Já olhou para o céu hoje?
Astronomia revela surpresas incríveis e tem mais a ver com o nosso cotidiano do que a gente imagina.
Você sabe o que é uma “Caixinha de jóias”?
Aquela que fica em cima da escrivaninha e que pode até ter uma miniatura de bailarina em cima? Se você pensou neste objeto você está certo, também se trata de um porta jóias, mas estamos falando de outra caixinha, uma que fica no céu.
“Caixinha de jóias” é um aglomerado de estrelas, algumas antigas e outras mais novas. Essa diferenciação de idade faz com que elas tenham cores diferentes. No meio da “caixinha” ou conglomerado é possível ver uma estrela vermelha, que parece um rubi, por isso, o nome: caixinha de jóias. Quem apresentou essa beleza do céu foi o astrônomo Jayme Rocha, do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), localizado na cidade do Rio de Janeiro. Em sua exposição diária que faz para os visitantes do museu, Jayme explica também que quanto mais massa tem uma estrela, mais quente ela é, e mais queima combustível. Essas estrelas quentes são as de cor azul.
O Ano de 2009 é dedicado à Astronomia. Estão programadas em todo o mundo várias atividades para popularizar a ciência. Na página eletrônica http://www.astronomia2009.org.br/ pode ser encontrado o calendário de eventos no Brasil.
“O homem olha para o céu e precisa lê-lo há muito tempo. Se os homens não tivessem conseguido ler o céu como calendário e correlacioná-lo ao clima e tempo, tão importantes para a agricultura, nós não estaríamos aqui. A astronomia tem um vinculo que é quase instintivo”, comenta o coordenador de educação em ciências do MAST, Douglas Falcão.
Apesar dessa proximidade grande entre a ciência e as atividades humanas, Douglas ressalta que a Astronomia ainda é muito pouco conhecida. “As pessoas têm uma visão muito positiva da Astronomia, embora não tenham a menor noção de como a Astronomia acontece”.
Quem olhou para o céu antes de você
O primeiro homem que usou uma luneta para observar o céu foi o italiano Galileu Galilei, em 1609. Apesar de não ter inventado o objeto, ele tomou conhecimento da existência deste por meio de cartas. Baseado nas correspondências que recebeu contando sobre a nova invenção, ele montou sua própria luneta e começou a observar os astros.
Foi Galileu também que adaptou um tripé à luneta, tendo assim as mãos livres para desenhar e anotar tudo aquilo que observava. O professor de Filosofia da UERJ, Antonio Augusto Passos Videira acaba de escrever um livro sobre a vida de Galileu, chamado Galileu e a Astronomia, que será lançado no segundo semestre deste ano. O professor contou em entrevista para o EMDiálogo que Galileu foi condenado ao banimento em 1633 pela Igreja Católica por contestar diversas teorias em que a ciência da época se baseava.
Para Videira, Galileu não foi condenado unicamente por afirmar que a Terra não era o centro do universo (teoria criada por Copérnico e que foi proibida de ser afirmada em 1616), mas também por ser muito polêmico e crítico em relação às crenças dos Jesuítas, que eram o “braço científico” da Igreja.
Uma das primeiras observações feitas por Galilei foi que a Lua era irregular. Até então as pessoas pensavam que a superfície da Lua era lisa. Com seu domínio da ciência e sua escrita muito agressiva, duas ou três semanas depois de terminar suas observações Galileu escreve um livro e fica famoso em toda a Europa.
Videira explica que, neste momento, a ascensão de Galileu no meio científico foi muito grande, pois ele conseguiu ser nomeado filósofo, uma posição, à época, mais importante do que a que ocupava, de matemático. Com suas anotações, desenhos e polêmicas Galileu entrou para a história, transformando o modo como enxergamos o céu.
Como observar o céu?
Para aumentar esse conhecimento sobre a ciência, o Mast organiza uma série de atividades para os visitantes. É possível fazer lá, por exemplo, a observação noturna do céu com a explicação de um astrônomo. Com telescópios ópticos se pode ver aglomerados de estrelas, planetas, a lua, entre outros astros. No museu há equipamentos modernos e antigos, como uma luneta alemã montada em 1905.
A observação noturna é realizada todas as quartas e sábados, de 17:30 às 20h. A entrada é gratuita. O Mast fica na Rua General Bruce, 586, no Bairro de São Cristóvão, Rio de Janeiro.
Acima das nuvens
Observar as estrelas é um hábito que fazemos vez ou outra, mas a compreensão dos corpos celestes é missão de um profissional específico: o astrônomo. Para se formar como astrônomo existem duas opções, a primeira é cursar uma graduação em Física, ofertada em várias universidades do país. A alternativa é a formação específica em Astronomia, ofertada desde 1958 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e desde 2009 pela Universidade de São Paulo (USP).
"As opções de trabalho são muito poucas, você pode entrar para universidades e trabalhar dando aulas e fazendo pesquisas, ou em lugares como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) ou o Observatório Nacional, que recebem astrônomos apenas para pesquisas", explica o astrônomo e professor da UFMG, Renato Las Casas.
Ele ressalta que é importante que os aspirantes à profissão continuem os estudos com mestrado e doutorado, seja em Física com ênfase em Astronomia, ou com formação específica. Vale lembrar que não se pode confundir Astronomia, que é a ciência que investiga os corpos celestes com a Astrologia, não reconhecida pela ciência, e que analisa a influência dos astros na vida cotidiana.
Apesar de existir formação específica, a Astronomia é uma ciência de fácil acesso para todos. "Uma criança pode entender muito de Astronomia, um pós-doutor, um pouco mais. Na Astronomia, você não precisa entrar nos detalhes matemáticos, nos detalhes que os cientistas entram para poder clarear as coisas", afirma Las Casas. Mas quem tem interesse em se tornar um pesquisador na área deve ter facilidade em Física e Matemática, bem como interesse por pesquisa e produção de conhecimento sobre o que acontece acima das nuvens.
Cursos de Astronomia
Local: Universidade Federal do Rio de Janeiro
Duração: 4 anos
Vagas: 30
Local: Universidade de São Paulo
Duração: 4 anos
Vagas: 15
Pesquise no site do MEC o curso de Física mais perto de você: http://www.educacaosuperior.inep.gov.br/funcional/busca_curso.stm
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