Criolo - versão Cálice / Chico Buarque - homenagem ao Criolo

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Cálice Chico Buarque

CáliceChico Buarque

Pai! Afasta de mim esse cálicePai! Afasta de mim esse cálicePai! Afasta de mim esse cáliceDe vinho tinto de sangue

Pai! Afasta de mim esse cálicePai! Afasta de mim esse cálicePai! Afasta de mim esse cáliceDe vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amargaTragar a dor e engolir a labuta?Mesmo calada a boca resta o peitoSilêncio na cidade não se escutaDe que me vale ser filho da santa?Melhor seria ser filho da outraOutra realidade menos mortaTanta mentira, tanta força bruta

Pai! Afasta de mim esse cálicePai! Afasta de mim esse cálicePai! Afasta de mim esse cáliceDe vinho tinto de sangue

Como é difícil acordar caladoSe na calada da noite eu me danoQuero lançar um grito desumanoQue é uma maneira de ser escutadoEsse silêncio todo me atordoaAtordoado eu permaneço atentoNa arquibancada, prá a qualquer momentoVer emergir o monstro da lagoa

Pai! Afasta de mim esse cálicePai! Afasta de mim esse cálicePai! Afasta de mim esse cáliceDe vinho tinto de sangue

De muito gorda a porca já não anda (Cálice!)De muito usada a faca já não cortaComo é difícil, Pai, abrir a porta (Cálice!)Essa palavra presa na gargantaEsse pileque homérico no mundoDe que adianta ter boa vontade?Mesmo calado o peito resta a cucaDos bêbados do centro da cidade

Pai! Afasta de mim esse cálicePai! Afasta de mim esse cálicePai! Afasta de mim esse cáliceDe vinho tinto de sangue

Talvez o mundo não seja pequeno (Cale-se!)Nem seja a vida um fato consumado (Cale-se!)Quero inventar o meu próprio pecado (Cale-se!)Quero morrer do meu próprio veneno (Pai! Cale-se!)Quero perder de vez tua cabeça! (Cale-se!)Minha cabeça perder teu juízo. (Cale-se!)Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cale-se!)Me embriagar até que alguém me esqueça (Cale-se!)

 

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