Estudantes produzem papel semente a partir de bitucas de cigarros

Um grupo de estudantes de uma escola técnica, em São Paulo, encontrou um bom destino para as bitucas de cigarros que são descartadas diariamente nas ruas da cidade: produzir papel semente utilizando os filtros dos cigarros.

Com a determinação da Lei Antifumo em São Paulo, que restringe o uso do tabaco apenas a áreas abertas, o número de bitucas de cigarros espalhadas pelas ruas da cidade só aumentou, poluindo mais ainda o cenário da metrópole e causando diversos danos, como o entupimento dos bueiros.

Para elaborar o papel reciclado, primeiramente, os estudantes recolhem as bitucas. Com a ajuda de uma professora de química, as bitucas passam por um tratamento químico em laboratório, para retirar substâncias tóxicas e o odor do tabaco: para isso, eles utilizam soda caústica (NaOH)  e água oxigenada (H2O2) – materiais simples e de baixo custo.

Quando a massa de celulose está livre de impurezas, os estudantes iniciam a produção do papel artesanal, adicionando as sementes na receita: aí, após a secagem, as folhas de sulfite estão prontas. Segundo os participantes do projeto, o objetivo de usar as sementes no papel é fazer com que o material deixe de ser descartado nos aterros sanitários e passe a ser germinado nas casas das pessoas – reduzindo o número de lixo nas ruas e aumentando a quantidade de plantas e flores na capital paulista.

Os idealizadores do projeto são três estudantes do curso de administração da Escola Técnica Estadual Heliópolis – Gabriel Anisio (18), Vinicius de Souza (17) e Alan de Melo (16). Eles acreditam que o projeto Sementuca é uma iniciativa financeiramente viável, já que, além de a experiência ter trazido bons resultados com o público da comunidade, os custos de produção de cada folha A4 são baixos, inferiores a 25 centavos.

Segundo os cálculos dos estudantes, a cada trezentas bitucas de cigarro encontradas, sete folhas de sulfite A4 são produzidas.  O grupo pretende usar o papel na criação de outros artigos – como blocos de anotações, cartões de visita e convites. O papel Sementuca ainda não está à venda, entretanto, os jovens estão abertos a propostas através da fanpage do Sementuca.

Coordenadora do projeto, a professora Taís Bisbocci conta o próximo passo é fazer um registro na Biblioteca Nacional, no Rio. A esperança é de que o projeto seja apresentado na Feira Brasileira de Ciências (Febrace) da USP, o que poderia render convites para feiras internacionais.