Ao percorrermos as breves linhas históricas sobre a evolução da educação e dos modelos institucionais de ensino apresentados no caderno I, podemos perceber de maneira geral, que embora nos diferentes períodos históricos, a educação sempre cumpriu um papel de controladora social a serviço dos interesses do Estado e das políticas econômicas.
Diversas vezes excludente e elitista, a educação manteve-se sempre distante de sua verdadeira vocação de desenvolvimento humano e produção de conhecimento, permanecendo por décadas em modelos que se paltavam no suprimento de mão-de-obra qualificada (mal qualificada) para o mercado industrial e a formação de profissionais liberais advindos das aristocracias remanescentes do período monárquico.
De tal maneira, o Brasil foi gastando décadas para implantar um sistema educacional que atendesse à demanda cada vez mais crescente e crítica, que aos poucos começou a reividicar instrução educacional para as classes mais pobres e vulneráveis. Esse processo ganhou corpo com a implantação de novas diretrizes na educação nacional que levaram à construção dos currículos nacionais, mais estabelecimentos de ensino e a organização e distribuição de competências entre os entes federados, mas os problemas continuariam.
Ainda falta efetividade e aproximação entre os documentos que fundamentam a educação nacional e a prática diária nas escolas brasileiras. Nesse contexto, o ensino médio atual mostra-se como resultado de um processo de evolução lento e distorcido da educação no país, com heranças políticas infiltradas de maneira ideológica na maneira de se oferecer a instrução de 2º grau.
Desta forma, aquela que deveria ser um instrumento de transformação social e formação humana acaba sendo utilizada como instrumento de controle social a serviço da economia e escrava do sistema capitalista.
Alguns desafios continuam assombrando o ensino médio e o restante da educação nacional, como as questões relacionadas com a valorização dos profissionais da educação, as barreiras burocráticas entre documentos, leis e teorias e a prática docente, e por fim, mas não menos importante, a corrupção e mal emprego das verbas da educação.
O pacto pelo fortalecimento do ensino médio poderá ser um grande passo para efetivação de uma educação de verdade, mas que só será possível se for feita pelos professores em suas atitudes diárias em sala de aula e lutas políticas para transformação do sistema.