Neste momento, todos indagam as motivações que levaram nossos jovens a tentar fazer algo para mudar o cenário nacional a partir da discussão da mobilidade urbana. O poder de comunicação da juventude brasileira assustou o governo, a mídia e toda a população. Logo que tudo começou, foi postada aqui no portal a entrevista do movimento Passe Livre no Roda Viva. Em poucos dias, suas reivindincações se alastraram com uma fúria surpreendente em todas as direções do país onde o futebol reinaria absoluto. A geração taxada de egocêntria e desarticulada desencadeou uma pressão política inédita no Brasil.
Como uma análise comportamental, irei discorrer sobre duas propagandas recentes de marcas patrocinadoras dos maiores eventos esportivos tupiniquins que ocorrem esta década. Com um minuto de duração cada, de modo subliminar, eles questionam o condicionamento juvenil em detrimento aos direitos tolhidos da liberdade de expressão agora. O problema é que os sujeitos próximos à linha de frente do processo, tanto a maioria de gente normal quanto os ditos criminosos estão recebendo toda a negatividade da pressão social na mídia, os ditos vândalos, e provavelmente a maior parte deles têm idade inferior a 25 anos.
A primeira propaganda a ser veiculada é também uma pista do colapso da cultura do automóvel neste cenário. Foi a profética campanha que a FIAT criou para ufanizar o futebol e as ruas por onde seus carros trafegam. Com a música de O Rappa como mote, clamava; “Vem pra pua - A rua é a maior arquibancada do Brasil“. Na explosão do conflito, a própria FIAT tirou a campanha do ar, mas já era tarde, pois os próprios internautas paulistas já haviam feito uma sátira com a mesma música, mas lá, vemos multidões caminhando juntas e cenas da violência sofrida pelos manifestantes.
Já a propaganda intitulada “Vamos com tudo“, da Adidas, que foi lançada no dia 13 de junho na internet, nem precisa de uma paródia. Sem muito esforço, numa análise fria, pode ser interpretado como algo perverso - veja nos comentários lá no youtube. O vídeo tem uma música eletrônica “empolgante“, com sutis toques de brasilidade. Repleto de cortes frenéticos, seu foco inicial é na figura de Fred, o centro-avante da seleção, que veste o capuz de sua blusa para chutar uma bola. Nesta hora, ainda é dia e ele está no meio de gente bonita dançando, com muros grafitados e outros belos cenários. No momento seguinte, numa boate escura, a figura do jogador é suprimida e em seu lugar, vemos Daniel Alves (da seleção) vestindo um conjunto Adidas verde e amarelo com capuz, numa boate escuranuma boate escura dançando e interagindo com pessoas distintas. De repente, o ambiente fica negro, onde (atual PSG)o atual PSG, Lucas, está sozinho e olha para uma muralha de televisores luminosos. Como em estado de choque, um close em sua roupa cinza, Lucas está vidrado e estático. Atrás da figura inerte dele, aparecem outros dois sujeitos encapuzados, pulando e tacando um coquetel molotov no muro de telas eletrônicas que explodem, eles são revidados por outros dois militares da cavalaria. Corte brusco para um ambiente claro e Lucas acorda de um pesadelo: ele está vendo um helicóptero no céu e um jogo do Brasil, com o placar luminoso em 0 X 0. Aparece o logotipo da Copa das Confederações e da Adidas, e Davi Villa do Barcelona está num lugar claro onde alguém bate um stencil na parede. Villa chuta a bola, que joga umas latas de spray no chão. A vida acontece em claro ou escuro? Futebol ou pixação?
A negação da conformidade recém descoberta pelo jovem brasileiro pode e deve ser otimizada com a preocupação de escutar quem antes não era ouvido. Vender imagem de guerrilheiro urbano ao nosso adolescente para em sequência, acusá-lo de terrorista vai contra toda liberdade que aparentemente nos é oferecida. A viagem na irrealidade cotidiana nos faz refletir sobre o desperdício da grande mídia em criar opiniões de senso comum e Educação hoje é estar atento qualquer agenda vazia e alienante que os meios de comunicação de massa nos impõem. Se os políticos e a sociedade sentiram o poder dos jovens por um instante, que o microfone continue aberto para quem é oprimido.