MEC: Programas de inclusão digital estão entre os maiores do mundo

inclusaodigital.jpgBRASÍLIA - Desde 1997, o Ministério da Educação compra, distribui e instala laboratórios de informática nas escolas públicas de educação básica por meio do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (Proinfo). Segundo o secretário de Educação à Distância do MEC, Carlos Eduardo Bielschowsky, este é um dos maiores programas do mundo de inclusão digital de alunos das escolas públicas.

– Os programas são voltados para trazer a inclusão digital. Precisamos criar uma cultura digital. Temos 30 mil laboratórios sendo distribuídos – afirmou o secretário, que reconhece a necessidade de levar a inovação para a sala de aula com o intuito de fazer os alunos ficarem mais atento aos conteúdos.

Segundo Bielschwsky, uma pesquisa realizada pelo MEC mostrou que as escolas que estão conectadas têm rendimento 10% maior que as demais.

– Na visão do ministro (Fernando Haddad) isso ocorre porque os estudantes brasileiros têm dificuldade de leitura e uma vez conectado o aluno é obrigado a ler.

O secretário estima que desde 2007 até o final deste ano cerca de R$ 1 bilhão será gasto com programas de informatização das escolas. Incluindo aí a instalação de laboratórios, a capacitação de professores e também o programa Um Computador Por Aluno, que prevê o uso de laptop pelos alunos dentro de sala de aula e não apenas o uso de laboratórios em horários específicos. Atualmente, 23 universidades trabalham na especialização de professores para esse fim.

Problema atual é a formação do professor

A expansão dos programas de inclusão digital nas escolas públicas brasileiras é inegável. Mas os computadores que chegam às salas de aula são muita vezes subutilizados porque falta preparo dos professores para ensinar os alunos a utilizarem as máquinas para o aprendizado pedagógico.

– O uso dos laboratórios não está articulado ao processo pedagógico em pelo menos metade das escolas públicas do país – afirma Elizabete Ramos, da Campanha Nacional Pelo Direito à Educação. – Falta professores habilitados e ainda há escolas em que o computador chega, mas fica na secretaria ou na sala do diretor.

Elizabete acredita que a informática pode ser um aliada da escola para tornar a aula mais interessante para o aluno. Fora do contexto, contudo, acredita que a escola pode servir apenas “como uma lan house”.

A afirmação da pedagoga foi constatada em recente pesquisa realizada pela Fundação Roberto Civita em parceria com o Ibope Inteligência. Depois de ouvir representantes em 400 escolas nas cinco regiões do país, os pesquisadores constataram que a falta de computadores não é mais um grande problema, uma vez que 98% das escolas pesquisadas tinham computador.

O maior gargalo agora é a falta de formação dos professores para que eles saibam utilizar a tecnologia com foco na aprendizagem dos conteúdos: 70% dos entrevistados declararam que a formação inicial não os preparou suficientemente para o trabalho com as tecnologias de comunicação. Enquanto apenas 14% dos entrevistados possuem formação específica para uso de tecnologias na Educação.

Assim como mostrou a Aneel no levantamento sobre a banda larga nas escolas, a pesquisa da Fundação também constatou que as diferenças regionais nas questões de tecnologia são consideráveis. A média de computadores quebrados, por exemplo, é proporcionalmente maior nas escolas pesquisadas das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Nessas regiões, para cada 13 computadores, há três computadores quebrados. Já para cada 23 computadores no Sul e Sudeste há quatro computadores quebrados, embora em São Paulo essa proporção seja menor.

– A formação do professor carece de muita melhoria e as diferenças regionais precisam diminuir. Onde mais precisa de computador, como na Região Norte e na Região Nordeste, é onde menos tem – lamena a diretora da Fundação Roberto Civita, Ângela Dannemann.

O senador Cristovam Buarque (PDT- DF), que foi ministro da Educação, não concorda que o único problema seja a falta de capacitação dos professores. Segundo ele, ainda está longe o dia que em que haverá um computador por aluno, como deseja a Presidência da República.

– Em pelo menos 20 mil escolas não têm luz elétrica, como vai ter computador? O professor não tem treinamento porque não tem salário que justifique. A escola não mudou nada nos últimos 20 anos e a cabeça das crianças mudou muito. Os meninos já nascem sob efeitos especiais – exagera o ex-ministro.

Para o senador, a informatização universal só acontecerá quando a educação de base for federalizada. Caso contrário, nunca haverá dinheiro suficiente nos estados e municípios.

Fonte: Jornal do Brasil - 18:31 - 03/04/2010

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Em sua escola, professores e alunos estão conectados?

Comments

imagem de Judeth Machado Modesto

Sala de aula digital

Sou diretora na escola estadual de ensino médio José Bonifácio, em 2009 recebemos dinheiro para organizar a sala de aula digital com os seguintes equipamentos: mesas, cadeiras, ar condicionado, gradeamento e pintura da sala e cortinas bloqueadores de luminosidade somente esperando a chegada dos 10 computadores que receberíamos via coordenadoria de educação do estado RS (10ª cre) e 10 computadores via Mec. Como sabemos que a prioridade seria escolas de ensino médio, na cidade ( Alegrete) a maioria das escolas já receberam os computadores  sendo as de ensino fundamental e as de ensino médio. Porque a discriminação da nossa escola que até hoje não recebeu nada? E os alunos do ensino médio reclamam e com razão que não tem o laboratório aparelhado para pesquisas. Gostaria de uma explicação ou de receber os computadores prometidos.

Desde já agradeço atenção.

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imagem de Liliane Oliveira Palhares da Silva

Resposta a Judeth Machado Modesto

Olá Judeth Machado Modesto,

É uma pena que os computadores não chegaram. Os alunos criam tantas expectativas...
Bom, como você nos informou parece ser um fato bem pontual, já que outras escolas da região já receberam este beneficio. Assim, seria o caso de entrar em contato diretamente com a coordenadoria de educação do estado RS para saber o que esta ocorrendo. Nesse momento é importante pressionar o órgão responsável pela implementação da política de inclusão digital em seu município. Caso não tenha retorno, seria interessante recorrer a instância superior deste mesmo órgão, ou seja, a nível estadual ou mesmo federal.
Agradecemos a sua participação e esperamos que você tenha sucesso na sua reivindicação.

Abraços,
Lili Palhares e Marcos Silva
 

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