A sociedade não está indiferente. Recordo que escrevi sobre um programa de rádio em Cuiabá,através do qual são enviados recados dos familiares aos presos. O essencial do artigo é que uma vez libertados, a maioria volta à prisão por falta de oportunidades e educação mínima sobre valores sociais.
Vi nos Estados Unidos senhores e senhoras aposentados, com a vidas garantida, dedicando uma ou mais tardes durante a semana para ensinar crianças pobres a fazer as tarefas escolares. Levavam um refrigerante, algum Biscoito e tanto ensinavam como Aprendiam, além, claro, de elevar Muitíssimo a autoestima daquelas crianças. Em geral elas não se julgam merecedoras. Quando isso acontece explode o seu potencial de alegria e de capacidades. No Brasil não fazemos isso como cultura social.
As igrejas realizam trabalhos sociais relevantes em presídios, em escolas e em bairros, mas a capacidade das sociedade em multiplicar isso é imensa. As igrejas, em geral temendo perder o controle financeiro e doutrinário dos atendidos vedam maiores participações de voluntários.
Mas são enormes as possibilidades de pessoas comuns, aposentadas, profissionais liberais, donas de casa, técnicos e jovens, de se engajarem em movimentos voluntários. Não precisa salvar a pátria. Basta uma mão aqui, uma mão ali e o resultado sempre aparece.
Qualquer um vê que a sociedade Está virando uma gelatina. Para onde se Olha, está desmanchando: famílias, Filhos, casamento, educação, saúde,pública, justiça, política, religiões,gestão pública, segurança pública,trânsito, comportamento dos jovens, as drogas e o álcool, a indiferença social,etc. etc. Os jovens em todas as classes sociais estão dessintonizados e se entregam ao individualismo. Eles não são culpados. Faltam-lhes pais que os eduquem e falta escolas que os ensine.
O que mais falta são os chamados valores, como saber que a vida não pode ser tirada, que os bens são de propriedade de quem os adquiriu, que o trabalho é um valor social, que o respeito às pessoas é um importante valor social. Mas isso precisa obrigatoriamente ser ensinado aos jovens em todas as classes sociais. Por mais óbvio que pareça! Um jovem assaltante quando rouba e mata, falta-lhe saber que não se pode assaltar e tampouco matar, porque a vida é um bem social. Mas ele teria que ser ensinado antes para não cometer o crime, e depois, se for preso, a regenerar-se diante da sociedade para recuperar a sua vida e o seu futuro. A cadeia pode ser uma escola conduzida por voluntários.
Aqui é que entraria a sociedade com a sua enorme capacidade de voluntariar se para o bem, fazendo ou complementando o papel que o Estado não é capaz de realizar. O Estado não é um ente vivo, e não sofre com a violência. Os cidadãos, sim! Parece-me que a recuperação dessa sociedade gelatina, precisa fundamentalmente de trabalho voluntário para recuperar a sua juventude perdida e ensiná-la que a vida não precisa ser um campo de batalha. Fica a reflexão. Quem faz trabalhos Sociais voluntários sente-se realizado e
feliz.