O processo pedagógico teve início em agosto de 2012 com duração de um ano
Quarenta alunos do ensino médio da Escola Estadual Hermes de Alcântara, da cidade de Santo Antônio do Leverger, participam do projeto pedagógico inédito em Mato Grosso, “Iniciação Científica para Alunos do Ensino Médio”, empregando metodologia interdisciplinar.
No contra-turno escolar, três vezes por semana, os estudantes participam de grupos de iniciação à pesquisa nas linhas: ciências da natureza e matemática, ciências humanas, linguagens e códigos.
O processo pedagógico teve início em agosto de 2012 com duração de um ano. Será feita a apresentação dos resultados a uma banca examinadora e conclusão mediante a publicação de artigo científico em revista de circulação nacional e na participação de congressos nacionais.
A atividade pedagógica nasceu de uma proposta defendida pelo professor doutor em física biológica, Dorílson Silva Cambuí, que reforça: “o aluno precisa aprender a construir o conhecimento”. Ele pontua que há uma latente desvinculação entre atividade científica/tecnológica e a vida cotidiana do aluno.
Para oportunizar o conhecimento e incentivar talentos, a proposta se fortaleceu e conta com a adesão de mais nove professores colaboradores (oito especialistas e um mestre) que estendem suas atividades laborais em mais quatro horas semanais para o exclusivo acompanhamento dos projetos de pesquisa da turma.
Seleção
Dos 350 estudantes do Ensino Médio matriculados em período diurno na unidade escolar, 130 inscreveram-se para participar da proposta. Em razão do elevado número de inscritos foram adotados critérios para a seleção pela equipe pedagógica participante do projeto. Critérios como o desempenho escolar, a participação nas aulas, o comprometimento e responsabilidade foram avaliados.
Sobre o projeto, diretora da unidade, Daniela Souza Neves, cita que apesar do pouco tempo de implementação, é perceptível que os estudantes não selecionados ficaram mais atentos ao processo de iniciação científica. “No geral, até o comportamento dos que não estão inseridos no projeto apresenta melhora e o interesse vem crescendo”.
Espaços de pesquisas
O laboratório de vídeo e de informática dotado de 20 máquinas são os dois espaços físicos mais usados para o processo de pesquisa no ambiente escolar. No campo virtual, os quarenta participantes do projeto podem acessar um fórum de discussões grátis de iniciação científica para o ensino médio, que facilita a interação entre os envolvidos.
No campo prático, por exemplo, os estudantes do 2º ano do Ensino Médio, pesquisam bioindicadores (animais invertebrados que empregados para avaliar áreas degradadas). “Já identificamos três áreas de pesquisas, um que é usado para a pesca do caranguejo batizado como ‘Buracão’, as margens do rio Cuiabá, e o Barranco Alto. Queremos traçar um comparativo entre as espécies que irão aparecer em cada um”, explica a professora e mestre em Biologia, Nelsina Gonçalves Costa.
Depoimentos
Apesar de a proposta ser recente, para a estudantes Ieza Thalia Oliveira ela funciona como um importante aditivo. “A curiosidade é intensa. Temos acesso a muitas informações”, brinca a jovem de 16 anos que estuda pelo primeiro ano na unidade.
“Antes de participar do projeto eu não compreendia e não procurava conhecer. Hoje, percebo que nada é isolado. Tudo o que estamos fazendo aqui servirá para nosso currículo”, conta Igrayne Yanca, de 16 anos. Ela desenvolve um projeto de pesquisa na área de física biológica.
Incentivo
“Os ganhos do desenvolvimento da atividade é de todos da comunidade”, Essa é a avaliação da secretaria adjunta de Políticas Educacionais da Secretaria de Estado de Educação, Fátima Resende. Para ela, o projeto ainda é um grande incentivo à valorização da cultura regional e do protagonismo juvenil. ‘Alguns dos projetos de pesquisa terão temas locais, em um ato de valorização, de incentivo. A devolutiva dos trabalhos abarca a todos”. Ela finaliza pontuando que o trabalho em equipe, professores, direção, assessoria pedagógica, Seduc, possibilitam a implementação de ferramentas para potencializar o Ensino Médio. “De fato, estamos diante de uma questão inédita e muito propositiva”.
Comments
Iniciação Científica no Ensino Médio
Muito boa essa iniciativa, demonstra que o aluno tem um espaço além da sala de aula para ser protagonista de seu estudo. Um ponto muito positivo é convidá-lo como vonluntário, tanto na participação quanto na escolha do que pretende pesquisar. Os próprios alunos discutem o que será relevante naquela localidade, e podem até contribuir com ações concretas para melhorias em seu município. Além do conhecimento pessoal que proporcionam, os projetos de iniciação científica ajudam a elevar a auto estima dos alunos, o que vem a ser algo muito importante nesta fase da vida!