Depois de ler o seguinte artigo "Enem: possíveis avanços e recuos" de um colega da sociologia, publicado no site do Jornal O Povo (CE), pensei em abrir um debate aqui no Portal EMdiálogo para ver a perspectiva de quem está vivenciando esse processo. O Enem é melhor do que os outros vestibulares na visão do aluno e do professor de ensino médio? Ou vocês não estão satisfeitos? Porfavor, compartilhem suas opniões! Abaixo segue o artigo na íntegra.
Enem: possíveis avanços e recuos
Após esse fim de semana de provas do Enem, novamente o processo entra em xeque, sobretudo quando se discute a segurança da prova. O erro de diversos candidatos em postar suas fotos nos locais de prova, incluindo a hashtag do evento, garantindo o monitoramento do MEC, nos traz questionamento: e quem não cometeu o erro de produzir provas contra si? Já pensaram em quantos candidatos realmente fraudaram essa seleção, mas tiveram inteligência na ação? Desse modo, a prova tem alguma garantia de igualdade de condições?
Para além dessas questões, trago os velhos problemas com uma seleção unificada e que vale como único critério para ingresso na maioria das Ifes. O fim da autonomia das Universidades em selecionar seus alunos é um problema. Os conteúdos de teor regional - como a Literatura, a Geografia e a História - foram extirpados do processo. Os testes de habilidades específicas para cursos que prescindem de uma condição singular. Dentre outros pontos, esses colocam a qualidade da prova em questão.
Aliás, essa tal qualidade da prova seria um argumento positivo para a defesa do Enem, mas vem sendo desmascarado. Não bastasse a rápida adaptação das grandes grifes de ensino, no Enem de 2013 já ficou claro que a prova está se aproximando do formato dos vestibulares. A questão da economia nas inscrições, até por se fazer uma múltipla escolha de instituições e pagando apenas a mesma taxa, não pode ser louvada, pois essas características poderiam ser inclusas nos antigos exames. O que está ocorrendo é uma bolsa de apostas em cursos onde não há aptidão do estudante, promovendo um abandono sistemático das vagas ocupadas.
Encarar o Enem como exame vestibular é radicalizar a democratização do ensino superior no Brasil? Essa foi uma das alegativas para verticalizar a seleção, mas não é o caso. Não há transformação no perfil dos estudantes com a simples mudança da prova. A política de cotas já vem sendo amplamente aplicada e isso garante uma mudança nos quadros discentes das Ifes.
Nesse sentido, quais as reais vantagens do Enem? Que concretas mudanças estruturais no ensino superior esse modelo único de prova traz de fato? Ao meu ver, há mais prejuízos do que benefícios e, quando há benefícios, não há nenhum que não pudesse ser adaptado ao modelo anterior. A prova se demonstra como um meio inseguro, sem criatividade e agora cada vez mais tradicional. O fato é que não é com um novo teste que se democratiza o ensino público superior no Brasil. Não é pelo Enem que as universidades vão abrir as portas para a sociedade e isso deve ser revisto.