Hei, senhor, por que eu não posso passar? Eu não tenho direito de ir e vir não? Só porque a gente a é pobre? Só porque a gente é negro? Isso é preconceito...
Um dos mecanismos de manutenção da escravidão era cercear às custas de grande vigilância e controle o direito de ir e vir dos escravizados. Para isso era vedado aos cativos calçar sapatos. Andar descalço era uma marca da escravidão, uma forma da sociedade senhorial discriminá-los em relação aos livres.
Ontem no Ceará, a primeira província a libertar os cativos, bem no centro do templo do consumo do século XXI humilhou jovens negros, impedindo-os de circularem pelo shopping Parangaba, lugar de diversão dos adolescentes nas grandes metrópoles.
Impressiona, a barbárie desta falta de vergonha dos donos do Capital em orientar seus gerentes que orientam seus seguranças mal preparados que agem como capatazes não permitindo que meninos negros circulem nos novos latifúndios das metrópoles colonizadas.
O vídeo nos mostra a cor da suspeição dos negros sendo didaticamente esfregada na cara de jovens que aprenderam que no tempo da socialização nos templos do consumo eles não são bem-vindos.
O Haiti é em Fortaleza, a África do Sul do tempo do Apartheid fica em Parangaba.
O relato abaixo acompanha o vídeo, publicado em 26/11/2013 e encaminhado a mim pelo jornalista cearense Alberto Perdigão.