Bibliotecas para além dos livros - um pouco sobre como esses espaços de leitura estão se reinventando e ajudando a formar leitores

Tratando-se da comunidade "Literatura para quê?", me parece muito natural que falemos também sobre bibliotecas.

Por definição, bibliotecas são espaços aonde pessoas vão à procura de autores e obras. A crise de leitura na qual vivemos - e não me parece necessário justificar essa afirmação - tem feito com que esses espaços sofram grande diminuição de seus frequentadores. Tal como a escola, os desafios da contemporaneidade, as rápidas mudanças sociais, os meios de comunicação de massa e individualizantes, o atrativo midiáticos, fazem com que as bibliotecas concebidas de maneira tradicional pareçam espaços obsoletos.

No sentido de superar esses desafios, muitos profissionais envolvidos com as bibliotecas têm buscado estratégias para reinventar esses espaços de leitura, com pés no contemporâneo e olhos no futuro. Essas bibliotecas desenvolvem atividades diversas cujos objetivos convergem para o mesmo ponto: a formação de leitores. 

A convivência em um espaço de cultura como as bibliotecas é fundamental para a formação de futuros leitores. Creio que a escola pode "tomar carona" com essa reinvenção das bibliotecas.

A seguir, vou elencar algumas bibliotecas abertas ao público, bem como, textos indicativos de algumas das atividades desenvolvidas por elas.

1- Biblioteca Pública de Niterói

 

Localizada no centro de Niterói, Praça da República, essa biblioteca sofreu reformas recentemente e seu novo visual é um atrativo a mais para os leitores. Não há expediente às segundas. Entre terça e sexta-feira, a biblioteca funciona de 10 às 20h. Aos sábados e domingos, fecha uma hora mais cedo.

Em repostagem intitulada "Biblioteca Pública de Niterói se firma como local de lazer", O jornal O Globo nos oferece pequena amostra das potencialidades educativas do local. Cito dois trechos que me chamaram a atenção.
Primeiro, a fala de Maria da Glória Blauth, que descreve a nova proposta do espaço:

"— Trabalho aqui há 39 anos e fico muito honrada e orgulhosa de ver como a biblioteca se transformou num lugar totalmente inclusivo, aberto e acessível a todos. Incorporamos o conceito de biblioteca-parque, uma ideia contemporânea, por meio do qual oferecemos atividades culturais e deixamos o usuário livre para usufruir do espaço da maneira como achar mais proveitoso. As estantes com os livros, por exemplo, são totalmente acessíveis aos frequentadores, que podem escolher e pegar, eles mesmos, quaisquer volumes. Pedimos apenas que, após e leitura, a pessoa deixe o livro sobre as mesas, para que nossos funcionários possam recolocá-los nos lugares corretos — ressalta a diretora da BPN."

E também, depoimento de Juliana Patrizi nos dá dimensão da importância formativa deste espaço:

"A BPN fez a diferença na vida da estudante Juliana Patrizi. Aluna do Liceu Nilo Peçanha e moradora de São Gonçalo, ela passou a estudar todos os dias na biblioteca desde a reinauguração do local. E garante que o espaço e os livros foram fundamentais para a sua aprovação no vestibular da Universidade Federal Fluminense (UFF):

— Descobri um mundo totalmente novo. Eu nunca tinha frequentado uma biblioteca, a não ser a da escola, que é diferente. Vi aqueles livros novos, os computadores, e tive um maior estímulo para estudar mais. Se eu tivesse que ir para casa estudar, levaria muito tempo, já que moro em São Gonçalo e minha escola é em Niterói."

Para estimular que os jovens que usam a biblioteca não fiquem restritos ao uso da internet, diferentes atividades culturais são realizadas no espaço. Aos sábados e domingos, às 10h e às 15h, há narração de histórias com música.

2- Biblioteca Nacional

A Biblioteca Nacional do Brasil é considerada pela UNESCO a sétima maior biblioteca pública do mundo e a maior da América Latina.
Desde 1814 a consulta às suas obras é franqueada ao público.
Entre as atividades desenvolvidas está a coordenação do Programa Proler:

"O PROLER – Programa Nacional de Incentivo à Leitura – é um projeto de valorização social da leitura e da escrita vinculado à Fundação Biblioteca Nacional e ao MINC – Ministério da Cultura. Presente em todo o país desde 1992, o PROLER, através de seus Comitês, organizados em cidades brasileiras, vem se firmando como presença política atuante, comprometida com a democratização do acesso à leitura." [http://www.bn.br/proler/]

A biblioteca mantém, ainda, um blog. É um meio de comunicação rápido e interativo entre a instituição e o público. Esse espaço virtual é atualizado constantemente com notícias sobre a BN, cursos, oficinas etc. É um espaço para  alunos, professores e todos os interessados em leitura e livros. O link é [http://blogdabn.wordpress.com/].

3- Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular

Embora não seja propriamente uma biblioteca, o CNFCP conta com importante acervo sobre as manifestações artísticas de nosso povo. Além de livros, o Centro conta com objetos de artes plásticas e iconográficas. Há exposições permanentes e itinerantes com foco principal em nosso povo.

O CNFCP reabriu para o público em setembro de 2012, depois de uma fase de obras.

Suas atividades desenvolvidas são elencadas no site [http://www.cnfcp.gov.br/interna.php?ID_Secao=5]. Destaco:

"    Promoart - Programa com finalidade de apoiar e ajudar a desenvolver o setor cultural formado pelos produtores de artesanato de tradição brasileira.
    Etnodoc - Com a finalidade de difundir e documentar o Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, o Etnodoc é um edital de apoio a produção de documentários etnográficos inéditos sobre Patrimônio Imaterial para exibição nas TVs públicas.
    Patrimônio imaterial – Nessa linha foram inventariadas diversas expressões culturais, entre as quais oofício das baianas de acarajé em Salvador (BA); o modo de fazer a viola-de-cocho de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul; e o jongo na Região Sudeste, que mereceram registro pelo Iphan como Patrimônio Cultural do Brasil e hoje são objeto de ações de salvaguarda.
    Sala do Artista Popular (SAP) – Programa permanente voltado para a produção de arte popular e artesanato brasileiros, envolvendo ações de pesquisa, documentação, difusão e fomento.
    Curso Livre de Folclore – Criado em 2000, é um mecanismo de formação ágil e informal que atende à demanda crescente do público interessado nesse campo de estudos, aproximando-o dos diferentes e complexos sistemas culturais que constituem o amplo universo do folclore e da cultura popular no Brasil."

Entre as seções do site está  uma de "Acervos digitais", na qual podemos ter acesso a algumas obras sem precisarmos ir ao CNFCP. Pode ser um instrumento muito rico para atividades escolares!

 

O CNFCP conta também com um Programa Educativo voltado aos professores e às atividades pedagógicas escolares:

"O Programa Educativo do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular oferece serviços e recursos que buscam apoiar educadores na criação de alternativas para o estudo de folclore e cultura popular, apontando questões, propondo temas ou revelando novas abordagens de assuntos já estudados em sala de aula.
 O Centro também procura contribuir para a renovação da pesquisa escolar, apostando na substituição da cópia e colagem pela busca curiosa de informações, o confronto de idéias e o exercício da interpretação."

[http://www.cnfcp.gov.br/interna.php?ID_Secao=6]

 

 

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