Foi realizado na última sexta-feira (30), no CEU Feitiço da Vila, o primeiro encontro do projeto Conversa de Escola, que pretende promover rodas de conversa sobre cidadania e acesso ao ensino superior com jovens do ensino médio da Escola Estadual Joiti Hirata, no bairro do Valo Velho, zona sul de São Paulo.
De acordo com a idealizadora do projeto, a professora de história Patrícia Cerqueira dos Santos, o objetivo do primeiro encontro foi mostrar possibilidades de acesso ao ensino superior e técnico aos alunos do 2º e 3º, que participaram da conversa. Para isso, estavam presentes Jefferson, do Movimento dos Sem Universidade, que tratou da questão dos cursinhos populares; a coordenadora do colégio, Laura Alvarenga, que abordou a temática do ensino técnico; Juninho, do Círculo Palmarino, para falar de organização da Juventude para as transformações sociais; um representante da Educafro; e Raquel Souza, coordenadora do programa Jovens Agentes pelo Direito à Educação, da Ação Educativa, que tratou das possibilidades de acesso ao ensino superior.
A avaliação de Patrícia é que a conversa foi importante principalmente por servir como incentivo e por mostrar possibilidades. “Eles [os jovens] ficaram pensando, estão fazendo planos já. Muitos que não tinham nem ideia das possibilidades ficaram muito interessados. Percebo que muitos destes jovens não têm esse tipo de perspectiva da família e, por isso, é muito importante que a própria escola aborde essas possibilidades”, diz.
Para conhecer outras possibilidades educacionais e profissionais, os jovens da Escola Estadual Joiti Hirata terão ainda mais três encontros ao longo do ano. A perspectiva é que o próximo seja no fim de maio, devido à proximidade das inscrições do Exame Nacional do Ensino Médio e diversas feiras de profissões que ocorrem nesta época.
O projeto
Segundo Patrícia, o projeto Conversa de Escola surgiu a partir de uma iniciativa da direção. “No começo do ano, a coordenadora [Laura Alvarenga] e a diretora [Roseli Santos Gomes] solicitam que os professores façam um projeto de trabalho que vá além de suas atividades comuns em sala de aula. A temática é bem livre e o projeto pode atingir só sua série de coordenação ou outras séries em conjunto.” Mas também de uma demanda dos próprios alunos: “a temática surgiu de um levantamento, de uma conversa que tive com eles, perguntando o que eles fariam da vida quando terminassem o ensino médio. Nesta época, os jovens já estão numa fase conclusiva do ensino médio e ficam um pouco sem direção, sem perspectiva do que fazer”, explica.
Para Patrícia, este problema é fruto da própria estrutura do ensino médio no Brasil e, principalmente, das desigualdades do sistema de ensino do país. “O ensino médio no Brasil, na minha opinião, ainda é algo pouco definido. O jovem não sabe bem o que vai fazer e nessa fase as dúvidas são inúmeras, sobretudo para o aluno de escola pública. Há a necessidade de que o aluno possa sair da escola pública e ir para a escola pública. 80% sai da rede pública e vai para a faculdade privada. O jovem da rede pública pode optar ir para a rede particular, mas ele tem que conhecer as outras possibilidades”, defende.
Por isso, explica Patrícia, o objetivo do Conversas de Escola é, a curto prazo, trazer informação sobre os caminhos e possibilidades de acesso ao ensino superior e ao mercado de trabalho e, a longo prazo, levar o maior número possível de aluno da escola a buscar o vestibular e a lutar por acesso a universidade de qualidade para alunos da rede pública de ensino.