Mãe quita dívidas após tirar filha de escola privada e pôr em uma pública

 

  Dineide tirou a filha da escola particular e economizou R$ 850 por mês.

Adolescente diz que a deficiência no ensino público foi a principal barreira.  

Marina Fontenele e Flávio AntunesDo G1 SE

 Flávio Antunes/G1 SE)Sara (esq.) teve de se acostumar com a nova rotina, após Dineide (dir.) colocá-la em um colégio público (Foto: Flávio Antunes/G1 SE)

Depois de tentar, sem sucesso, equilibrar as contas da família, a comerciante Dineide Vieira Santos, de 43 anos, teve de tomar uma decisão difícil. Em 2011, ela e o marido transferiram a filha caçula, Sara Mirelly Santos Santana, de 14 anos, de uma escola particular de Aracajupara uma escola pública. O sacrifício fez com que o saldo da conta bancária passasse a ser positivo.

 Editoria de Arte/G1)

(Na série Dinheiro na mão de crianças, oG1 mostra como os pais fazem para explicar situações econômicas do dia a dia para os filhos.)

Segundo a mãe, a razão para tirar a filha do colégio particular foi uma questão financeira. Dineide revelou que o grande vilão foram dívidas no cartão de crédito. Além disso, ela precisava investir na loja de roupas que possui para conseguir melhorar a renda da família.

Apesar da causa nobre, a mudança inicialmente não foi bem aceita por Sara. Além de ter que fazer novos amigos e se acostumar com a nova rotina, a adolescente teve medo da qualidade do ensino - muito inferior em relação às escolas privadas. "A primeira coisa que veio à minha cabeça foi a deficiência de ensino que teria com a qualidade do colégio público, sem falar que percebi o quanto as greves me prejudicariam”, comenta a estudante, atualmente no 1º ano do Ensino Médio.

A adolescente recebe dos pais uma mesada que não tem valor fixo. Com ela, Sara consegue pagar aulas de reforço escolar na tentativa de não ficar atrás na corrida por uma vaga no vestibular daqui a dois anos, mas que já é uma preocupação. “Nunca fui de consumir muito, até porque não recebia tanto dinheiro, pois sabia das condições dos meus pais. Então, procurei fazer uma poupança e pagar as aulas de reforço”.

Corte de R$ 850 por mês

 

Abrir mão do ensino na rede particular evitou um gasto para a família de R$ 850 por mês, segundo Dineide. Só a mensalidade da escola custava R$ 600 e outros R$ 250 eram destinados às despesas com o transporte e os livros. Além das contas, Dineide ainda tinha de ajudar a filha mais velha a pagar a graduação em Administração de Empresas, curso realizado em uma faculdade particular.

“Eu e o meu marido vínhamos buscando formas para reduzir os nossos gastos desde 2011. Foi então que percebemos que a mudança do colégio particular para o público equivalia à economia que estávamos precisando”, conta Dineide.

Dineide conta que não foi fácil chegar à conclusão de que precisava mudar a filha de colégio, mas era a última opção para conseguir por em dia as contas da casa. “Foi muito frustrante ter que ver a maior herança que posso deixar para as minhas filhas, a educação, ficar com uma baixa qualidade.”

O alívio financeiro também contribuiu para o pagamento das contas antes da data de vencimento, o que também é uma forma de economia, pois evita multas e encargos. “Deixar de ter gastos com a educação de Sara acabou nos ajudando a honrar com os compromissos nas datas certas. Também deixamos de dar dinheiro para ela comprar o lanche e passamos a comprar algumas coisas no supermercado para ela levar”, afirma Dineide.