Lembre-se de olhar para o céu.


                                                       

 Desde a antiguidade, os fenômenos que ocorrem no céu fascinam a humanidade, seja pela beleza ou pelo mistério. Atualmente, a maioria deles já é compreendida por especialistas como astrofísicos e meteorologistas. É possível, por exemplo, saber por que temos dificuldade para enxergar todas as cores do arco-íris ou se podemos ver estrelas que na verdade já estão mortas. A seguir, confira a explicação para oito desses fenômenos celestes.

Podemos prever a chuva olhando para as nuvens?

Ao olhar para as nuvens, não podemos ter certeza se vai chover ou não. Mas existem tipos de nuvens que podem indicar situações com probabilidade de chuva. "As nuvens de final de tarde, mais carregadas, geralmente precedem precipitações e rajadas de vento. De uma forma geral, as nuvens que provocam tempestades são do tipo cumulonimbus, formadas quando há muita instabilidade atmosférica e que podem aparecer sozinhas, em aglomerados ou associadas a frentes frias", explica o meteorologista José Felipe Farias, do Cptec/Inpe.

Além das nuvens, outros eventos podem ser um indicativo de chuva. "Situações de frente fria, de grande instabilidade, também podem anteceder vendavais e chuvas que provocam temporais", exemplifica Farias.
 

 

Por que o céu fica rosa no fim da tarde?

 

 

 

 

 

          Quando pensamos na cor do céu, temos que levar em conta uma das características da luz: o comprimento de onda. A luz azul, por exemplo, tem um comprimento de onda menor do que a vermelha. "A cor azul do céu na Terra se origina de uma interação da luz do sol com as moléculas que compõem a atmosfera, chamada de espalhamento Rayleigh, em que a luz do Sol incide nas moléculas da atmosfera e é 'refletida' em todas as direções", explica Claudia Rodrigues, pesquisadora de astrofísica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Como a luz azul interage mais com as moléculas da atmosfera, ela se espalha mais do que a vermelha. Entretanto, durante o entardecer, o Sol fica mais perto do horizonte, e a luz tem de atravessar uma camada maior, fazendo com que ele espalhe e perca a cor azul, tornando-se avermelhado. "Quando esse sol avermelhado ilumina diretamente nuvens, podemos vê-las rosadas. Além disso, o sol avermelhado também pode iluminar a própria atmosfera, depois que ele se põe, e vemos o céu levemente rosa", esclarece Claudia. Mas o tom avermelhado também pode ter relação com a poluição. "Independente da hora do dia, se houver muita partícula em suspensão, muita poeira, podemos ver uma faixa próxima ao horizonte rosa alaranjado, por causa da poluição", diz a pesquisadora do Inpe.
 

As auroras ocorrem apenas da Terra?

Não, as auroras boreal e austral também podem ocorrer em outros planetas. Para isso, é necessária a existência de atmosfera e campo magnético. "Durante o fenômeno, partículas carregadas, especialmente prótons e elétrons, entram no campo magnético, ionizando a atmosfera e produzindo uma coloração esverdeada ou arroxeada, dependendo 

dos gases ionizados. O fenômeno já foi detectado em outros planetas, como Júpiter", explica Carlos Alexandre Wuensche, pesquisador da divisão de astrofísica do Inpe.
Além de ocorrer em outros planetas, a aurora boreal também pode apresentar diferentes cores. "Dependendo da época do ano e da composição química do planeta, a coloração produzida é diferente. Na Terra, observamos principalmente as tonalidades esverdeada e arroxeada, devido, respectivamente, à presença de oxigênio e nitrogênio na atmosfera", destaca Wuensche.
 

É verdade que enxergamos estrelas já mortas?
Como a luz de uma estrela demora para chegar à Terra, podemos ter a impressão de enxergar uma estrela que não existe mais. "O tempo que a luz demora para chegar depende da velocidade da luz e da distância da estrela. Se uma estrela estiver muito, mas muito longe, a gente pode estar vendo uma estrela que não brilha mais", afirma Claudia Rodrigues, pesquisadora de astrofísica do Inpe.
Entretanto, a maioria das estrelas que enxergamos possivelmente está "viva" quando as percebemos no céu. "Elas estão relativamente próximas e o tempo que a luz leva para chegar até nós é muito menor que o tempo de vida da estrela", destaca Claudia.
 

 

O que é a tempestade de Catatumbo?
É uma tempestade de raios que ocorre no Lago Maracaibo, em uma região próxima ao rio Catatumbo, na Venezuela, conhecida pela sua longa duração, podendo durar várias horas. "Ela ocorre com uma frequência muito alta durante o ano, a maior da América do Sul, daí o fato de ser tão conhecida. Fora isso, porém, não existem diferenças significativas em relação às outras tempestades", afirma Osmar Pinto Junior, pesquisador e coordenador do grupo de eletricidade atmosférica (Elat), do Inpe
Além da tempestade de Catatumbo, o pesquisador Marcelo Saba, também do instituto, destaca outro fenômeno envolvendo descargas elétricas: os raios ascendentes. "Ao contrário dos descendentes, os raios ascendentes iniciam-se no topo de estruturas altas e se propagam em direção às nuvens", explica. Ao longo do tempo, para-raios acumulam muita carga elétrica, causando descarga de baixo para cima.
 

É verdade que só vemos cinco das sete cores do arco-íris?

"Existe um ângulo, cerca de 40 graus, no qual a intensidade refletida da luz é maior, e é mais favorável para ver a decomposição da luz solar e das cores do arco-íris. O arco-íris não aparece numa única posição no céu - sua visualização depende da nossa posição e também da posição do sol. Embora todas as gotas de água reflitam a luz solar, nem todas vão chegar até os nossos olhos, e a luz que chega é que constitui a 'nossa percepção do arco-íris'. A percepção das cores também é variável, uma vez que não existe uma separação real entre elas", explica Carlos Alexandre Wuensche, do Inpe.
Por serem mais intensos, azul, violeta, vermelho, amarelo e verde são mais fáceis de enxergar em um arco-íris, enquanto o laranja e o roxo "não tem uma intensidade muito clara e nem sempre são nítidos", ressalta Wuensche.
 

O que são as nuvens mammatus?
Também conhecidas como mammatus cumulus, essas nuvens têm esse nome em função de seu formato, que lembram mamas. "Esse termo é aplicado ao padrão de bolsas que se formam na base de uma nuvem", explica o meteorologista José Felipe Farias, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto. Formações raras, as mammatus já ocorreram em lugares como o Estado americano de Minessota, em 2005, e podem ser um sinal de que uma tempestade se aproxima.
"As nuvens mammatus estão muitas vezes associadas às cumulonimbus, as nuvens de tempestade, indicando, nesse caso, um tempo mais severo. Por outro lado, quando estão sozinhas, podem indicar uma tempestade que está perdendo força", diz Farias.
 

 

Por que o tamanho aparente da Lua é maior que o de Vênus, se o planeta é maior que o satélite?

Como Vênus está muito mais distante da Terra do que a Lua (cerca de 41 milhões de km, contra 380 mil km do satélite), nas raras ocasiões em que o eclipse de Vênus ocorre - o último foi em 6 de junho deste ano e o próximo é daqui a 243 anos - o planeta parece ser muito menor do que a Lua. Isso ocorre mesmo com o diâmetro do planeta sendo similar ao da Terra e cerca de quatro vezes maior que o da Lua.
"Mesmo a Lua sendo bem menor, devido à distância da Terra, ela aparece muito maior no céu. Vênus é praticamente um ponto, embora bastante luminoso, e pode ser coberto com a ponta de uma caneta, por exemplo. No entanto, para cobrir a Lua, é necessário algo bem maior, como nosso dedo polegar", compara Carlos Alexandre Wuensche, pesquisador da divisão de astrofísica do Inpe. Ao olharmos no céu, o diâmetro aparente de Vênus é cerca de 30 vezes menor que o da Lua cheia.