Se analisarmos como era cursar o ensino médio há poucos anos atrás, poderíamos dizer com mais frequência que estudar é chato. Quase ninguém tinha acesso à internet, aos vídeos do You Tube, a máquinas digitais, livros coloridos e atualizados e, muitas vezes, nem acesso ao xerox (tínhamos que copiar mesmo). A maioria dos professores não permitia fazer ou apresentar trabalhos em grupo, pois julgava tomar muito tempo da aula, por exemplo.
Hoje em dia, com tantos recursos disponíveis e com a “liberdade de expressão” que os estudantes possuem para discutir qualquer assunto, ainda somos capazes de ouvir que “estudar é chato!” Qual seria realmente o motivo? Os métodos utilizados na escola são ineficientes? Os conteúdos estudados são desconexos da realidade em que vivemos? Ou a cultura digital está tornando esta “geração preguiçosa”, com uma falsa ilusão de que sabe tudo, em virtude de “estar conectada” diariamente? Ou ainda: há tantas as opções de ocupação do tempo, que o ato de estudar nos deixa desmotivados? São algumas das indagações que faço aos adolescentes de hoje... Reflitam comigo se “estudar é chato” mesmo, diante das facilidades que temos para aprender atualmente.
Aprender é algo inerente à sobrevivência humana, e estar na escola é obrigatório por lei até completar 18 anos de idade. A escola tem um papel importantíssimo em nossa formação, e a também a responsabilidade de tornar o aprendizado mais agradável. Estudar não é chato quando nos apaixonamos por um assunto, ou quando a metodologia utilizada evidencia a relação entre os conhecimentos escolares e os necessários à vida. Todos nós gostamos de “estar por dentro” de vários assuntos. No ensino médio podemos organizar o estudo a partir de um tema, de projetos ou de perguntas que nos desafiem, por exemplo, a entender como as coisas eram no passado e como são hoje - numa investigação multidisciplinar, contextualizada, e não isolada de suas aplicações. Não é função da escola matar todas as curiosidades, pelo contrário, ela deve despertar nossa vontade de saber cada vez mais como as coisas funcionam!
Seguindo essa linha de pensamento, sugiro um exemplo de estudar-e-aprender através de uma pesquisa norteada por perguntas, cujo tema poderia ser: as máquinas e a evolução das tecnologias criadas para nosso conforto. “Crescemos já habituados com várias máquinas em casa. Quais teriam sido as primeiras máquinas inventadas pelo homem? Para qual finalidade? Por que a tecnologia muda tão rápido? Quais são as diferenças entre máquinas simples e complexas, máquinas elétricas e térmicas? O corpo humano pode ser considerado uma máquina?”. Essas são algumas das questões que possibilitariam abordagem interdisciplinar, pois instigam a busca de conhecimentos ligados a várias disciplinas (como história, física, biologia, filosofia e matemática), no intuito de se compreender razoavelmente o tema.
Monte uma pesquisa desse tipo com seus colegas e depois avaliem em conjunto os resultados. Os links abaixo podem auxiliar no estudo desse tema - introduzindo exemplos de máquinas simples (alicate, balança, rampa, roldana...), complexas (bicicleta, carro, guindaste...) e máquinas térmicas (geladeira, máquinas a vapor, termoelétrica...).
www.slideshare.net/bethygaucha/maquinas-simples-8394359
www.slideshare.net/bethygaucha/termodinamica-8165089
Comments
Estudar é que é chato?
Elisabete, lendo a sua exposição sobre a "chatice de estudar" - declaração, neste sentido, que a maioria Deles deve confirmar - creio que os aspectos que reduzem o estudo escolar a uma chatice são, fundamentalmente, relativos a "o que estudar?", "como estudar?", "com que finalidade se busca saber sobre um tema?" e, por fim, "o que cada um faz com aquilo que aprendeu?". O que temos, nesta cibernética contemporaneidade, é um acúmulo absurdo de informações.
Ora, todos sabemos que informação não pode ser confundida com conhecimento e, bem estendendo a coisa, este não se confunde com a experiência. Lógico que o conhecimento depende de uma gama sólida de informações, que a experiência depende do conhecimento a priori, que a informação provém da experiência; enfim, parece que giramos em torno de centros que se completam. Sim, é isso.
Contudo, talvez o mais fundo da declaração dos jovens ao dizerem que estudar é uma chatice esteja no fato de que o que quer que venham a aprender tem de ter sentido. E o sentido é o grande significado que se derrama sobre o que aprendemos.
É quando qualquer assunto pode despertar paixão naquele que o observa (e já o estuda) em razão da forma como o assunto é apresentado, dimensionado e, sobretudo, conectado com outros pontos de sentido que o aprendiz já possui.
Não importa se do que se fala é sobre um rim, uma rocha, uma espécie animal, um comportamento humano; importa é que o significado de estudar tem de estar, indissociavelmente, ligado ao prazer dessa realização, senão que também a um certo mistério, uma fabulação que envolve (tem sempre de envolver) a imaginação e, portanto, a própria criação do indivíduo.
Eu, particularmente, não tenho a menor dúvida de que um dos motivos por que a fabulação, a imaginação, a criação (autopoiesis) "não rola" na escola, é porque o relógio e as carteiras deste lugar correm, o tempo todo, atrás de uma coisa chamada currículo.
Assim, subservientes ao currículo, eu, você e todos Eles acharemos, sempre, que estudar é mesmo uma chatice, grave chatice.