Se você tivesse que escolher a melhor companhia para um grande felino africano, provavelmente não seria um cachorrinho, certo? Errado: foi exatamente o que fez o Zoológico de Dallas.
Esse encontro surpreendente aconteceu entre dois filhotes de guepardo e um labrador preto de dois meses de idade chamado Amani. O objetivo é fazer com que os pequenos felinos vejam (por enquanto) o labrador como um exemplo de comportamento.
Os guepardos – Winspear e Kamau – nasceram no dia 8 de julho no Instituto Smithsonian de Biologia da Conservação e, pouco tempo depois, foram transferidos para o Zoológico de Dallas, no Texas.
Os filhotes, que atualmente pesam entre 3 e 4 quilos, fazem parte de um programa que visa divulgar os esforços de preservação da espécie. Normalmente, os filhotes escolhidos para esse fim são indivíduos abandonados pela mãe ou que fazem parte de uma grande ninhada.
Amani, cujo nome em suaili significa “paz”, deve ensinar os guepardos a ser mais sociáveis e tranquilos para o trabalho que os aguarda.
Além de servir como um parceiro de brincadeiras para os felinos, labradores como Amani são naturalmente sociáveis e podem ser uma influência tranquilizadora quando os filhotes forem expostos ao contato humano constante.
Amani é especialmente talhado para a tarefa, já que os labradores adoram a companhia das pessoas e sabem se comportar na presença de outros animais, duas características que os tratadores do zoológico desejam transmitir aos guepardos. Além disso, o cãozinho incentivará os guepardos a receber um tipo de contato que normalmente evitam, inclusive com membros de sua própria espécie.
A iniciativa de socializar guepardos utilizando cães não é novidade. O Zoológico de St. Louis já tinha adotado a técnica com objetivo semelhante e obteve sucesso.
O zoológico tem grandes planos para os felinos. “Winspear e Kamau vão se tornar importantes embaixadores do zoológico e nos ajudarão a conscientizar as pessoas sobre os guepardos”, afirma Sean Green, vice-presidente de Experiências para Visitantes do zoológico.
O zoológico também pretende criar no próximo ano uma “corrida de guepardos”, para mostrar aos visitantes porque esse animal detém o título de mamífero terrestre mais rápido do mundo.
“Esses animais magníficos vão nos ajudar a contar a história de seus habitats e do trabalho de conservação que apoiamos”, acrescenta Green.
Os guepardos podem correr até 120 km/h em curtos períodos de tempo, cobrindo distâncias de até 500 metros, e podem acelerar de 0 a 100 km/h em três segundos, ou seja, mais rápido que qualquer automóvel.
Entretanto, a variação genética desses felinos é muito pequena, o que significa que a espécie provavelmente recorreu à endogamia quando a população começou a diminuir drasticamente, há cerca de 10 mil anos.
Segundo o Fundo para a Conservação do Guepardo, a consequência dessa uniformidade genética acarretou anormalidades reprodutivas, taxa de mortalidade elevada entre filhotes, maior suscetibilidade a doenças, menor adaptabilidade da espécie e maior vulnerabilidade a mudanças ambientais e ecológicas.
Também é difícil criá-los em cativeiro em virtude das particularidades de seu comportamento social e reprodutivo: as fêmeas são solitárias, enquanto os machos adultos vivem em grupos.
Anos atrás, o guepardo foi ameaçado pela caça ilegal para extração da pele, normalmente manchada, mas agora também sofre com a perda do habitat devido ao avanço das atividades humanas e à concorrência com outros animais.
Hoje, a espécie está extinta em mais de vinte países: restam cerca de 10 mil exemplares, a maioria em pequenos povoados de países africanos. As duas últimas reservas de preservação estão entre a Namíbia e Botsuana, e entre o Quênia e a Tanzânia.
Entre outras iniciativas, o zoológico de Dallas apoia o Fundo de Conservação do Guepardo. O centro, com sede na Namíbia, foi criado em 1990 com o objetivo de promover a conservação de felinos e seus ecossistemas em todo o mundo.
Por meio de pesquisas, educação e da promoção de um melhor uso da terra, o centro realiza campanhas internacionais de conscientização sobre a vulnerabilidade da espécie nos dias de hoje.
Um dos aspectos mais controversos do trabalho, no entanto, é a domesticação e exibição dos felinos. Segundo o Zoológico de Dallas, Winspear e Kamau devem mudar constantemente de zoológico, visitando escolas e ficando longe de seu habitat natural, a fim de facilitar seu contato com o público.
Apesar da reprodução em cativeiro ser necessária quando uma espécie se torna altamente vulnerável, existem organizações como The Nature Conservancy (TNC) e Fundo Mundial para a Natureza (WWF), que fomentam a preservação dos espaços naturais e habitats de animais selvagens.
Fonte: http://animalplanet.discoverybrasil.uol.com.br/filhote-de-labrador-e-mod...