Texto coletivo - caderno III: O currículo do Ensino Médio, seus sujeitos e o desafio da formação humana integral.
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Texto coletivo: Currículo
Como trabalhar, desenvolver ciência e tecnologia se a escola não as possui?A cultura que nosso aluno tem acesso é a cultura empobrecida e sucateada pelas novelas, pelo funk, redes sociais. Para falarmos em cultura a escola e a família teriam que propiciar ao aluno a aquisição de livros de literatura, viagens, cinema, teatro, aquisição de uma língua estrangeira.Mas o problema não está só na escola, pois esta é o reflexo da sociedade. Os jovens convivendo com violências e famílias desestruturadas, os alunos não encontram um meio favorável para se desenvolverem de forma saudável. É na escola, mas não só nela que as crianças e jovens podem apreender os conhecimentos necessários para viverem, conviverem e sobreviverem em seus ambientes de origem, transcendê-los e, além disso, se engajarem na proposição e na efetivação de mudanças necessárias ao desenvolvimento desses ambientes da sociedade.Um dos caminhos para a melhora da educação é a adoção da educação em tempo integral. Para isso, se faz necessário tempo para os docentes (50%) de hora-atividade concentrada por área) e também estrutura (laboratórios equipados, internet que funcione, espaço para oficinas de leitura, oratória, auditório, teatro, etc.). Se o colégio não tiver a estrutura adequada e o professor não estiver extremamente preparado e não tiver tempo suficiente para preparar aulas criativas a educação integral transforma a escola em um depósito de crianças.Para a escola trabalhar os conteúdos pelo viés da ciência uma dificuldade percebida é de que os alunos do Ensino Médio têm inúmeras dificuldades de compreensão de conteúdos básicos, não tem hábito de leitura, apresentam grande dificuldade de interpretação e produção de textos, ou seja, estamos muito distantes de conseguir realizar um trabalho cientifico onde o aluno seja capaz de relacionar as áreas do conhecimento. Ficamos muito na superficialidade do livro didático, pincelando e retomando conteúdos.Para os professores utilizarem a tecnologia em sala de aula faltam condições, infraestrutura, materiais, equipamentos bem como se deve prover tempo e oportunidades aos professores para que sejam competentes com as ferramentas, para que sejam flexíveis, possam fazer juízos rápidos em suas classes sem sentirem-se constrangidos pelas ferramentas ou limitados por sua falta de segurança em utiliza-los.Com relação ao trabalho enquanto princípio educativo contido nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, não estamos conseguindo de forma satisfatória preparar os alunos para o vestibular e nem para o mundo do trabalho. Prova disso é que os alunos vão para o mercado de trabalho e desistem dos estudos, ou seja, para trabalhar não sentem a necessidade de estudar.Percebemos que os documentos que orientam a educação no Brasil e no Paraná não condizem com a realidade em que a educação vive, apresentam uma imagem perfeita que não sai do papel. É preciso efetivar políticas que atendam as necessidades e anseios de professores, alunos e da sociedade como um todo. E essas políticas só podem ser construídas de forma coletiva por aqueles que estão trabalhando diretamente com a educação e vivenciam a realidade da sala de aula. Sabemos da necessidade de mudanças no currículo desde a educação infantil até o Ensino Médio, no entanto, este não é o único problema, pois é preciso vontade política para que o professor tenha condições de trabalhar de forma satisfatória com um ambiente adequado, materiais e hora atividade e, além disso, a verba destinada a educação deve chegar realmente ao seu destino e ser investido de forma adequada.