A RELAÇÃO DOS JOVENS COM O MUNDO DO TRABALHO E A ESCOLA

PACTO NACIONAL PELO FORTALECIMENTO DO ENSINO MÉDIO
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
ETAPA 1. CADERNO II – O jovem como sujeito do Ensino Médio

A relação dos jovens com o mundo do trabalho e a escola

O Ensino Médio ultima etapa da educação básica, no qual os alunos encontram-se na fase da adolescência e na juventude, isto é etapa  em que estão passando por mudanças e transformações de natureza  física, emocional, social, comportamental que são marcadas e influenciadas pelo meio em que os jovens estão vivendo. Neste período eles também precisam tomar decisões importantes, fazer escolhas, assumir riscos e responsabilizar-se pelas escolhas feitas. E nessa fase de descobertas, sentimentos e  angústias é que a indisciplina é apontada como um dos principais problemas provocados  pelos estudantes na escola,   e  se manifesta na falta de respeito com os professores, nas relações agressivas entre os próprios jovens, na agressão verbal e física, na “irresponsabilidade” diante dos compromissos escolares e na “dispersão” devido ao uso de celulares ou outros aparelhos eletrônicos, mesmo na sala de aula.
A forma de se vestir dos jovens também é vista como “rebeldia” calças e blusas larguíssimas, piercings, tatuagens, boné ... pois os jovens passam a buscar identidade própria, querem ter voz e buscam novos ideais; como a escolha da profissão, a inserção no mercado de trabalho, que está cada dia exigindo mais qualificações enfim...    
A relação entre o mundo da educação e o mundo do trabalho é bastante complexa pois as novas formas de produção do conhecimento, o avanço tecnológico e a globalização estão a exigir um novo profissional e uma preparação que lhe permita adquirir os conhecimentos, atitudes, habilidades e comportamentos para ser uma pessoa bem preparada para o trabalho.
Neste contexto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação  em vigor - LDB 9394/1996 - estabelece  que a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social, visando ao pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho . Segundo essa lei, é necessário vinculação entre a educação e o trabalho, compreendida no termo Preparação para o Trabalho, deve ser estabelecida nos dois níveis escolares: a Educação Básica (composta pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) e a Educação Superior.
Então, a identidade do Ensino Médio se define na superação do dualismo entre ensino propedêutico e ensino profissionalizante.
Assim para muitos jovens o universo escolar é caracterizada pela valorização do estudo como uma promessa futura, sendo uma forma de garantir um mínimo de credencial para pleitear um lugar no mercado de trabalho.
A Resolução CEB Nº 3/98 reforça o sentido da LDB ao explicitar que a educação deve se vincular "com o mundo do trabalho e a prática social, consolidando a preparação para o exercício da cidadania e propiciando a preparação básica para o trabalho. Segundo o Parecer CEB 15/98, que fundamentou as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, a Preparação para o Trabalho está inevitavelmente ligada à capacidade de aprendizagem e deve destacar a relação da teoria com a prática e a compreensão dos processos produtivos enquanto aplicações dos conhecimentos científicos, em todos os conteúdos curriculares. O trabalho deixa de ser obrigação ou privilégio de determinados conteúdos para integrar-se ao currículo como um todo.
O mesmo Parecer ressalta o significado da Preparação para o Trabalho segundo os artigos 35 e 36 da LDB: Essa preparação será básica, ou seja, aquela que deve ser base para a formação de todos e para todos os tipos de trabalho. Por ser básica, terá como referência as mudanças nas demandas do mercado de trabalho, daí a importância da capacidade de continuar aprendendo; não se destina apenas àqueles que já estão no mercado de trabalho ou que nele ingressarão em curto prazo; nem será preparação para o exercício de profissões específicas ou para a ocupação de postos de trabalho determinados.
O trabalho se constitui, nessa perspectiva, no princípio organizador do currículo no Ensino Médio. Não se limita ao ensino profissionalizante, "pois todos, independentemente de sua origem ou destino socioprofissional, devem ser educados na perspectiva do trabalho, umas das principais atividades humanas", que envolve a preparação para as escolhas profissionais futuras, o exercício da cidadania e o processo de produção de bens, serviços e conhecimentos com as tarefas laborais que lhes são próprias.
  Nestes últimos anos, o Ensino Médio no Brasil tem passado por discussões importantes sobre os seus objetivos e função, questionando-se seu caráter academicista e propedêutico, voltado à preparação dos alunos para passar no vestibular. Essas discussões têm ensejado algumas ações por parte do governo, tais como a reformulação do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e uma proposta de mudanças nas matrizes curriculares do Ensino Médio. Segundo o Parecer CNE/CP 11/2009, que sintetiza os aspectos essenciais da proposta, a nova organização curricular deve ser organizada "a partir das inter-relações existentes entre os eixos constituintes do Ensino Médio, ou seja, o trabalho, a ciência, a tecnologia e a cultura, tendo o trabalho como princípio educativo".
Porém a escola, por sua vez, já não consegue ocultar seus limites em cumprir as promessas de mobilidade social, o diploma sofre um processo de desvalorização, mas é requisito necessário para a entrada no mercado de trabalho, sendo que ele certamente deixa de ser suficiente para garantir um emprego.
Então é preciso que esse cenário educacional se transforme através da reformulação curricular, de metas, funções, com participação e responsabilidade de toda a comunidade escolar. É tempo de dar oportunidades de fala a todos, especialmente aos jovens, para promover a verdadeira interação jovem-educação-trabalho-família. deve-se "promover enlaces entre a aprendizagem e o trabalho, estabelecendo as rotas e pontes que facilitam um movimento mais flexível entre a educação e a capacitação para o trabalho". Isso consiste em melhorar os meios para a avaliação e reconhecimento das habilidades e competências dos indivíduos, possibilidades adquiridas mediante a aprendizagem formal e informal.
Dessa forma, a educação assume papel extremamente significativo na vida desses jovens, pois acreditam que é por meio dela que terão um futuro profissional digno e satisfatório. Essa ideologia permeia o imaginário juvenil. Como alerta Branco (2005, p. 137), é provável somar a relevância dada à educação com aquela referida ao emprego/atividades profissionais, "uma vez que uma das motivações ou razões mais importantes para se estudar está relacionada à obtenção futura de uma boa inserção ocupacional no sistema econômico". Mas, sabe-se que a realidade não é bem essa. Muitos jovens terminam o Ensino Básico sem a qualificação que a demanda do mercado de trabalho exige em virtude da má qualidade educacional que receberam, além de não terem condições financeiras de custear um curso no Ensino Superior, raros são os que conseguem uma vaga nas universidades públicas.
Considera-se, que o ideal seria se os jovens pudessem desfrutar de uma formação educacional sólida para, posteriormente, na idade adulta, ingressar no mercado de trabalho. Entretanto, os jovens das camadas populares necessitam trabalhar, consequência de uma política socioeconômica neoliberal. Em virtude da situação atual, é necessário que as Políticas Públicas atendam urgentemente as demandas dos jovens brasileiros, pois anseiam por condições dignas de vida na esfera do trabalho e da educação.
 

 

 

REFERÊNCIAS
Curriculares Nacionais para a o Ensino Médio. Diário Oficial da União, BRASIL.Presidência da República.Lei Nº9.394, de 20 de dezembro de 1996: estabelece as diretrizes e bases da educação nacional Brasília: Presidência da República,   1996. Disponível em http://www.presidencia.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm.

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Câmara de Educação Básica.
Resolução nº 02/2012: Define as Diretrizes Brasília, 31 de janeiro de 2012

BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Formação de professores do ensino médio, etapa I - caderno II: o jovem como sujeito do ensino médio / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica; [organizadores : Paulo Carrano,
Juarez Dayrell]. – Curitiba : UFPR/Setor de Educação, 2013.

 

Comments

imagem de Tiago de Freitas Silva

Em um debate realizado com

Em um debate realizado com alunos dos 2º e 3º anos e professores da escola sobre currículo, o grupo de professores envolvidos com o trabalho em questão explanou algumas definições de currículo: O currículo constitui um elemento do processo pedagógico, pois é ele quem viabiliza o processo de ensino e aprendizagem. Sua projeção define o que ensinar, para que ensinar, como ensinar e as formas de avaliação, em estreita colaboração com a didática. De certo modo, o currículo é a expressão da cultura da escola com a sua recriação e desenvolvimento. Após a explicação sobre currículo, vários questionamentos foram levantados: Primeiramente a questão de se trabalhar com projetos integradores de disciplinas e facilitadores da prática. Os alunos acreditam que os currículos devem contemplar de forma mais ampla e rotineira o conteúdo de forma interdisciplinar e com objetivo comum. A escola precisa se apoiar num projeto que estimule o interesse e a criatividade dos alunos, para criarmos uma geração de jovens que acreditem em suas próprias ideias, que possam gerar produções que os preparem para a vida.

Vote neste Comentário