Nosso país

Bahia embaixo de um viaduto
Bêbados, crianças e adultos
Cheiram cola de sapateiro
Na rua, calçadas sujas de bordel
Por entre vírus e cacos de vidro
(eles não usam nenhum chinelo de dedo)
E pedem esmola pro papai Noel
Chupando mangas estragadas
O que sobrou da feira
E a freira rezando a papai do céu
Que mande um dilúvio ou escorbuto
E leve os esmoleu
Do meu Brasil
Que sonha, há sonha
Que uma Bahia decadente
Não vai sofrer inutilmente
A falta de escola e hospital
Mas tudo isso é tão banal
Do que importa o cidadão normal
Se existe o carnaval
Mas tudo isso é espelho, tudo é espalho
Tem uma grande capital
Só o que importa é o capital
O dinheiro
E o pobre chorando a morte do amigo
Que o choro é o protesto mais pacifico
Permitido por sermos brasileiros
E quantos enfim ainda vão sumir
Esse poema é para refletir
Que a taça do mundo não mata a sede,
E a fome vai aumentando com a impunidade
Pra dizer a verdade como sabe qualquer vagabundo
Apesar da copa do mundo
O Brasil é um país de muito craque
Isso aqui é um pouquinho de Brasil
Esse país que canta e é feliz,feliz,feliz...

                                                                                                Filipe da Silva