O período é republicano, mas foi sob o regime da ditadura, em 28 de agosto de 1983, que nasceu a Central Única dos Trabalhadores, a CUT, órgão de centralização da representação e das demandas dos trabalhadores do país. Recentemente, ao falar sobre os protestos civis que tomaram várias capitais brasileiras, o jornalista Pedro Doria escreveu que "em geral, as pessoas vão à rua porque há desemprego ou porque há opressão". Se, como ele afirma em 2013 não houve nem um nem outro como motivos centrais para a mobilização popular, 30 anos antes havia os dois. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era líder sindical do ABC Paulista e já demonstrava essa imensa capacidade de negociação, habilidade para "equilibrar antagonismos e energias divergentes". como diria Gilberto Freyre das características necessárias a qualquer governante do Brasil.
Sob a censura militar e a repressão a quaisquer movimentos que lembrassem a política das esquerdas anteriores a 1964, Lula tornou-se a expressão mais conhecida do "Novo Sindicalismo", desvinculado do sindicalismo "antigo", taxado pelos militares como comunista. Talvez, naquele momento, a negação do passado tenha sido o passe livre para as ruas. Ironicamente, o passe livre...
(Leia mais sobre as recentes manifestações em www.revistadehistoria.com.br/tag/protesto)
Texto transcrito da edição de agosto da Revista de História da Biblioteca Nacional, cujo tema é "Anarquismo - A liberdade na prática"
Comentário:
Ao abordar as manifestações ocorridas no Brasil em 2013 num contexto histórico, poderemos compreender nossa realidade de maneira bem mais clara. E sem esta história, sob o ponto de vista espetacularizante de que "o gigante acordou". Será?