O Inep, órgão responsável pelo Enem, deve mudar o próximo edital do exame para garantir que textos com algum tipo de "inserção indevida" recebam nota zero.
É o caso, por exemplo, da redação que incluiu uma receita de miojo em um dos parágrafos do texto, revelado nesta semana pelo jornal "O Globo". O estudante que inseriu trecho do hino do Palmeiras também seria atingido por essa regra.
"Em respeito ao participante sério, é um tema que não pode ser desprezado. Qualquer inserção que seja por deboche ou desrespeito tem que [estar previsto] no edital que seja dado zero", disse nesta quinta-feira (21) Luiz Cláudio Costa, presidente do Inep.
O tema será discutido com comissão técnica responsável por elaborar o edital do próximo Enem --a previsão é de que ele seja publicado em maio. Cerca de 300 redações, de um universo de 4,1 milhões, apresentaram algum tipo de "inserção indevida".
"Eles [corretores] não poderiam dar zero de acordo com o edital, mas os textos foram fortemente penalizados", disse Costa. O texto que incluiu receita de miojo obteve nota 560; o aluno que incluiu trecho de hino de futebol recebeu 500.
A mudança no edital, segundo Costa, tem objetivo de punir os candidatos que querem "tumultuar o sistema".
REDAÇÕES
Em um dos casos registrados na última edição do Enem, o estudante fez uma homenagem ao time do Palmeiras em um dos quatro parágrafos do texto --os demais, seguiram o tema sugerido.
"As capitais, praias e as maiores cidades são os alvos mais frequentes dos imigrantes, porque quando surge o alviverde imponente no gramado onde a luta o aguarda, sabe bem o que vem pela frente e que a dureza do prélio não tarda", afirma trecho do texto.
A nota técnica do Inep a qual a Folha teve acesso afirmou, no entanto, que "retirando-se do texto os trechos do hino transcrito pelo participante, ainda restaram ideias e argumentos aproveitáveis ao desenvolvimento do tema".
Já a redação que continha a receita de miojo foi avaliada da seguinte forma: "Em sua totalidade, não fugiu ao tema, e não feriu os direitos humanos. Tampouco cabe dizer que o participante teve a intenção de anular sua redação, uma vez que dissertou sobre o tema e não usou palavras ofensivas".
Professores de redação, entretanto, ponderam que a nota dada ainda é muito alta. "No mínimo, o aluno não está levando a sério o trabalho de avaliação do Enem, o que já deveria ser motivo de repreensão", afirma Waldson Muniz, professor de português do ensino médio do colégio Galois, em Brasília.
E aí, o que você pensa sobre isso? Como confiar nesse sistema de correção de redações atual? Você já fez a prova ou conhece alguém que já fez, e que não ficou satisfeito com a sua nota? Dialogue com a gente!