" Um livro é a vista panorâmica que o presídio não tem, a viagem ao redor do mundo que o presídio impede".

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imagem de Daiane Tavares

Leitura e educação nas Penitenciárias Federais

Achei interessante essa matéria de Martha, pois apresenta de forma positiva a questão da Portaria que institui a remição pela leitura, ressalta a importância de não burocratizar e dificultar o processo com a imposição de resenhas elaboradas que dificultem a vida do interno e de alguma forma fala dos sentidos que a leitura assume na vida dos privados de liberdade.

Assim como Martha, também avalio de forma positiva essa Portaria, sobretudo em espaços prisionais de segurança máxima onde os sujeitos passam 22 horas do seu dia trancafiados e saem apenas durante 2 horas para o banho de sol.

Visitei a Penitenciária Federal de Mossoró no Rio Grande do Norte e fiquei estarrecida ao saber que existiam várias salas de aula na unidade, uma grande demanda de internos para essa escola e muitas salas estavam inutilizadas, pois faltavam as grades que visam separar o professor do aluno, o que é obrigatório em uma unidade federal. Fico inconformada com essa situação e acho de imensa violência simbólica essa grade. Apesar de se tratar de um presídio de segurança máxima, a minha experiência em presídios desse tipo no estado Rio de Janeiro mostra ser desnecessária essa separação do aluno interno e do professor, pois estes sujeitos respeitam demais os seus docentes e é inconcebível pensar em um processo educativo que vá auxiliar os sujeitos privados de liberdade na vida dentro do presídio e após a liberdade, com essa concepção segregadora. 

Penso que outro ponto fundamental acerca dessa discussão é a qualidade desse acervo das bibliotecas das unidades. De fato, é necessário que os apenados tenham acesso a diversos gêneros e não apenas livros de cunho religioso, como acontece em muitos presídios estaduais, onde as bibliotecas se restringem a livros religiosos e didáticos (velhos, muito velhos e voltados para crianças e adolescentes). Não posso deixar de registrar  que diante dessa realidade o MEC disponibilizou recursos para a compra de 35.000 títulos para a compra de livros para os presídios estaduais e me parece que a biblioteca dos presídios federais possui um acervo mais diverso e qualificado, o que pude perceber no presídio de Mossoró e pela Portaria em questão.

Bom, essa discussão sobre as penitenciárias federais é muito complexa e ainda muito incipiente...Prossigamos com o diálogo!

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