Juventudes, relações étnico-raciais e o dia da consciência negra

Quem está fazendo o Curso Juventude e Ensino Médio Inovador tem a oportunidade de dialogar com outros professores sobre as relações étnico-raciais em nosso país. Está sendo uma rica discussão, pelo menos na Turma 8, onde alguns colocam que “o racismo é silencioso”, como por exemplo, quando os negros perdem para os brancos nas melhores vagas de emprego ou as crianças negras ficam à parte das outras na própria sala de aula e o professor fica indiferente a isso. Ou ainda nas piadinhas relacionadas à cor do sujeito.

Outros dizem que “a discriminação é explícita”, não silenciosa, e para isso citam vários exemplos, como o de não permitir namoro entre pessoas de etnias diferentes. A sociedade em geral sub-valoriza as potencialidades das crianças e jovens negros, contribuindo para baixar mais ainda sua auto-estima e para gerar limitados projetos de vida. Outra situação em que se percebe a negação da aceitação da negritude é o fato de afrodescendentes alisarem ou clarearem o cabelo (tentando se parecer mais com os brancos, para ser melhor aceitos), mas também aderindo à “cultura da aparência”.

Outro fato está presente: a situação sócio-econômica da etnia. “Se o negro é pobre, tem cara de que pode ser ladrão ou traficante...”, e logo é discriminado negativamente pela polícia e pela classe empresarial. “Se o negro é bem vestido, famoso, com estudo, é reconhecido com a mesma capacidade de qualquer outro.” Então isso leva a crer que a falta de aceitação é pela classe social, não tanto pela cor. Até porque uma cor de pele parda e um cabelo crespo em nada interfere na capacidade do indivíduo aprender ou trabalhar.

Eu trago à tona essa discussão justamente no Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, para incentivar a todos que sentem algum tipo de discriminação, principalmente os negros, a mostrar os seus valores. Para derrubar preconceitos é preciso mostrar sua música, sua arte (roupas, coreografias, esculturas), sua beleza física e seu trabalho – que na verdade foi o que ergueu o país que temos hoje, desde a época dos engenhos. O homem branco sempre teve mais preguiça de trabalhar no pesado, e por isso dependeu de empregados, e pelo mesmo motivo inventou tantas máquinas (como a de lavar roupas, aspirador de pó, liquidificador...). Você já parou pra pensar nisso?!

Então orgulhe-se de ser negro, índio ou mestiço, e lute para ter uma vida digna. Evidencie Gilberto Gil, Milton Santos, Barack Obama, Martinho da Vila, Thaís Araújo, Ronaldinho..., mas também evidencie os não-famosos que trabalham honestamente no dia-a-dia, como a boa cozinheira, o motorista, o advogado, o médico, a professora negra... Afinal, estas pessoas são a maioria na sociedade, as que trabalham e mantém-se felizes através das rodas de samba ou de capoeira, apesar da vida dura que levam.

É preciso continuar lutando para que todos tenham os mesmos direitos, não só no papel mas principalmente na prática. Faça também a sua parte!

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