Brasil tem 3,6 milhões de crianças e adolescentes fora da escola em 2011

BRASIL TEM 3,6 MILHÕES DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES FORA DA ESCOLA EM 2011

Só no Sudeste há 1,2 milhão de pessoas de 4 a 17 anos que não estão estudando. São Paulo é o Estado com mais crianças e adolescentes sem atendimento

Fonte: iG

No Brasil, 92% das crianças e adolescentes de 4 a 17 anos frequentam escolas, ou seja, outros 3,6 milhões estão sem estudar. Apenas no Sudeste há 1,2 milhão de pessoas nessa faixa etária que não vão às aulas. São Paulo, o Estado mais rico da federação, tem o maior número absoluto de crianças e adolescentes não atendidos, 575 mil.

Os dados foram divulgados pela ONG Todos Pela Educação, que estabeleceu como uma das metas para o País ter 98% das pessoas de 4 a 17 anos estudando até 2022. Para isso, foram traçadas metas intermediárias que garantam a chegada neste porcentual aos poucos, mas em 2011, ano ao qual se refere a pesquisa, nenhuma região do Brasil atingiu o patamar desejado. Em 2010, havia 3,8 milhões de pessoas nesta faixa etária fora da escola.

Entre os Estados, o único que chegou à meta foi o Piauí - não por coincidência um dos mais pobres e, por isso, mais beneficiados pelo incentivo à escolaridade por meio de imposição de alta frequência escolar para receber o Bolsa Família. Lá a meta para 2011 era chegar a 94,5% de atendimento e foram alcançados 94,8%. O próximo Estado mais perto de alcançar a meta foi o Maranhão, com índice intermediário previsto de 93,8% e que chegou a 93,4%.

Embora a região Sudeste conte com o maior contingente (1,2 milhão) não atendido, isso representa o menor percentual (6,9%) do País. Já a região Norte é a que mais se destaca negativamente em termos percentuais. Lá, 10,3% das crianças em idade escolar (499 mil) não estão matriculadas. A região Centro-Oeste, por outro lado, tem a menor quantidade de crianças fora da escola (290 mil, ou 8,7% do total).

Os 575 mil alunos fora da escola em São Paulo representam 6,6% do total da faixa etária. Em segundo lugar em números absolutos vem Minas Gerais, que precisaria matricular 367 mil alunos, ou seja, 8,3% da população do Estado em idade escolar. Em termos percentuais, o destaque negativo fica por conta de quatro estados da região Norte: Acre (11,1%), Amapá, (11,3%) Amazonas (11,3%) e Rondônia (13,7%).

Por outro lado, os grandes centros urbanos são os que têm maior déficit de vagas, de acordo com dados do Censo Demográfico 2010 também registrados pelo Todos Pela Educação, principalmente nas duas pontas: pré-escola e ensino médio.
Apenas em São Paulo, o déficit na oferta para crianças de 4 e 5 anos era, em 2010, de cerca de 41 mil vagas. No Rio de Janeiro, segunda cidade mais populosa do País, faltavam 17,9 mil vagas nessa faixa etária em 2011. Já para o ensino médio, a capital paulista precisaria criar 74 mil vagas, e a fluminense, 37 mil vagas.

Há vagas, mas faltam interessados

Segundo o relatório De Olho nas Metas lançado nesta quarta-feira pelo Todos Pela Educação, outro problema que faz o País ter tantas pessoas em idade escolar fora da escola é a evasão no ensino médio . De total de matriculados nesta etapa, 10,3% desistiram em 2010, enquanto nos anos iniciais do ensino fundamental o mesmo índice é de 1,8% e, nos finais, 4,7%.

Problema: Ensino médio é a pior etapa da educação do Brasil

A cada dez estudantes do ensino médio, um abandona o curso sem concluí-lo. Trata-se da taxa de evasão mais elevada, para jovens cursando esse nível de ensino, entre os países do Mercosul, conforme aponta a Síntese dos Indicadores Sociais 2010, elaborada pelo IBGE. A Argentina tem 7% de evasão escolar; Uruguai, 6,8%; Chile, 2,9%; Paraguai, 2,3%; e Venezuela, 1,3.

Boa notícia só na zona rural

Considerado grande desafio em relação à ampliação da oferta de educação no Brasil, o acesso à escola na área rural teve resultado positivo. Segundo levantamento realizado pelo Ipea em 1992, apenas 66,4% das crianças de 7 a 14 anos da área rural frequentavam o ensino fundamental; em 2005, esse total correspondia a 92% da população nessa faixa etária. E, em 2010, a frequência de crianças na zona rural alcançava 96,9% no ensino fundamental.

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