O Ensino Integrado e o trabalho didático nos laboratórios e oficinas

O trabalho nas oficinas é uma possibilidade de trabalho didático e, para Pistrak (2009), uma necessidade para que os estudantes compreendam a essência da divisão do trabalho. Mas estes espaços formativos podem ser vistos sob diferentes ângulos e ter diferentes usos, como momento de demonstração didática tradicional, quando sua ênfase recai nos exercícios, na repetição de conceitos ou fórmulas, na memorização que visa a disciplinar a mente e formar hábitos (Libâneo apud Veiga, 1991: p. 132), ou como situação de testagem e de reelaboração de conhecimentos. Neste texto nos interessa entendê-lo nesta segunda possibilidade, como procedimento de ensino integrado.

Os laboratórios e as oficinas são espaços formativos característicos do ensino profissional mas necessários para a efetivação do ensino médio integrado, que toma a ciência, o trabalho, a cultura e os desportos, como eixos formativos.

Para que o ensino nas oficinas colabore para o desenvolvimento da auto organização dos alunos é necessário que os instrumentos e métodos de trabalho sejam os mais variados quanto possível, que possibilite aos estudantes a mais ampla criatividade técnica e que as técnicas e os materiais devem escolhidos em função das possibilidades criativas que elas colocam (PISTRAK, 2000, pp. 61-62).

Sob o olhar de uma pedagogia de integração o uso dos laboratórios deve favorecer uma postura ativa de professores e alunos, a integração de diferentes saberes, a correspondência entre conceito e uso, a articulação entre teoria e prática e a vinculação entre a dimensão técnica e a dimensão política do processo educativo.

Os laboratórios e oficinas têm objetivos independentes e não devem servir para que os alunos apenas reproduzam as teorias já formuladas, mas para que eles reconstruam a teorias existentes e produzam suas próprias teorias.

O uso desta técnica requer as seguintes etapas:

a)    Preparação. Quando se definem os objetivos, os conteúdos a serem tratados, organizam-se o espaço e definição de passos a serem considerados.

b)    Realização. Pressupõe a demonstração por parte do professor e a posterior execução da tarefa pelos alunos. Nesse momento cabe aos docentes alertarem sobre os vínculos entre a experimentação específica e os conhecimentos gerais que conformam aquela situação específica e explorar as repercussões e usos sociais da situação levantada;

c)     Avaliação: deve ser permanente.

Em nossas pesquisas verificamos duas experiências diferentes de uso da técnica de demonstração. Em uma visita ao SENAI-PA verificamos que as aulas em laboratório ganham um conteúdo instrumental. Orientada pelas Séries Metódicas de Ofício, esta técnica serve para promover o adestramento dos alunos, que devem repetir tantas vezes as operações previstas quanto forem necessárias até que revelem ter incorporado o comportamento esperado.

Em outra experiência, na Casa Familiar Rural de Gurupá-PA, verificamos a demonstração ser feita de modo problematizador pelo “professor”. Este nunca dava as repostas às perguntas levadas a campo pelos alunos, ele sempre as devolvia com outra questão ou colocando diferentes possibilidades de resposta. Desse modo, a demonstração servia como estratégia de desenvolvimento da capacidade criativa dos alunos, promovendo a sua autonomia frente ao docente.

Segundo Veiga (1991), o trabalho pedagógico em laboratórios constitui um método que pressupõe a demonstração, o que não requer, entretanto, abrir mão da ação consciente dos discentes.

Nas aulas de laboratório o docente também pode valorizar mais ou menos o trabalho coletivo, dependendo das capacidades que quer desenvolver e da natureza das atividades propostas, mas o diálogo e o trabalho cooperativo têm nos espaços de experimentação um ambiente fértil para se desenvolver.

 

Por Ronaldo Araujo

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