Carta aos jovens estudantes!
Vocês sabiam que estão sendo bem observados aqui na escola? É isso mesmo, dá até para descrever como vocês chegam aqui, nesta escola de adultos. A primeira análise que fazemos é o aspecto físico, a começar pelo jeito jovem, que revela o vigor da juventude. Tão despreocupados que nem sempre trazem o material. Outra observação é quanto ao visual: roupas largas, bem despojadas, mais à vontade e, para completar o traje, um boné que fica mais legal virado pra trás.
O que vocês nem imaginam é que nós, professores, estamos observando e refletindo sobre tudo isso, inclusive separamos vocês, mentalmente, em várias categorias: aqueles que são mais falantes e os mais calados, os mais tranquilos e os mais agitados, os que vieram decididos a estudar e os que precisamos insistir um pouco mais para que entendam a importância de permanecer na escola.
Certamente vocês já ouviram falar que a escola é a nossa segunda casa. Essa frase é bem verdadeira porque somente os pais sabem definir os filhos tão bem como nós os definimos. Além de querer o melhor para vocês, nós também queremos ver o seu crescimento, e para isso nós lhes aconselhamos e conversamos muito com vocês, a qualquer momento, telefonamos insistentemente quando estão afastados da escola. Ficamos felizes e orgulhosos quando sabemos que os nossos jovens alunos estão sendo aprovados em vestibulares ou conquistaram um emprego melhor, até parece que somos donos de parte desse prêmio.
Toda essa “marcação cerrada” não significa que não enxerguemos seu potencial de autogerenciamento, de protagonismo na sua própria história e na história da comunidade em que vive, seja a comunidade próxima à sua casa, seja dentro da escola. É esse protagonismo que impulsiona a realizar grandes mudanças, que traz a energia do novo, da esperança em um futuro que, muitas vezes, mostra-se nebuloso, indefinido.
E nós aprendemos com vocês: aprendemos que é preciso enxergar além das aparências; que o futuro precisa ser construído passo a passo; que aprender é renovar a si mesmo e ao seu entorno; que o novo não deve assustar, mas insuflar esperança no peito e no olhar; que viver é perigoso, mas de uma fatal beleza.
Por tudo isso, amigos (porque somos companheiros de caminhada, de tropeços e voltas por cima), que podemos pedir: nunca desistam de aprender e de ensinar, nunca desistam dos sonhos, ao contrário, renove-os, reconstrua-os, amplie-os, pois somente assim poderemos dizer que marcamos nosso lugar no mundo, que fizemos a diferença.
Professores do CEEBJA de Paranavaí – PNEM 2014