Em seu discurso de Abertura da Feira do Livro de Frankfurt, o escritor Luiz Ruffato fez uma pesada crítica as desigualdades sociais brasileiras. Frankfurt (Alemanha) – Inicialmente, o “astro” brasileiro na Feira do Livro de Frankfurt – que homenageia o Brasil e será encerrada hoje – seria Paulo Coelho, que cancelou sua participação com críticas aos critérios de seleção de autores adotados pelo governo federal. Mas um mineiro de Cataguases, na Zona da Mata, acabou roubando a cena: Luiz Ruffato, em seu discurso contundente na abertura do evento, realizada na terça-feira. O autor de Eles eram muitos cavalos afirmou que o Brasil nasceu sob o genocídio, disse que estupros foram a base da democracia racial brasileira e destacou que impunidade e intolerância são regras no país. “Não queria me transformar na ‘vedete’ do evento dessa maneira, mas virei, de forma involuntária. A última coisa que queria é todo esse constrangimento. E o constrangimento era meu: de ter de falar, aqui na Alemanha, que o meu país tem todos esses problemas. Não é bom, não é agradável. Mas, enfim...”, afirmou ele em entrevista concedida na Estação Central de Frankfurt. Nada mais mineiro do que a conversa entre trens e um cafezinho num lugar em que Ruffato é apenas mais um dos milhares de transeuntes. A poucos metros dali, no espaço equivalente a 14 campos de futebol, está o pavilhão brasileiro da feira, o maior evento do mercado editorial do mundo. Depois de seu polêmico discurso, o escritor até evitou aparecer por lá. Na Alemanha desde o começo do mês, Ruffato tem agenda intensa: 62 eventos em 15 cidades. “É bacana esse reconhecimento aqui. Tenho livros traduzidos para o alemão e isso ajudou a me a dar alguma visibilidade. Sou mais divulgado aqui do que no Brasil”, afirma.