Mídia NINJA - Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação: Uma proposta de mídia independente e colaborativa em rede.

A entrevista de Bruno Torturra e Pablo Capilé, no Roda Viva, focando o sistema inovador de jornalismo Ninja, é particularmente importante. Não pela celeuma criada, mas pelas janelas e desafios que abre. Aproveitamos a discussão para as pessoas entenderem melhor um conjunto de atividades de produção e acesso cultural no país. Interessante também o fato da entrevista ter gerado tanta controvérsia, com o problema do financiamento superando a visão das oportunidades abertas. Estamos na era digital, da conectividade planetária, mas carregamos uma herança de sistemas de produção cultural e jornalística essencialmente controlados por gigantes da intermediação, a chamada indústria cultural e o oligopólio da mídia. Adotaram tecnologias digitais nas imagens, mas como cultura organizacional seguem na era analógica. O pano de fundo, é que hoje, com as novas tecnologias tanto de produção como de divulgação de conteúdos, abriram-se oportunidades de sistemas radicalmente descentralizados e em rede, o que afeta os gigantes verticalizados de intermediação. Os que produzem conteúdos não precisam mais esperar para serem dos poucos selecionados pela grande mídia ou pelo oligopólio da música. A gente não vai mais se ver só na Globo.

É interessante confrontar esta lógica econômica colaborativa e democrática com a lógica da mídia comercial. Tudo que pertence à indústria cultural e midiática, inclusive os noticiários e os jornais e revistas em papel, são essencialmente financiados por publicidade, e se trata de recursos extremamente elevados. É um império econômico. As empresas de publicidade que financiam a mídia são por sua vez financiadas por grandes grupos econômicos, como bancos, empreiteiras, grandes redes de intermediação comercial, montadoras, a grande indústria farmacêutica e semelhantes. Há muito pouca participação de pequena e média empresa, ou por exemplo da agricultura familiar que é responsável por três quartos do alimento que chega à nossa mesa. O dinheiro gasto pelas grandes empresas em promoção e propaganda é incluído na planilha de custos, e incorporado nos preços, que são pagos por nós. A TV aberta só parece gratuita porque já pagamos ao comprar os produtos. Quando ouvimos na TV que tal programa nos é gentilmente oferecido pelas casas que têm total dedicação a nós, já sabemos quem paga a conta.

 

Veja o relato da entrevista completa: http://revistaforum.com.br/blog/2013/09/redes-culturais-desafio-a-velha-industria-da-cultura/