REFLEXÃO E AÇÃO PÁG 41. CADERNO III

PILHAS E BATERIAS: DESCARTE E COLETA NO BAIRRO DE SÃO CRISTÓVÃO

Elineide Clímaco Duarte Araújo (elineided@yahoo.com.br)
Maria José Pereira (mjpl@ig.com.br)
Pacto pelo Fortalecimento do EM – Orientador(a): Rosângela Cruz

RESUMO

É impossível conceber a vida cotidiana sem a utilização de todos os aparatos eletrônicos que existem na sociedade contemporânea. Entretanto, isto implica em fazermos o uso de pilhas e baterias, que permitem que estes aparelhos possam ser levados a qualquer lugar, mesmo aqueles que não dispõem de energia elétrica. Assim, o Brasil comercializa por ano cerca de 1,2 bilhões de pilhas e 400 milhões de celulares, o que torna estes pequenos artifícios em um grande problema ambiental e de saúde pública. Isto porque metais pesados como: o chumbo, mercúrio, manganês e cádmio, estão presentes na composição dos mesmos e se o descarte e a coleta não são realizados adequadamente, corre-se sério risco de haver contaminação do solo, lençóis freáticos e de pessoas. Apesar da legislação brasileira, desde 1999, prever que os fabricantes informem em usas embalagens o modo correto para o descarte e a reciclagem de pilhas e baterias Todavia, observa-se que, em geral, é difícil encontrar um posto de coleta de pilhas e baterias, mesmo em supermercados e postos de vendas deste, levando o consumidor a descartá-las nos lixos comuns. O objetivo deste trabalho consiste em investigar, informar e orientar o descarte e a coleta de pilhas e baterias, entre a comunidade da unidade escolar e região de entorno. Para tanto, será criado um coletor com material reciclável e instituído um ponto de coleta na unidade escolar. Será elaborado um folder para informar sobre: peculiaridades das pilhas/baterias, seus perigos para saúde e como descartá-las de um modo ecologicamente correto.

Palavras-chave: Pilhas e baterias. Coletor seletivo. Material reciclável.

1 INTRODUÇÃO

O bairro São Cristovão está situado na periferia de Salvador/BA. Este é caracterizado como um bairro residencial que vem se expandindo diariamente, e já conta com muitos pontos com infraestrutura razoável, apesar de continuar a ser um bairro de pequeno porte e de importância econômica mediana, pois sua ampla atividade comercial é desenvolvida por pequenos e microempresários, ambulantes e feirantes. Este cenário se transformou um pouco com a instalação de um shopping e uma rede de supermercado de grande porte, e com a instalação de algumas redes hoteleiras no entorno do bairro, devido o advento da Copa do Mundo - FIFA 2014.
São Cristóvão possui localização privilegiada por está próximo ao aeroporto internacional, ter acesso a Avenida Luiz Viana (Paralela), proximidade com os bairros de Itapuã e Stella Mares, que possuem praias, fazer divisa com o município de Lauro de Freitas e ter acesso a estrada Cia - Aeroporto, que liga aos municípios de Simões Filho, Camaçarí e Dias D’Ávila. Contudo, o bairro é subdividido em comunidades nas quais nem todas dispõem de infraestrutura e saneamento básico adequado. Há locais em que a rede de esgoto escorre a céu aberto, espalhando mau cheiro e gerando contaminação por agentes químicos e biológicos aos moradores da vizinhança. Em outras localidades, a água utilizada para consumo humano advém de cisternas e poços cartesianos, que se não forem devidamente construídos, podem ser contaminados pelas águas da chuva, o que acarreta na disseminação de doenças na comunidade.
Apesar da dimensão populacional e comercial do bairro foi observado que dentre os estabelecimentos comerciais, que costumam vender dispositivos como: pilhas e baterias, não havia nem um tipo de coletor ou cartaz fazendo referência ao modo de descarte ecologicamente correto das pilhas e baterias. Fato que pode induzir as pessoas da comunidade a descartá-las em locais inapropriados, como no lixo doméstico ou na rua, o que pode causar contaminação por metais pesados, com o auxÍlio das águas da chuva.
Surge assim, a questão de pesquisa: Como as pessoas costumam descartar pilhas e baterias no bairro de São Cristóvão, visto que, não existem lugares específicos no comércio local? Deste modo, nosso objetivo geral será: propiciar um espaço pedagógico para a construção da educação científica e promoção do desenvolvimento sustentável, pelo acesso a informação, a pesquisa e protagonismo juvenil, como meio de investigar, informar e orientar o descarte e a coleta de pilhas e baterias, entre a comunidade da unidade escolar 15 de Novembro e região de entorno.

2 DESCARTE E COLETA DE PILHAS E BATERIAS

É impossível conceber a vida cotidiana sem a utilização de todos os aparatos eletrônicos que existem na sociedade contemporânea. Dificilmente, você irá encontrar uma pessoa que não disponha de um aparelho de telefonia celular, pois na maioria das vezes um mesmo indivíduo possui 2 ou 3 aparelhos, mesmo com os novos modelos que permitem a utilização de vários chips, simultaneamente. Entretanto, isto implica em fazermos o uso de pilhas e baterias, que permitem que estes aparelhos se tornem móveis e possam ser levados a qualquer lugar, mesmo aqueles que não dispõem de energia elétrica.
Assim, de acordo com Fonseca (2010) o Brasil comercializa por ano cerca de 1,2 bilhões de pilhas e 400 milhões de celulares, o que torna estes pequenos artifícios em um grande problema ambiental e de saúde pública. Isto porque metais pesados como: o chumbo, mercúrio, manganês e cádmio, estão presentes na composição dos mesmos e se o descarte e a coleta não são realizados adequadamente, corre-se sério risco de haver contaminação do solo, lençóis freáticos e de pessoas (Imagem 1).
A legislação brasileira, desde 1999, prever que os fabricantes informem em usas embalagens o modo correto para o descarte e a reciclagem de pilhas e baterias, bem como que as mesmas devem ser coletadas, seletivamente, em postos de vendas e em fábricas, mas jamais em lixos comuns, como se lê abaixo:
Art. 3o Os estabelecimentos que comercializam os produtos descritos no art.1o, bem como a rede de assistência técnica autorizada pelos fabricantes e importadores desses produtos, ficam obrigados a aceitar dos usuários a devolução das unidades usadas, cujas características sejam similares àquelas comercializadas, com vistas aos procedimentos referidos no art. 1o.
Art. 8o Ficam proibidas as seguintes formas de destinação final de pilhas e baterias usadas de quaisquer tipos ou características:
I - lançamento "in natura" a céu aberto, tanto em áreas urbanas como rurais;
II - queima a céu aberto ou em recipientes, instalações ou equipamentos não adequados, conforme legislação vigente;
III - lançamento em corpos d'água, praias, manguezais, terrenos baldios, poços ou cacimbas, cavidades subterrâneas, em redes de drenagem de águas pluviais, esgotos, eletricidade ou telefone, mesmo que abandonadas, ou em áreas sujeitas à inundação.
(Resolução Nº 257, de 30 de junho de 1999. Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981 e Decreto no 99.274, de 6 de junho de 1990.)
Todavia, observa-se que, em geral, é difícil encontrar um posto de coleta de pilhas e baterias, mesmo em supermercados e postos de vendas deste.

Imagem 1: Problemas de saúde causados por metais pesados
Metal Pesado / Características
Problemas de Saúde Formas de
Contaminação
Mercúrio
Teratogênico;
Bioacumulativo. Efeitos danosos na pele e mucosas;
Náuseas violentas e vômitos;
Dor abdominal;
Diarreia com sangue;
Danos aos rins;
Morte. Absorção cutânea;

Inalação;

Ingestão.
Chumbo
Cancerígeno;
Mutagênico;
Bioacumulativo. Prejudicial ao cérebro e ao sistema nervoso;
Sistema circulatório (eleva a pressão arterial);
Anemia; Disfunção renal;
Perturbações nos sistemas digestório (cólicas saturninas) e genital
Absorção cutânea;

Inalação.

Cádmio
Cancerígeno;
Mutagênico;
Bioacumulativo. Disfunção renal;
Problemas pulmonares;
Altera as funções vitais;
Danos ao sistema genital. Absorção cutânea;

Inalação.
Manganês
Impede a absorção do ferro na produção de hemoglobina;
Irritabilidade e insônia;
Dores de cabeça;
Fraqueza nas pernas;
Afeta o sistema neurológico;
Gagueira irreversível.
Inalação.

Fonte: Elaboração baseada em Fonseca (2010, p.362)

Com certeza, nenhum de vocês já observou um coletor para baterias em uma loja de celulares ou em lojas de conveniência de posto de combustíveis, que geralmente vendem pilhas. Os postos de coletas se concentram em Shopping Center, que não são tão frequentados como uma mercearia local, padaria ou lojas de miudezas, presentes em todos os bairros. Este fato nos leva a supor que as pessoas descartam estes dispositivos no lixo doméstico, que muitas vezes é rasgado por cães abandonados e catadores de material reciclável fazendo com que pilhas e baterias acabem se deteriorando em ruas e vazem seu conteúdo interno tóxico, que são espalhados pelas chuvas e contaminam a região, colocando em perigo a saúde de todos.

3 METODOLOGIA

A unidade de ensino deverá ser desenvolvida com estudantes da turma de 2º ano do Ensino Médio, que compõem o turno vespertino da unidade escolar, em aulas das disciplinas de Química e Biologia numa perspectiva interdisciplinar e investigativa. Trata-se de uma atividade de pesquisa descritiva com o objetivo de descrever com precisão as características e dados associados ao descarte e coleta de pilhas e baterias no bairro de São Cristóvão. Quanto ao procedimento pode-se caracterizar a pesquisa como de campo, visto que, a partir da observação da comunidade procura-se entender comportamentos e costumes relacionados ao tema.
Para atingir tal feito primeiramente será realizado um levantamento bibliográfico acerca do que é desenvolvimento sustentável e o conceito de pilhas e baterias, bem como dos riscos que podem trazer a saúde. O próximo passo será a visitação e observação de locais comerciais que vendem os dispositivos elétricos de nosso interesse, e se estes possuem coletores específicos. Onde houver coletores será marcada uma entrevista com o gerente da loja para que possa explicar a importância do mesmo, e posteriormente será elaborado um vídeo sobre o assunto. Onde não houver coletores será elaborado um questionário e aplicado na comunidade e com os estudantes do colégio, para saber como é feito o descarte no bairro. Também será desenvolvido um coletor que possa ser utilizado como ponto de coleta na unidade escolar e um folder explicativo para a comunidade, como está descrito abaixo cada fase da pesquisa:

 1ª Fase: Pesquisar o conceito, a composição química, a diversidade, a importância comercial e a diferença entre pilhas e baterias;

 2ª Fase: Levantamento, atualização e análise bibliográfica referente ao tema Pilhas e Baterias x Desenvolvimento Sustentável, em periódicos, livros didáticos e fontes disponibilizadas na internet;

 3ª Fase: Definição dos objetivos da pesquisa e do plano de ação a seguir;

 4ª Fase: Visita a estabelecimentos comerciais no entorno da escola, que comercializam pilhas e baterias, e observação se existem coletores de pilhas e baterias nos locais (registrar);

 5ª Fase: Elaboração de questionário para pesquisar com é feito o descarte de pilhas e baterias pelos moradores de São Cristóvão e pelos estudantes da escola;

 6ª Fase: Coleta de informações sobre o descarte e coleta de pilhas e baterias na comunidade de São Cristóvão (questionário);

 7ª Fase: Análise dos dados coletados e divulgação através de tabelas e gráficos;

 8ª Fase: Produção de vídeos informativos a respeito das doenças causadas por contaminação de metais pesados, presentes em pilhas e baterias, formas de prevenção e tratamento;

 9ª Fase: Produção de cartazes informativos e folder, a fim de divulgar informações a respeito da importância do descarte e coleta de pilhas e baterias, na Feira de Ciências e Matemática/2015;

 10ª Fase: Desenvolvimento do protótipo de coletor de pilhas e baterias para ser instalado nas dependências da escola;

 11ª Fase: Elaboração de um Stand de divulgação, na Feira de Ciências e Matemática/2015;

 12ª Fase: Elaboração de relatório final do projeto.

Como recursos materiais para realizar a pesquisa seram utilizados: periódicos, livros didáticos, acervos disponíveis na internet, cartolina, papel ofício, tesoura, cola, pilhas usadas, garrafas PET, fita adesiva preta e TNT laranja.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Consideramos que nossa proposta de informar e orientar o descarte e a coleta de pilhas e baterias, entre a comunidade da unidade escolar e região de entorno é uma atividade que contempla a abordagem de currículo CTS – Ciência, Tecnologia e Sociedade, pois os estudantes são estimulados a investigar um problema sócio-ambiental existem em seu bairro residencial, o que caracteriza um estudo da realidade, contribuindo para a formação integral do estudante na perspectiva das DCNEM. E fomos além, quando propomos a criação de um coletor de pilhas e baterias e transformação da unidade escolar em um ponto de coleta para todos que ali entram, favorecendo a aplicação do conhecimento construído através da investigação e da vivência cotidiana.

5 REFERÊNCIAS

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CISCATO, Carlos Alberto Mattoso. PEREIRA, Luís Fernando. Planeta Química. Vol. único. São Paulo: Ática, 2008. pp. 447-488.

FELTRE, Ricardo. Química. 6. ed. Vol. 2. São Paulo: Moderna, 2004. pp. 282-364.

FONSECA, Martha Reis Marques da. Química: meio ambiente, cidadania, tecnologia. 1. ed. v.2. São Paulo: FTD, 2010. pp. 326-399.

GIRALDI, Renata. Norma para controle, uso e descarte de pilhas e baterias é fixada pelo IBAMA. 2012. Disponível em: http://memoria.ebc.com.br /agenciabrasil/noticia/2012-09-04/norma-para-controle-uso-e-descarte-depilhas -e-baterias-e-fixada-pelo-ibama. Acesso em: 28 Mar. 2014.

MORTIMER, Eduardo Fleury. MACHADO, Andréa Horta. Química, volume único: ensino médio. São Paulo: Scipione, 2005. pp. 279-309.

NÓBREGA, Olímpio Salgado. Química. Vol. único. São Paulo: Ática, 2005. pp. 447-488.

PERUZZO, Francisco Miragaia. CANTO, Eduardo Leite do. Química na abordagem do cotidiano. 3.ed. v. 2. São Paulo: Moderna, 2003. pp. 494-527.

Química cidadã: volume 3: ensino médio. Wildson Pereira dos Santos. Gerson de Souza Mól. (coords.). 2. ed. São Paulo: AJS, 2013. pp. 208-283.

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