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Apesar de o governo ter anunciado o fim das negociações, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino (Andes) e o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e Tecnológica (Sinasefe) afirmaram, nesta quinta-feira (2), que a greve continua na maioria dos institutos federais de ensino médio Brasileiro.
A Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes), que decidiu na noite da quarta-feira (1º) que assinaria o acordo proposto pelos ministérios do Planejamento e da Educação. A Proifes (http://proifes.org.br/) representa apenas um instituto federal de ensino médio brasileiro.
Gutenberg de Almeida, coordenador-geral do Sinasefe, criticou a atitude do governo de assinar um acordo com apenas uma das entidades representantes dos professores federais em greve. "É uma irresponsabilidade do governo endossar uma coisa dessa natureza. O Proifes tem representatividade em sete universidades e um instituto", afirmou, lembrando que quase todas as assembleias rejeitaram ambas as propostas feitas pelo governo.
A Carreira
Estrutura de carreira docente unificada nas universidades federais é inadequada e desagrada a todos. Esta é a análise da socióloga Elizabeth Balbachevsky, que estuda a profissão acadêmica no Brasil desde a década de 80.
Passados mais de 70 dias do início da greve nas universidades federais, a professora da Universidade de São Paulo sugeriu, em entrevista ao UOL Educação, que as universidades tenham autonomia para definir a carreira de seus docentes conforme seu perfil, seja de instituição de ensino de graduação seja de instituição de pesquisa e pós.
Balbachevsky afirmou também que a estrutura atual da carreira docente, que privilegia o doutorado, perdeu o sentido quando o título passou a ser regra.
Por que o modelo de carreira docente no ensino superior tem que ser mudado?
Elizabeth Balbachevsky: Quando o modelo de carreira foi instaurado, muitos dos professores não tinham titulação. Os professores iam, durante sua carreira profissional, se titular. Fazia sentido o título de doutor estar no topo da carreira, pois era um título razoavelmente raro.
De lá para cá a pós-graduação se expandiu. O Brasil forma cerca de 10 mil doutores por ano. Como a carreira não foi mudada estruturalmente depois desse período, há um inchamento de professores nas últimas posições da carreira.
Além disso, a figura do professor titular, topo da carreira, está distorcida. Em países com sistema maduro, há uma relação entre o topo da carreira acadêmica e a hierarquia de mérito acadêmico daquela área dentro da universidade.
No Brasil, o cargo de professor titular é meio vazio de significado acadêmico. Há situações em que o professor mais produtivo, academicamente mais respeitado e com mais nome não é professor titular, ele é um professor adjunto ou associado.
E agora, estudantes do Ensino Médio Federal Brasileiro? Você tem acompanhado o comando local de greve da sua escola? Você apoia a paralisação dos seus professores? Comenta aí...