquanto ele está se descobrindo como adolescente e posteriormente como ingressante no mercado de trabalho. Um sujeito só se sentirá emancipado, independente da idade que tenha, quando tiver superado todas as dificuldades encontradas em seu caminho (que não são poucas), e nisso a escola tem muito a contribuir... mas não é a única! Cada um que faça a sua parte bem feita, para que auxiliemos todos a encontrar o seu caminho para a felicidade. 

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