Ilustração sobre a Copa, do artista Rodrigo Yokota, gera polêmica na internet

Uma tirinha produzida pelo desenhista e grafiteiro Rodrigo Yokota gereou polêmica numa página das redes sociais. A ilustração foi feita com base na propaganda da Sadia para a Copa do Mundo intitulada "Joga pra mim" e dividiu opiniões a respeito das representações feitas por Rodrigo.

A Campanha veiculada pela Sadia mostra várias crianças, entre 7 e 12 anos, em sua maioria brancas, convocando a seleção a jogar por elas e a ganhar a Copa do Mundo já que, devido a idade, nunca viram o Brasil ganhar um Mundial de futebol. A propaganda utiliza-se de um discurso emocional e do apelo infantil para comover o telespectador e levantar o sentimento de nacionalismo.

Assista o filme da campanha - https://www.youtube.com/watch?v=tPiC-kC0f7Q

Diante desse contexto, Rodrigo buscou fazer uma análise crítica do cenário social do país durante a Copa, criando a antítese Futebol x Educação. A ilustração retrata o discurso construido pela mídia (garota branca, loira, vestindo uma camisa do Brasil e aparentemente feliz, onde a prioridade é o futebol) em contraste a imagem que o autor tem da realidade social (garoto negro, sem destaque, triste, onde a prioridade é a falta de Ensino). O desenhista critica a desigualdade social e de classes no Brasil bem como os investimentos em educação e demais políticas públicas em relação aos investimentos no evento da FIFA.

A tirinha dividiu opiniões nas redes sociais não somente em relação ao posicionamento político-ideológico do desenhista, mas principalmente em relação a forma pela qual os sujeitos sociais foram representados. Alguns internautas se mostraram contra a tirinha, classificando-a como "preconceituosa", pelo uso de estereótipos de cor para diferenciar classes e condições socias ao desenhar o negro como pobre e vitimizado e o branco como rico. Outos ainda questionaram se a evasão escolar deve ser apresentada como causa da má qualidade do Ensino. Em contrapartida, os internautas que concordaram com o discurso do desenhista rebateram que, mesmo com exceções, a imagem dos dois personagens da ilustração representa a maioria das suas respectivas classes dando sentido à ilustração. 

Na mesma página o autor Rodrigo Yokota se defendeu dizendo que a ilustração é dirigida à todas as classes, gêneros e profissões e que "preconceito está nos olhos de quem vê".

Você concorda com a crítica feita pela tirinha? Acha necessário o uso de estereótipos na representação de indivíduos em imagens, propagandas e na mídia em geral? Essas questões merecem um debate.

Comments

imagem de Maria Celí Alves Barbosa da Silva

Material produzido sobre a copa

De muito mal gosto. Não se pode  nem se deve desconsiderar o orgulho que o brasieliro sente pelo seu país. este é o momento de aproveitar a oportunidade de estamos vivenciando momentos em que a criança participa e defende o seu país. As questões de ordem econômicas, éticas e ou de desmandos administrativos que permeiam essa realização, devem ser tratadas em outros espaços.

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imagem de Edla Crisitna Rodrigues Caldas

Ilustração sobre a copa

Acredito que em um país de desigualdades gritantes  como o Brasil todo momento é tempo de refletir e discutir nossa situação social.

 

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imagem de Régis Wendel Rabelo Luccas

Acho que é um direito de todos criticar, mas...

Quando se vai produzir um material que serve como veículo de ideias e tem um alcance muito alto, principalmente nas redes sociais, deve-se ter cuidado. Acredito que a crítica de mostrar como a mídia constrói imagens possa até ser boa, mas o autor errou na forma como representou os personagens e no discurso usado e acaba reafirmando a crítica. Ele acaba esteriotipando classes a partir das suas representações e indivíduos. Assim o texto fica atravessado por interdiscurssos generalistas de que todo sujeito carente e vitimizado é negro e todo branco ou classe-média é alienado.

Além disso, não acho inteligente essa ideia de colocar o futebol como antagonista da educação, como coisas opostas, quando se tem diversos exemplos de que o futebol ou o esporte como um todo pode auxiliar na formação educacional do indivíduo. A criança loira também pode pedir uma ecola melhor e a negra pode pedir pela seleção, por que não? E se a intenção do autor foi essa, isso não ficou claro. Achei também que a crítica à educação é rasa: a criança clama por "mais escola", mas se formos observar, a evasão escolar é baixa, então não faz sentido. Como muitos internautas comentaram: escolas tem. A discussão seria mais aprofundada se o Ensino fosse criticado pela sua qualidade e não a quantidade ou inexistência de escolas.

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