Herança de nossos ancestrais africanos estão presentes nas artes plásticas, na culinária, na música, na religião, e na dança brasileira. A feijoada, o candomblé, o samba e o maracatu são alguns dos ingredientes que se somam e mesclam, resultando no hibridismo tão característico do Brasil. Mas, como se reconhecer brasileiro e entender nossa história, se parte dela não nos é contada? Uma das ações afirmativas para fortalecer a implementação da Lei 10.639/03, o Projeto África nas Escolas é de autoria da Secretaria de Promoção e Igualdade Racial do Distrito Federal (SEPIR DF) e propões a realização de uma série de atividades nas escolas do DF. Dentre as ações, são promovidos debates com embaixadores e embaixadoras sobre a cultura africana e as influências dos povos tradicionais na construção da cultura afrobrasileira.
Segundo o antropólogo e educador social Felipe Areda, a lei 10.639/03 só tem a beneficiar o país, pois favorece o enriquecimento da cultura africana e pluraliza o sistema educativo. “A lei é fundamental não apenas para que pessoas negras tenham suas comunidades representadas no espaço escolar, como fortalece o ensino público ao trazer saberes milenares para a formação intelectual, técnica e ética”, afirma. “É um passo para um projeto de ensino multicultural e diverso”, ressalta.
Areda acrescenta que esse tipo de política serve não somente para fortalecer e estreitar os laços entre os países, mas para afastar qualquer tipo de preconceito dos brasileiros quanto ao povo africano e sua cultura. “É fundamental falarmos sobre os preconceitos para visibilizar como as opressões se organizam”, conta. “Este tipo de comportamento está presente nas nossas relações, tanto as políticas e econômicas, como as mais íntimas dela, é preciso falar no racismo, porque o racismo cala e tira a voz”, conta.
O África nas Escolas acontece em três escolas públicas do DF, Centro de Ensino 11, Centro Educacional 07, ambos localizados na cidade do Gama; e Centro de Atendimento Integral à Criança e ao Adolescente – CAIC de Brazlândia. Também promovido oficinas de percussão na comunidade do Gama. João Monteiro explica o conteúdo das palestras. “Falamos sobre a origem dos tambores e demais instrumentos musicais. Fazemos um breve relato do que já existia no Brasil: dos índios herdamos o macará; dos portugueses e espanhóis a zabumba e o tarol; o negro trouxe os atabaques, feitos de troncos de árvores, cavados e vazados”, revela.
No cinema e nas artes vários autores buscam resgatar a história e cultura Afro-brasileira e africanas. Além de mostrar, sem preconceitos ou julgo de valores aspectos da fé, do camdomblé e da cultura Afro. Um exemplo é o produtor Ademir Barbosa Júnior, apelidado por Dermes. Mestre em Literatura brasileira pela USP retrata aspectos da cultura afrobrasileira em seu documentário.
Sobre a Lei nº 10.639/03
A Lei nº 10.639/03 estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileiras e africanas nas escolas públicas e privadas do ensino fundamental e médio. O intuito é estabelecer um conjunto ações para a indução de uma política educacional voltada para a afirmação da diversidade cultural e da concretização de uma educação das relações étnico-raciais nas escolas. É nesse mesmo contexto que foi aprovado, em 2009, o Plano Nacional das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (BRASIL, 2009).
Nas novas diretrizes, os professores devem ressaltar em sala de aula a cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira, na qual os negros são considerados como sujeitos históricos, valorizando-se, portanto, o pensamento e as ideias de importantes intelectuais negros brasileiros, a cultura (música, culinária, dança) e as religiões de matrizes africanas.
Com a Lei 10.639/03 também foi estabelecido o dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), em homenagem ao dia da morte do líder quilombola negro Zumbi dos Palmares. O dia da consciência negra é marcado pela luta contra o preconceito racial no Brasil.
O que você conhece sobre a história da cultura Afro-brasileira? Qual sua opinião sobre a Lei nº 10.639/03 que estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileiras e africanas nas escolas públicas e privadas do ensino fundamental e médio?