Entrevista Clarice Lispector - Parte 1

"Clarice Lispector é considerada um grande nome da nossa literatura. Sua personalidade, aliada à profundidade de seus textos, provocou e ainda provoca espanto e reflexões profundas em seus leitores. A biografia de Clarice escrita pelo pesquisador norte-americano Benjamin Moser, e publicada em 2009, aprofundou o conhecimento sobre a vida nem sempre tranquila dessa personalidade e elucidou pontos importantes para compreender melhor sua obra e sua maneira de pensar o mundo.

Mesmo nascida na Ucrânia, na cidade de Tchetchelnik, Clarice era e sempre foi uma escritora brasileira. Afirmou uma vez: "A minha terra não me marcou em nada, a não ser pela herança sanguínea. Eu nunca pisei na Rússia.". A lembrança da infância passada no nordeste - primeiramente, em Maceió, depois no Recife - sempre esteve presente de maneira sutil em vários de seus contos e em obras como "A hora da estrela", romance cuja protagonista é uma moça nordestina que trabalha como datilógrafa no Rio de Janeiro e tem uma vida insignificante, alienada e anônima que se traduz na ausência de solidariedade numa sociedade opressiva.

A obra de Clarice tem um viés filosófico/metafísico muito evidente, ainda que seja difícil classificá-la dentro de alguma das correntes filosóficas do seu tempo. Em sua prosa, o questionamento sobre o sentido da vida e da subjetividade propõe uma ficção que por vezes confunde a realidade exterior com o que se passa no interior dos personagens, ambiente sempre misterioso e indefinível, em que sentimentos variados buscam respostas para definir o que o é o ser e como viver".

fonte: http://revistaescola.abril.com.br/ensino-medio/plano-de-aula-lingua-port...
 

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imagem de Valdira Luiz Nobre

Comentando o Conto “Feliz aniversário”, de Clarice Lispector

Estudantes: Sinara Porto, Regiane Souto, Valdira Nobre

Questão: Análise do Conto “Feliz aniversário”, de Clarice LispectorO Conto “Feliz aniversário”, apresenta uma família num momento de celebração do aniversário de Dona Anita, matriarca da família em seus 89 anos.A autora mostra uma família que aparenta união. Mas no decorrer do texto essa união é colocada em cheque, pois nota-se que ela é aparente, vazia, carregada de conveniências. O dito é perceptível ao analisar a filha Zilda, que cuida da mãe. Ela tenta  manipular os  familiares pelo que se tem,  organizando toda a festa, inclusive com bastante antecedência,   para que não haja comentários, para que tudo seja perfeito.  Na verdade, ela não quer fazer a festa, acha que gastou e ninguém a ajudou, nem irmãos e nem noras, porém mantém o protocolo, a etiqueta, do comemorar do aniversário, do reunir a família.  Momento em que a autora apresenta no conto, uma encenação de uma felicidade forjada, falsa. Assim como Zilda, os demais membros da família, não gostariam de estar naquela comemoração.Nota-se um estranhamento entre os parentes, sendo perceptível na leitura que nenhum personagem aguenta a presença do outro, sendo que o permanecer dos mesmos na comemoração é por dever.Os diálogos entre os parentes é sempre limitados, sendo assim não só pela falta do que dizer, mas também por não querer dizer.O momento crucial em que ocorre o deflagrar do estopim da narrativa, está presente na parte em que a aniversariante cospe no chão. Esse ato provoca o inter-rompimento daquele parecer de felicidade que tanto os personagens tentaram manter.  A aniversariante que durante boa parte da festa se manteve em seu canto, silenciosa, misteriosa, voltada para o seu interior de questionamentos e infelicidades, passando em sua figura exterior uma imagem que estava junta nessa confraternização. Entretanto no decorrer do conto percebe-se que o aniversariamente no seu interior começa a perceber todos esses elementos que estavam subjulgados. Percebe as falsidades dos filhos, das noras e dos netos, e começa a se questionar, como uma mulher forte como ela pode trazer ao mundo filhos tão fracos, que escolheram parceiros fracos e mesquinhos, que “produziram” filhos também fracos e mesquinhos, todos preocupados com eles mesmos, seus mundos aparentes e seus problemas. Situação essa que impossibilitaria uma união e convivência verdadeira, aberta e familiar.  Convivência essa baseada com o ser e não com o ter. Nesse sentido, a aniversariante questiona o que realmente é importante, a significância que o ser tem que ter. Depois do momento onde ocorreu o ápice do conto, percebe-se que os parentes tentam dá continuidade com a comemoração de aniversario, mas entretanto  a ruptura já tinha acontecido. Em ressalva percebe que a autora insinua através da personagem da dona Anita, a existência de um segredo, que no final, acredita-se que sejam as divagações perceptivas da aniversariante. A sua percepção do simulacro dos filhos, noras e netos, a falta de sentimento deles, suas opacidades, e o desconhecimento de quem era eles mesmos.  No fim, na ultimo parágrafo, autora escreve através da aniversariante, que a morte é o seu mistério.  Ressalta-se ainda, que a autora na estrutura da narrativa, remete aos leitores a possibilidade de levantar varias hipóteses dos acontecimentos que estão por vir no texto, o que torna os contos de Clarice interessantes e envolventes, como também a inexistência de uma solução para os conflitos apresentado no texto.

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