Balotelli e o Racismo na Eurocopa 2012 - Por Cosme Rímole

Mario BalotelliHipocrisia e racismo no caso Balotelli. O truque da Gazzetta dello Sport para tentar não ser processada, após compará-lo ao gorila King Kong…

Contra a Espanha e a Croácia, bastava a bola chegar a Balotelli e das arquibancadas vinha o mesmo som. Torcedores imitando macacos. Espanhóis e croatas o comparavam a símios por ser negro. Em plena Eurocopa, mais uma demonstração nojenta de racismo.  Contra a Irlanda, ele marcou um gol e se preparava para desabafar, mostrar sua ira contra os torcedores, mas foi calado pelos companheiros italianos. Com as mãos, taparam sua boca para que não ofendesse ninguém e fosse expulso, suspenso. Eles sabem o gênio forte do atacante.
Filho de imigrantes ganeses, Mario nasceu em Palermo, foi abandonado no hospital pelos pais pobres, acabou sendo criado pelos médicos por dois anos. Foi quando o Tribunal de Menores mandou que fosse entregue para a adoção. Acabou com a família Balotelli, de Consécio, Província de Bréscia. Aos 18 anos pôde assumir a cidadania italiana. Tão talentoso quanto problemático, o atacante de 21 anos é uma das maiores esperanças da Itália para a Copa de 2014. Do pequeno Lumezzane passou para a Inter e depois foi para o Manchester City por R$ 78 milhões, em 2010. Apesar de reconhecer seu talento, a direção da Inter o negociou graças às inúmeras polêmicas e brigas no clube. Mas o jogador queria sair da Itália por não suportar as provocações racistas de torcedores de outras equipes.Tudo estava se repetindo na Eurocopa, quando tudo ficou ainda pior na Itália. A atitude descabida veio de quem deveria ser mais evoluído do que torcedores racistas.
Após a vitória da Itália nos pênaltis contra a Inglaterra, o jornal Gazzetta dello Sport foi ridículo. Para comemorar a classificação publicou uma charge, nela, Balotelli aparece como King Kong em cima do Big Ben. A comparação a um gigantesco gorila foi repudiada pelos próprios leitores do jornal. A charge acabou tão racista quanto os ignorantes torcedores da Eurocopa e foi criticada mundialmente. Balotelli deve processar a publicação quando acabar o torneio na Polônia. Veio a partida ontem entre a surpreendente Itália e a favorita Alemanha. O atacante rouba a cena. Marca os dois gols da vitória na semifinal.
Após o segundo, faz questão de tirar a camisa. Sabe que toda a atenção está voltada a ele. E mostra com orgulho que é negro. Depois do jogo, o jornal que já havia pedido desculpas ao jogador, foi além. Deu uma mostra de hipocrisia. Para tentar colocar uma pedra no assunto e não ser processado, publicou com destaque no seu site. Uma foto imensa do atacante sem camisa. E com a manchete: "Orgulho da Itália". Foi apenas mais uma demonstração de cinismo. Não há nada de patriótico no gesto. É puro medo de perder milhões de euros com o processo que chegará. Fica a lição. Racismo é imperdoável entre os ignorantes. Mas na classe formadora de opinião é inadmissível.
A Gazzetta tem de pagar pela estupidez que divulgou. Logo na Itália, um país que ainda carrega as cicatrizes do fascismo de Mussolini. Que Baloteli não volte atrás. Leve até o fim a ideia do processo. Faça do caso um exemplo contra a discriminação. Contra a ignorância. Que não caia no truque interesseiro e hipócrita de quem não só o humilhou. Ridicularizou os negros ao compará-lo a um gorila...

Charge racista do jornal Gazzetta dello Sport

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Esportes R7

 

 

 

 

 

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