Ao mesmo espaço construído pelos índices assustadores dispostos na real condição vivenciada pela juventude brasileira, é fundamental considerar que esta juventude é responsável também por tecer grande parte das redes de sociabilidade nos seus espaços de vivência.
Segundo SANTOS (2006) não existe território sem a ação humana, neste aspecto a juventude em sua efervescência possibilita uma enorme série de transformações individuais e coletivas. O jovem através dos espaços públicos vividos como escolas, praças, quadras esportivas entre outros na grande maioria urbanos, traz a cena pública a vida de conflito entre a diversidade cultural e os dados criminais nos quais estão expostos: um paradigma entre a jovialidade e a mortalidade.
Como importante exemplo, a juventude das vilas e favelas contextualiza suas vivências em seus territórios através da Cultura Hip Hop deixando sua produção cultural nos muros, na dança, na música e no ritmo construído e ressignificado frente à imensidão dos saberes apropriados pela cultura negra. Esta condição traz à juventude que se organiza pelo Movimento Hip Hop um papel fundamental para a continuidade das raízes afro-brasileiras.
A juventude também tende a se organizar em espaços da discussão ambiental, estudantil e dialogam entre o conhecimento da sexualidade e religiosidade, seguimento de múltiplas esferas socioculturais, sempre predisposta ao possível sim e/ou não, ao negar e assumir condições vivenciadas, a própria metamorfose.
SANTOS (2006) direciona o olhar conceitual sobre o território para além do chão e da esfera física, traz enquanto análise a ação construída. Esta afirmação de que os sujeitos são transformadores possibilita entender as especificidades juvenis e como elas reinventam o diálogo educativo frente a descoberta e o significado do patrimônio material e imaterial produzido e constituído nas cidades.
A juventude perpassa a idéia de “território chão” quando descobre o diálogo frente aos avanços dos meios de comunicação e encontram nas redes sociais um importante espaço de vivência coletiva. Manifestam nas redes sociais seus desejos e anseios, provocam mobilizações que impactam a forma de ver e sentir sua própria construção, possibilitam entre outras dimensões a construção comunicativa independente que não se limita apenas na esfera presencial.
Sobre todos estes argumentos, é importante ressaltar que uma ampla discussão e percepção sobre a juventude faz-se fundamental para percebê-la em toda sua dimensão. Esteja nos impactos provocados pela ausência do estado ou na possibilidade de se entender na diversidade e identidade cultural por ela vivenciada.
A juventude enquanto categoria de análise do contexto social aplicado é produtora de um rico diálogo no território, não pela quase inocência injusta em que foi marcada pelo olhar singelo e infantil e nem mesmo pela concretude e responsabilização criminal que injustamente possamos olhar pela vida adulta. A juventude está na transformação e entre estas duas condições geracionais, nem mesmo apenas disposta ao futuro quanto menos ainda apenas relegada ao presente.
Leonardo Koury Martins; Assistente Social, Coordenador de Educação Continuada, Alfabetização de Adultos, Diversidade e Inclusão da Secretaria de Educação e Cultura de Contagem MG, Membro da Comissão Executiva da Política de Educação Integral e Integrada.
O autor faz várias reflexões sobre a juventude, como: "a juventude das vilas e favelas contextualiza suas vivências em seus territórios através da Cultura Hip Hop deixando sua produção cultural nos muros, na dança, na música e no ritmo"... Como você vê as "marcas", características da juventude no espaço em que vive? Em nos espaços em que você cirlula na cidade?