Cresce número de brasileiros gays no exterior que pedem asilo alegando homofobia

 

[postado orginalmente em UOL Notícias - Cotidiano]   Esse é o título de uma reportagem escrita por janaína Garcia no UOLnotícias de hoje. O texto infoma que os pedidos de asilo político feitos por brasileiros gays que vivem no exterior passaram de três, em todo o ano de 2011, para 25 apenas nos três primeiros meses deste ano. A informação é da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais).   “Temos cartas de pessoas dizendo que não dá pra viver no Brasil, e sempre com a alegação de homofobia no nosso país. Antigamente endossávamos esses pedidos com um relatório de assassinatos de homossexuais --foram 3.500 ao longo de 20 anos--, além do fundamentalismo religioso de um Bolsonaro da vida”, disse Toni Reis, presidente da ABGLT, referindo-se ao deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que provocou a ira dos defensores dos direitos LGBT, ano passado, com declarações polêmicas e consideradas ofensivas.   O advogado brasileiro André Aggi, 36, está desde novembro do ano passado em Vancouver, Canadá, e aguarda a concessão do asilo para não retornar mais ao país. “Não volto de jeito nenhum. Porque aí no Brasil eu serei pra sempre uma condição. Aqui, sou um ser humano”, desabafou, por telefone, em entrevista ao UOL     *** Ao ler a notícia, fiquei pensando nos milhares de gays que precisam conviver diariamente com a homofobia. Na verdade são poucos os que podem viajar para o exterior e pedir asilo. A maioria tem de enfrentar a rejeição, muitas vezes explícita, de boa parcela da sociedade que vê a homossexualidade como algo anormal e mesmo doentio. A isso muitas vezes se soma o preconceito de classe social, porque gay é termo para classe média, homossexual pobre é bicha ou bicha-pão-com-ovo ou bicha pobre, epíteto imortalizado pelo humorista Costinha. Pode-se lá imaginar como são tratados homossexuais, travestis e transsexuais ao procurarem emprego? Mesmo nas escolas a situação não é tranquila. Assim, em muitos caso, pobreza, baixa escolaridade e preconceito se somam para dificultar a mobilidade social desses sujeitos. Valeria, personagem de sucesso do programa Zorra Total, mostra bem isso sob a caricatura do homossexual cuja libido está sempre à flor da pele. Apesar de inteligente, pró-ativa e esperta trabalha como "assessora para assuntos de poeira e detrito". Seria a escolha da profissão dessa personagem apenas acaso?