Cabulando aulas

Nunca fui de cabular aulas, para quem não sabe, cabular e matar aulas são sinônimos.  Sempre gostei muito do ambiente escolar, aquele microcosmo com seus personagens e situações me chamava muita atenção, tipos como a diretora Irmã Josefina e seu jeito tirano de medir o tamanho da saia das meninas me rendiam muitas risadas. Acho que eu era do perfil meio bagunceiro meio nerd, daí, na maioria das vezes, me saia bem com as notas e ainda tinha uma cadeira cativa no fundão. Por outro lado, como morava em uma cidade bem pequena, minha casa vivia de portas abertas, então no período da tarde eu podia andar tranquilamente pela cidade, ir até a região das grotas e mangueiras de bicicleta ou nadar no córrego Nossa Senhora atrás do cemitério.
Porém, uma vez quando estava no ensino fundamental, por conta de não sei o que, uma nota vermelha ou o fora de uma paquera, resolvi por si só dar uma fugida da escola para espairecer as ideias. Com muito sangue frio, entre o intervalo da primeira para a segunda aula, fiquei escondido no banheiro com a minha mochila, assim que os corredores estavam bem vazios, desci as escadas, atravessei o pátio, passei pela quadra de futebol e fui até o portão dos fundos, já sabia que ele não tinha cadeado e era fácil de abrir, com os pés já fora da escola me senti aliviado, comecei a caminhar em direção ao cemitério e já pensava na água refrescante do córrego. Eis que surge, fazendo a conversão da esquina, a famosa Kombi branca da irmã Josefina, na qual ela fazia suas rondas diárias pela cidade, não só atrás de alunos fujões mas também com o intuito de resolver querelas em geral, como reatar brigas de casais em desarmonia ou resgatar “pessoas de bem” que trocaram a igreja por uma cangibrina no boteco. Não tive muito tempo para pensar, sair correndo, subir em cima de uma árvore ou enfiar a mochila na cabeça eram atitudes suspeitas demais que não iam passar despercebidas aos olhos de rapina da irmã Josefina. A Kombi branca se aproximava, então, resolvi fazer o menos óbvio para um aluno que estava matando aulas, parei no meio fio e fiquei esperando a Kombi branca passar com um sorriso singelo no rosto e dando um discreto tchau. Ela desacelerou, olhou com atenção, mas diante do ato de cumplicidade retribuiu o tchausinho seguiu seu caminho, e eu, segui o meu.

Segue um trecho do clássico filme, Os incompreendidos, de 1959, do diretor francês François Truffaut, que mostra justamente um momento de evasão em massa dos estudantes de uma aula da educação física.
 
E você, já cabulou alguma aula?

 

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Comments

imagem de Layene Campos

Eu? Cabular uma aula? Nunca!

Nunca cabulei uma aula e nunca vou fazer isso, sempre fui contra. Eu já vi alguns alunos da minha escola pulando o muro e posso lhe dizer que acho isso totalmente horrível. O que será que passa na cabeça de quem cabula aula? Bem, eu não sei dizer o que passa na cabeça deles, mais, na minha eles só estão perdendo uma oportunidade de tentar ser alguém na vida.

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imagem de Andréa Queiroz

Acho exagero.

Cabular aula é feio? é feio. Mas não quer dizer que a pessoa não vai ser "alguém" na vida. 

Eu ja cabulei aula. :x Sabe o que passava na minha cabeça? Aquela aula era chata e eu não sentia necessidade em assistir ela. Era um suplicio. (exagerei um tico,mas ja ta fazendo parte.) 

Mas é importante não cabular aulas. Não por que você não vai ser alguém na vida,mas por que você precisa saber do que a professora ta falando,pois dae vem as provas,os trabalhos,as tarefas e você precisa saber falar de vários assuntos.

E se você cabular,vai correr atrás depois. 

 

E é isso ae. 

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