O Caderno III da Etapa II do PNEM aborda a área das Ciências da Natureza, composta pelas disciplinas de Biologia, Física e Química. Essa área do conhecimento contribui para que o sujeito do Ensino Médio compreenda os fenômenos da natureza. Para a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) o ensino das ciências da Natureza na escola “consiste na compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.” (Pag. 6). Esse caderno foi organizado em quatro unidades e tem com objetivo fazer com que os docentes reflitam acerca da ressignificação do ensino de educação cientifica na escola, que em sua maioria é sinônimo de dificuldades para os estudantes.
A primeira unidade traz reflexões acerca da contribuição da área de Ciências da Natureza para a formação integral dos alunos. Conforme o caderno, a organização curricular das disciplinas de Biologia, Física e Química em muitas vezes são trabalhadas de forma fragmentada, além da falta de diálogo entre as disciplinas dessa área. Isso faz com que o estudante não veja sentindo em estuda-las e tenha dificuldades. Nesse sentindo, é necessário que haja ressignificação do ensino de ciências da natureza e que o docente em sua prática retire uma visão de ciência realizada por uma única pessoa, neutra, objetiva e com verdades absolutas, como também almeje em sua prática a Alfabetização Científica para que o aluno amplie sua leitura de mundo e participe de embates da sociedade relacionados a essa área.
A segunda unidade fala sobre os diretos à aprendizagem e ao desenvolvimento humano na área de Ciências da Natureza. A unidade propõe pensarmos em práticas que visam à integração entre os conhecimentos da área de ciências da Natureza e que esses conhecimentos tenham significado para o aluno. Para as DCNEM, “o currículo do ensino Médio deve ser organizado de tal forma que se garanta a educação tecnológica básica, a compressão do significado da ciência [...]” (pag. 18) visando a formação humana integral. Para garantir tais direitos, o caderno expõe que os componentes curriculares devem estar integrados aos eixos apontados pelas DCNEM – trabalho, ciência, tecnologia e cultura, como também, o trabalho como principio educativo e a pesquisa como principio pedagógico.
A terceira unidade aborda as dimensões do Trabalho, Cultura, Ciência e Tecnologia na área de Ciências da Natureza. É trabalhado com maior enfoque o movimento CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) que trouxe renovação curricular para o ensino de Ciências da Natureza, visto que no currículo tradicional o ensino de química, física e biologia é trabalhado isolado da tecnologia e da sociedade. Para o pesquisador Aikenhead (1994) “um currículo que privilegia as relações CTS no ensino de ciências é orientado no aluno, ao invés de ser orientado no cientista. Assim, ensinar ciência a partir da perspectiva CTS significa ensinar sobre os fenômenos naturais de maneira que a ciência esteja embutida no ambiente social e tecnológico do aluno” (pag. 24). A organização do trabalho pedagógico na perspectiva do CTS possibilita a interdisciplinaridade e a contextualização, como também a transversalidade, além de ruptura com a visão negativa de Ciência da Natureza.
A quarta unidade fala sobre possibilidades de abordagens pedagógico-curriculares na área de Ciências da Natureza. A unidade faz uma discussão sobre a ciência conforme a concepção das DCNEM, e como esse é materializado no currículo escolar. Tenta-se também compreender o que aproxima e o que distancia os componentes curriculares dessa área de conhecimento e como podem trabalhar em conjunto a fim de estimular a curiosidade, a observação e o trabalho coletivo no ambiente escolar. Dessa forma, chegaremos à ideia central colocada pelas DCNEM da pesquisa como princípio pedagógico no processo de ensino-aprendizagem na área de Ciências da Natureza.