Sergio Rodrigues , do blog Todo Prosa
Por redacao Em 7 de março de 2013
É praticamente impossível aprimorar a lista de dez conselhos a jovens escritores que a escritora inglesa Zadie Smith (foto), autora de “Dentes brancos” e “Sobre a beleza” – e do recente NW, ainda inédito por aqui – escreveu para o “Guardian” em 2010 .
Não há um único item dedicado ao que escrever tem de mais essencial e misterioso, aquilo que levou Somerset Maugham a dizer: “Existem três regras para escrever ficção. Infelizmente, ninguém sabe quais são elas”. Sábia, ZS se cala sobre os tesouros que cada um terá que descobrir por si mesmo, sem mapa e na mais completa escuridão – missão difícil mas não impossível, caso o caçador tenha vivido o tipo de infância mencionado no item 1 e goze do mínimo de talento citado no 3.
Deixando de lado o indizível, esses conselhos cobrem de forma admiravelmente lúcida e sucinta os principais aspectos práticos que cercam a atividade, inclusive as muitas armadilhas ao longo do caminho. Mereciam ser gravados na pedra.
1. Ainda na infância, assegure-se de ler um monte de livros. Passe mais tempo fazendo isso do que outra coisa.
2. Quando adulto, tente ler seu próprio trabalho como um estranho , ou melhor ainda, como um inimigo o leria.
3. Não romantize sua “vocação”. Ou você consegue escrever boas frases ou não consegue. Não existe nada parecido com uma “vida de escritor”. A única coisa importante é o que você deixa na página.
4. Evite seus pontos fracos. Mas faça isso sem dizer a si mesmo que aquilo que é incapaz de fazer não merece ser feito. Não mascare sua insegurança com o ressentimento.
5. Deixe um espaço de tempo decente entre escrever e editar o que escreveu.
6. Evite panelinhas, grupos, gangues. A presença de uma multidão não tornará seu texto melhor do que é.
7. Trabalhe num computador desconectado da internet.
8. Proteja o tempo e o espaço em que escreve. Mantenha todo mundo do lado de fora, mesmo as pessoas que são mais importantes para você.
9. Não confunda honrarias com realização.
10. Diga a verdade através de qualquer véu que esteja à mão – mas diga. Conforme-se com a tristeza de uma vida inteira que advém do fato de nunca estar satisfeito.