Professores da rede estadual do Rio continuam em greve

A professora Maísa Sales mostra o contracheque Em assembléia na última quinta-feira, dia 10, professores decidem manter greve até o dia 15 de setembro, quando haverá nova manifestação e Assembléia. Estudantes voltam às ruas para apoiarem os educadores.

Foi mais de uma hora de caminhada entre o Largo do Machado, local de concentração dos professores, e o palácio Guanabara, sede do governo do estado do Rio de Janeiro. Assim como na manifestação do dia 8 de setembro, estudantes também saíram às ruas para apoiarem as demandas dos profissionais de educação. Cerca de mil pessoas participaram da manifestação. A assembléia da categoria, no final do dia, decidiu pela manutenção da greve até a próxima terça-feira, dia 15.

No portão do Palácio Guanabara, professores ofereceram flores aos policiais que faziam a guarda do local. A atitude foi uma manifestação simbólica contra a atuação violenta da polícia no protesto do dia 8, que deixou onze feridos. Os policiais hesitaram em receber as flores e quando um deles aceitou, várias mãos de professores se estenderam para oferecer a ele os “copos de leite” e “rosas “ carregadas durante todo o percurso. Depois deste, mais alguns policiais aceitaram a oferta. A atitude foi aplaudida pela multidão.

Professoras carregam flores para ofertarem aos policiais

“Como fazem propaganda que estão investindo na educação se não investem nos professores! A mídia chamou os professores de baderneiros, aqui não tem nenhum baderneiro. Os professores já têm muito pouco e ainda querem tirar o que tem”, protesta a estudante Meyre Batista, 18, aluna do 4º de formação de professores do Colégio Estadual Julia Kubitschek.

Meyre e outros colegas da mesma escola participaram da manifestação. “O professor é a base de tudo, sem professor não se forma bons cidadãos. Por isso estamos num país com essa situação nojenta como vemos no Senado. Nós, como alunos, queremos ver nossos professores satisfeitos”, completa Leonardo Oliveira, 18, também aluno do Julia Kubitschek.

Amanda Fonseca, 15, que carregava uma faixa na manifestação do dia 8, voltou na quinta-feira em apoio aos professores. Junto com ela estavam outros estudantes do Colégio Estadual Rangel Pestana. Alunos do Liceu Nilo Peçanha, em Niterói, também participaram novamente da manifestação. Estudantes da Escola Estadual Amaro Calvacanti, que fica em frente ao Largo do Machado, onde ocorreu a concentração dos professores, não sabiam da manifestação, mas decidiram acompanhar o protesto.

Alunos do Colegio Estadual Julia Kubitischek em apoio aos professores

Contracheque como prova do descaso

A professora de português Maísa Sales tira o contracheque da bolsa. Total líquido 516,47 reais, diz o comprovante. A professora leciona no Colégio Estadual Celamm, em Angra dos Reis, região da Costa Verde do Rio de Janeiro. Como Maísa é moradora da cidade do Rio, teve que alugar uma vaga no alojamento perto da escola para não ter que fazer o percurso de 168 quilômetros entre O Rio de Janeiro e Angra todos os dias.

A educadora reclama que a categoria deveria ter direito também a vale transporte. A professora Marcia Martins segurava com Maísa um cartaz de protesto ao presidente Lula. “Temos nível superior completo e até pós - graduação, não é justo sermos tratados dessa maneira”, cobra Márcia.

Maísa e Marcia reclamam das condições de trabalho e baixo salário

Mário Sergio Martins, diretor do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (Sepe-RJ) e zelador de escola, também mostra o contracheque. Total Líquido 371,16 reais, comprova o documento.

Tanto no contracheque da professora, quanto no do funcionário, há descontos por paralizações. O abono dos dias parados é uma das reivindicações dos professores na greve que será mantida pelo menos até terça-feira. Outra demanda é a equiparação do piso salarial dos funcionários, hoje em 259,46 reais, ao salário mínimo. A greve também é pela inclusão dos profissionais de 40 horas semanais de trabalho no plano de carreira.

Por dia, 32 professores abandonam a rede estadual no Rio

32 professores abandonam a rede estadual por dia. Um dos motivos é o baixo salárioDe acordo com pesquisa realizada pelo Sepe, só no mês de agosto 695 profissionais da educação pediram exoneração do estado. A média é de 32 profissionais por dia.

Segundo a direção do sindicato, a pesquisa foi feita a partir dos pedidos de exoneração publicados no diário oficial do estado durante o primeiro semestre desse ano.

A próxima manifestação dos profissionais de educação está marcada para o dia 15 de setembro, às 14 horas, em frente à Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

Estudanrtes animam a passeata dos professores

Você acha justo o salário que recebem os profissionais da educação em seu estado? Há mobilizações por aí?

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