Terrário, um miniecossistema
Resumo
Trata-se de uma experiência didática, com enfoque multidisciplinar, na perspectiva de um ensino mais integrado, possibilitando agregar diferentes disciplinas para o entendimento de ciclos biogeoquímicos do planeta.
Palavras-chave: Terrário – ciclos biogeoquímicos – multidisciplinaridade
Introdução
Atuando na Educação de Jovens e Adultos (EJA) em Curitiba, propomos mobilizar os alunos e professores na construção de um terrário, para tratar as transformações ocorridas no contexto terrestre, com ênfase para o ensino dos ciclos biogeoquímicos para a manutenção e conservação da matéria no Planeta.
Desenvolvimento
Montagem do terrário.
Observação dos processos ocorridos.
Reflexões e anotações sobre as observações realizadas.
Organização do conhecimento
A temática proposta abre possibilidade de interdisciplinaridade com as disciplinas de :
Biologia : estudo das rochas e minerais, fotossíntese, decomposição, efeito estufa, aquecimento global, energia do Sol, fertilidade do solo, reprodução, cadeia alimentar, preservação ambiental...
Química: ciclo do carbono, ciclo do nitrogênio, ciclo da água.
Geografia: origem do solo, tipos de solo, intemperismo.
Física: Princípio de Lavoisier, matéria e energia.
Matemática: cálculo de área, porcentagem, construção de gráficos.
Língua Portuguesa : construção de textos.
Aplicação do Conhecimento
Possibilitar questionamentos sobre o miniecossitema formado:
- Por que as plantas não morrem sufocadas no terrário ?
- De onde vem a água que mantém as plantas vivas ?
- Como ocorre o aparecimento de novas formas de vida dentro do terrário ?
Compreender os processos biogeoquímicos.
Permitir a reflexão sobre o funcionamento do Planeta e ao mesmo tempo promover o debate em torno da exploração, preservação e apropriação dos recursos naturais.
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Temática 4 - Linguagens / Colégio Consolata - Cascavel
Márcia Mendes da Fonseca
Reflexão e ação - O enigma de Kaspar Hauser
No filme Kaspar Hauser, é retratada a história de um menino que não teve nenhum contato verbal ou social por volta dos 16 anos. Após ser levado à comunidade alemã, tornou-se algo curioso e começaram a estudá-lo, mas a comunicação não existia, ou seja, não conseguia se expressar, conceituar, raciocinar e diferenciar sonho de realidade. Contudo, durante a convivência na comunidade, observou-se o seu desenvolvimento na linguagem e também sua socialização. Segundo Vygotsky “Na ausência do outro, o homem não se constrói homem”, assim sendo, a criança não consegue sozinha solucionar certas questões, porque suas funções mentais não estão consolidadas. De acordo com Vygotsky, os signos são instrumentos, ou seja, o mundo está repleto de coisas que tem sua simbologia e são inseridos de fora para dentro e estes vem carregados de significados, que são: o pensamento verbal, a língua escrita e a língua falada, sendo assim, esses elementos estão em todos os grupos sociais. A partir do momento que Kaspar vai aprendendo a falar com a ajuda da sociedade local, porém não consegue compreender o mundo, nesta interação social somente há a compreensão do que é visível. Vygotsky afirma que para ser humano, é preciso que ele passe da condição biológica para o ser cultural, o qual tenha acesso aos bens culturais, materiais e espirituais, todos esses fatores são essenciais para a existência humana, entretanto para Kaspar essa associação de mundo não existia, porque o signo linguístico que é a associação o qual fazemos em nosso cérebro de um significante e um significado. Esse conceito é afirmado pelo linguista Saussure” a língua é um tesouro depositado pela prática da fala em todos os indivíduos pertencentes a mesma comunidade, sistema gramatical que existe virtualmente em cada cérebro”. E ainda “ O significante é a imagem acústica, e o significado é o conceito que damos ao significante, assim o signo é a união do significado mais um significante”. Como Kaspar não teve esse contato com a língua, a sociedade, a cultura e a religião, só repetia uma única frase ensinada em seu cativeiro: “ Quero ser cavaleiro, igual ao meu pai”. Na convivência com a sociedade local o adolescente começou a ser objeto de estranhamento, porque não sabia responder as perguntas que o faziam, foi levado para a casa do Capitão da Cavalaria endereçada na carta que levava, o capitão ao analisá-lo observou que tinha marcas pelo pulsos e tornozelos e também cicatriz de vacina, que na época indicava que poderia ser um nobre. Por conta do cárcere, ele foi destituído de contato humano e educacional. Nessa perspectiva “ A sociedade não é possível a não ser pela língua; e, pela língua, também o indivíduo. O despertar da consciência na criança coincide sempre com a aprendizagem da linguagem, que a introduz, pouco a pouco com indivíduo na sociedade”.( BENVENISTE, 1976,p. 27) Nesta cidade alemã houve um momento em que Kaspar foi apresentado ao circo, pois este apresentava crianças com algum tipo de anomalia, viam ele como um adolescente imaturo, comparável a uma criança inexperiente e selvagem. Então o professor Daumer, leva-o para ensiná-lo ritos de convivência social como linguagem, música, costumes e estudar. Kaspar aprende muitas coisas nos dois primeiros anos, ele tem audição e visão bastante aguçadas, viabilizando o aprendizado. Após alguns anos, adquire a capacidade de comunicar-se e mostra interesse pela música aprendendo a tocar piano, no entanto, em certos momentos como o da torre em que o professor Daumer afirma que ele entenderá como é possível construir uma torre tão alta, e Kaspar responde que só um homem muito alto poderia ter construído, ou seja, aqui neste exemplo mostra claramente que há falta de noção sobre distância, tamanho e proporcionalidade. Outra situação exemplo é a concepção de Kaspar a respeito da religião, tentam fazê-lo entender a percepção de Deus, porém ele não consegue associar o material ( no exemplo; a maçã que é usada para ensiná-lo) e abstrair seres animados de inanimados. A outra foi a pergunta que fez a governanta sobre qual era a função da mulher, se era só fazer tricô e cozinhar? Em outro momento o professor conta uma história para ver se ele consegue imaginar, no início da história ficou interessado e consegue entender, no entanto quando é falado em deserto já não consegue imaginar. Segundo o conceito de Vygostsky “ a imaginação depende da experiência, e a experiência da criança forma-se e cresce gradativamente, diferenciando-se por sua originalidade em comparação à do adulto. Neste exemplo a experiência que ele adquiriu até este momento não foi suficiente para o amadurecimento da imaginação”. Ao ser questionado das diversas maneiras Kaspar fica angustiado, pois reconhece suas limitações e questiona o mundo, e o seu lugar neste. Por não ser aceito pela sociedade, tiram a vida de Kasper, sofre um atentado de morte com um tiro, no leito diz ter uma visão de uma procissão, em cima uma montanha, estava a morte. Logo após ele sofre um segundo atentado e morre, porém antes ele conta a história do deserto do Saara que era guiado por um cego. Depois de sua morte seu corpo foi objeto estudo. Na história há uma possível alusão aos padrões impostos da época, ou seja, a manipulação da sociedade sobre as pessoas, sem questionar-se e apenas aceitar. Diante da história retratada pelo adolescente Kaspar Hauser, podemos refletir a questão da linguagem como algo primordial ao ser humano e os fatores que englobam a aquisição desta. Cabe citar Bakhtin ao afirma que o sujeito forma seu senso de coletividade a partir da consciência de mediação discursiva, ou seja, através de outras vozes, experiências, realidades, pessoas... Assim sendo o uso das linguagens em práticas sociais, só vem para possibilitar e ampliação dos saberes em relação formação da identidade do ser humano,assim sendo, do educando, da interação que é feita com a sociedade e com a realidade de cada um. É sabido que a sociedade já traz padrões, estereótipos, pois o que é imposto nem sempre deve agradar a todos; os jogos de poder; nem toda sociedade é capaz de adquirir. Mas nos é imposto. Cabe ao educador alertar, trabalhar para a desconstrução dessas ideologias de padrão, fazendo valer a importância e valorização do que é de origem e cultura local. O conhecimento sobre a diversidade das linguagens que valoriza umas e desvaloriza outras; na sociedade vigente percebe-se que há uma variabilidade cultural na música por exemplo ; que surgem com força de denuncia como Hip Hop, entre outros. Letra que questiona, os padrões sociais, a politica, ética e estética, justamente o que a sociedade faz é julga uma cultura melhor que a outra, esse e outros podem ser pesquisados, analisados no ambiente escolar, com o intuito do educando posicionar-se em relação a si e ao outro. E entra aqui nesse o conhecimento sobre a naturalização/desnaturalização das linguagens nas práticas sociais as quais envolvem as relações de poder, a língua padrão a supervalorização e o menosprezo ao que não se amoldam aos padrões sociais da língua. Nesse momento o conhecimento como autoria e posicionamento do aluno deve interferir pela própria ação a ser tomada como o ser único, ou seja, como protagonista no sentido de agir, entender o outro, não se deixar influenciar cegamente por aparência, mas principalmente construir o pensamento crítico a partir do mundo que o rodeia. E por fim o conhecimento do mundo globalizado, transcultural e digital e as práticas de linguagem, tão presentes no mundo atual, onde não há fronteiras, pois tudo isso influência de modo direto ou indireto na vida das pessoas, porque ao globalizar um vestuário, alimento entre outros, impacta na cultura do outro, já não há restrição, todos os dias somos invadidos por milhares de informações que vem e vão com a mesma rapidez, influenciando assim no modo de agir e pensar do ser humano. O trabalho do educador é levar o educando a interessar-se, apropriar-se criticamente e participar do social e da profissão a ser desenvolvida como ser crítico, atuante, que é capaz de desconstruir imagens e posicionarem-se como seres humanos emancipatórios, sendo capazes de serem protagonistas do seu próprio fazer, ser, ter... no mundo.
Temática 4 - Linguagens / Colégio Consolata - Cascavel
Márcia Mendes da Fonseca
Reflexão e ação - O enigma de Kaspar Hauser
No filme Kaspar Hauser, é retratada a história de um menino que não teve nenhum contato verbal ou social por volta dos 16 anos. Após ser levado à comunidade alemã, tornou-se algo curioso e começaram a estudá-lo, mas a comunicação não existia, ou seja, não conseguia se expressar, conceituar, raciocinar e diferenciar sonho de realidade. Contudo, durante a convivência na comunidade, observou-se o seu desenvolvimento na linguagem e também sua socialização. Segundo Vygotsky “Na ausência do outro, o homem não se constrói homem”, assim sendo, a criança não consegue sozinha solucionar certas questões, porque suas funções mentais não estão consolidadas. De acordo com Vygotsky, os signos são instrumentos, ou seja, o mundo está repleto de coisas que tem sua simbologia e são inseridos de fora para dentro e estes vem carregados de significados, que são: o pensamento verbal, a língua escrita e a língua falada, sendo assim, esses elementos estão em todos os grupos sociais. A partir do momento que Kaspar vai aprendendo a falar com a ajuda da sociedade local, porém não consegue compreender o mundo, nesta interação social somente há a compreensão do que é visível. Vygotsky afirma que para ser humano, é preciso que ele passe da condição biológica para o ser cultural, o qual tenha acesso aos bens culturais, materiais e espirituais, todos esses fatores são essenciais para a existência humana, entretanto para Kaspar essa associação de mundo não existia, porque o signo linguístico que é a associação o qual fazemos em nosso cérebro de um significante e um significado. Esse conceito é afirmado pelo linguista Saussure” a língua é um tesouro depositado pela prática da fala em todos os indivíduos pertencentes a mesma comunidade, sistema gramatical que existe virtualmente em cada cérebro”. E ainda “ O significante é a imagem acústica, e o significado é o conceito que damos ao significante, assim o signo é a união do significado mais um significante”. Como Kaspar não teve esse contato com a língua, a sociedade, a cultura e a religião, só repetia uma única frase ensinada em seu cativeiro: “ Quero ser cavaleiro, igual ao meu pai”. Na convivência com a sociedade local o adolescente começou a ser objeto de estranhamento, porque não sabia responder as perguntas que o faziam, foi levado para a casa do Capitão da Cavalaria endereçada na carta que levava, o capitão ao analisá-lo observou que tinha marcas pelo pulsos e tornozelos e também cicatriz de vacina, que na época indicava que poderia ser um nobre. Por conta do cárcere, ele foi destituído de contato humano e educacional. Nessa perspectiva “ A sociedade não é possível a não ser pela língua; e, pela língua, também o indivíduo. O despertar da consciência na criança coincide sempre com a aprendizagem da linguagem, que a introduz, pouco a pouco com indivíduo na sociedade”.( BENVENISTE, 1976,p. 27) Nesta cidade alemã houve um momento em que Kaspar foi apresentado ao circo, pois este apresentava crianças com algum tipo de anomalia, viam ele como um adolescente imaturo, comparável a uma criança inexperiente e selvagem. Então o professor Daumer, leva-o para ensiná-lo ritos de convivência social como linguagem, música, costumes e estudar. Kaspar aprende muitas coisas nos dois primeiros anos, ele tem audição e visão bastante aguçadas, viabilizando o aprendizado. Após alguns anos, adquire a capacidade de comunicar-se e mostra interesse pela música aprendendo a tocar piano, no entanto, em certos momentos como o da torre em que o professor Daumer afirma que ele entenderá como é possível construir uma torre tão alta, e Kaspar responde que só um homem muito alto poderia ter construído, ou seja, aqui neste exemplo mostra claramente que há falta de noção sobre distância, tamanho e proporcionalidade. Outra situação exemplo é a concepção de Kaspar a respeito da religião, tentam fazê-lo entender a percepção de Deus, porém ele não consegue associar o material ( no exemplo; a maçã que é usada para ensiná-lo) e abstrair seres animados de inanimados. A outra foi a pergunta que fez a governanta sobre qual era a função da mulher, se era só fazer tricô e cozinhar? Em outro momento o professor conta uma história para ver se ele consegue imaginar, no início da história ficou interessado e consegue entender, no entanto quando é falado em deserto já não consegue imaginar. Segundo o conceito de Vygostsky “ a imaginação depende da experiência, e a experiência da criança forma-se e cresce gradativamente, diferenciando-se por sua originalidade em comparação à do adulto. Neste exemplo a experiência que ele adquiriu até este momento não foi suficiente para o amadurecimento da imaginação”. Ao ser questionado das diversas maneiras Kaspar fica angustiado, pois reconhece suas limitações e questiona o mundo, e o seu lugar neste. Por não ser aceito pela sociedade, tiram a vida de Kasper, sofre um atentado de morte com um tiro, no leito diz ter uma visão de uma procissão, em cima uma montanha, estava a morte. Logo após ele sofre um segundo atentado e morre, porém antes ele conta a história do deserto do Saara que era guiado por um cego. Depois de sua morte seu corpo foi objeto estudo. Na história há uma possível alusão aos padrões impostos da época, ou seja, a manipulação da sociedade sobre as pessoas, sem questionar-se e apenas aceitar. Diante da história retratada pelo adolescente Kaspar Hauser, podemos refletir a questão da linguagem como algo primordial ao ser humano e os fatores que englobam a aquisição desta. Cabe citar Bakhtin ao afirma que o sujeito forma seu senso de coletividade a partir da consciência de mediação discursiva, ou seja, através de outras vozes, experiências, realidades, pessoas... Assim sendo o uso das linguagens em práticas sociais, só vem para possibilitar e ampliação dos saberes em relação formação da identidade do ser humano,assim sendo, do educando, da interação que é feita com a sociedade e com a realidade de cada um. É sabido que a sociedade já traz padrões, estereótipos, pois o que é imposto nem sempre deve agradar a todos; os jogos de poder; nem toda sociedade é capaz de adquirir. Mas nos é imposto. Cabe ao educador alertar, trabalhar para a desconstrução dessas ideologias de padrão, fazendo valer a importância e valorização do que é de origem e cultura local. O conhecimento sobre a diversidade das linguagens que valoriza umas e desvaloriza outras; na sociedade vigente percebe-se que há uma variabilidade cultural na música por exemplo ; que surgem com força de denuncia como Hip Hop, entre outros. Letra que questiona, os padrões sociais, a politica, ética e estética, justamente o que a sociedade faz é julga uma cultura melhor que a outra, esse e outros podem ser pesquisados, analisados no ambiente escolar, com o intuito do educando posicionar-se em relação a si e ao outro. E entra aqui nesse o conhecimento sobre a naturalização/desnaturalização das linguagens nas práticas sociais as quais envolvem as relações de poder, a língua padrão a supervalorização e o menosprezo ao que não se amoldam aos padrões sociais da língua. Nesse momento o conhecimento como autoria e posicionamento do aluno deve interferir pela própria ação a ser tomada como o ser único, ou seja, como protagonista no sentido de agir, entender o outro, não se deixar influenciar cegamente por aparência, mas principalmente construir o pensamento crítico a partir do mundo que o rodeia. E por fim o conhecimento do mundo globalizado, transcultural e digital e as práticas de linguagem, tão presentes no mundo atual, onde não há fronteiras, pois tudo isso influência de modo direto ou indireto na vida das pessoas, porque ao globalizar um vestuário, alimento entre outros, impacta na cultura do outro, já não há restrição, todos os dias somos invadidos por milhares de informações que vem e vão com a mesma rapidez, influenciando assim no modo de agir e pensar do ser humano. O trabalho do educador é levar o educando a interessar-se, apropriar-se criticamente e participar do social e da profissão a ser desenvolvida como ser crítico, atuante, que é capaz de desconstruir imagens e posicionarem-se como seres humanos emancipatórios, sendo capazes de serem protagonistas do seu próprio fazer, ser, ter... no mundo.
Temática 4 - Linguagens / Colégio Consolata - Cascavel
Márcia Mendes da Fonseca
Reflexão e ação - O enigma de Kaspar Hauser
No filme Kaspar Hauser, é retratada a história de um menino que não teve nenhum contato verbal ou social por volta dos 16 anos. Após ser levado à comunidade alemã, tornou-se algo curioso e começaram a estudá-lo, mas a comunicação não existia, ou seja, não conseguia se expressar, conceituar, raciocinar e diferenciar sonho de realidade. Contudo, durante a convivência na comunidade, observou-se o seu desenvolvimento na linguagem e também sua socialização. Segundo Vygotsky “Na ausência do outro, o homem não se constrói homem”, assim sendo, a criança não consegue sozinha solucionar certas questões, porque suas funções mentais não estão consolidadas. De acordo com Vygotsky, os signos são instrumentos, ou seja, o mundo está repleto de coisas que tem sua simbologia e são inseridos de fora para dentro e estes vem carregados de significados, que são: o pensamento verbal, a língua escrita e a língua falada, sendo assim, esses elementos estão em todos os grupos sociais. A partir do momento que Kaspar vai aprendendo a falar com a ajuda da sociedade local, porém não consegue compreender o mundo, nesta interação social somente há a compreensão do que é visível. Vygotsky afirma que para ser humano, é preciso que ele passe da condição biológica para o ser cultural, o qual tenha acesso aos bens culturais, materiais e espirituais, todos esses fatores são essenciais para a existência humana, entretanto para Kaspar essa associação de mundo não existia, porque o signo linguístico que é a associação o qual fazemos em nosso cérebro de um significante e um significado. Esse conceito é afirmado pelo linguista Saussure” a língua é um tesouro depositado pela prática da fala em todos os indivíduos pertencentes a mesma comunidade, sistema gramatical que existe virtualmente em cada cérebro”. E ainda “ O significante é a imagem acústica, e o significado é o conceito que damos ao significante, assim o signo é a união do significado mais um significante”. Como Kaspar não teve esse contato com a língua, a sociedade, a cultura e a religião, só repetia uma única frase ensinada em seu cativeiro: “ Quero ser cavaleiro, igual ao meu pai”. Na convivência com a sociedade local o adolescente começou a ser objeto de estranhamento, porque não sabia responder as perguntas que o faziam, foi levado para a casa do Capitão da Cavalaria endereçada na carta que levava, o capitão ao analisá-lo observou que tinha marcas pelo pulsos e tornozelos e também cicatriz de vacina, que na época indicava que poderia ser um nobre. Por conta do cárcere, ele foi destituído de contato humano e educacional. Nessa perspectiva “ A sociedade não é possível a não ser pela língua; e, pela língua, também o indivíduo. O despertar da consciência na criança coincide sempre com a aprendizagem da linguagem, que a introduz, pouco a pouco com indivíduo na sociedade”.( BENVENISTE, 1976,p. 27) Nesta cidade alemã houve um momento em que Kaspar foi apresentado ao circo, pois este apresentava crianças com algum tipo de anomalia, viam ele como um adolescente imaturo, comparável a uma criança inexperiente e selvagem. Então o professor Daumer, leva-o para ensiná-lo ritos de convivência social como linguagem, música, costumes e estudar. Kaspar aprende muitas coisas nos dois primeiros anos, ele tem audição e visão bastante aguçadas, viabilizando o aprendizado. Após alguns anos, adquire a capacidade de comunicar-se e mostra interesse pela música aprendendo a tocar piano, no entanto, em certos momentos como o da torre em que o professor Daumer afirma que ele entenderá como é possível construir uma torre tão alta, e Kaspar responde que só um homem muito alto poderia ter construído, ou seja, aqui neste exemplo mostra claramente que há falta de noção sobre distância, tamanho e proporcionalidade. Outra situação exemplo é a concepção de Kaspar a respeito da religião, tentam fazê-lo entender a percepção de Deus, porém ele não consegue associar o material ( no exemplo; a maçã que é usada para ensiná-lo) e abstrair seres animados de inanimados. A outra foi a pergunta que fez a governanta sobre qual era a função da mulher, se era só fazer tricô e cozinhar? Em outro momento o professor conta uma história para ver se ele consegue imaginar, no início da história ficou interessado e consegue entender, no entanto quando é falado em deserto já não consegue imaginar. Segundo o conceito de Vygostsky “ a imaginação depende da experiência, e a experiência da criança forma-se e cresce gradativamente, diferenciando-se por sua originalidade em comparação à do adulto. Neste exemplo a experiência que ele adquiriu até este momento não foi suficiente para o amadurecimento da imaginação”. Ao ser questionado das diversas maneiras Kaspar fica angustiado, pois reconhece suas limitações e questiona o mundo, e o seu lugar neste. Por não ser aceito pela sociedade, tiram a vida de Kasper, sofre um atentado de morte com um tiro, no leito diz ter uma visão de uma procissão, em cima uma montanha, estava a morte. Logo após ele sofre um segundo atentado e morre, porém antes ele conta a história do deserto do Saara que era guiado por um cego. Depois de sua morte seu corpo foi objeto estudo. Na história há uma possível alusão aos padrões impostos da época, ou seja, a manipulação da sociedade sobre as pessoas, sem questionar-se e apenas aceitar. Diante da história retratada pelo adolescente Kaspar Hauser, podemos refletir a questão da linguagem como algo primordial ao ser humano e os fatores que englobam a aquisição desta. Cabe citar Bakhtin ao afirma que o sujeito forma seu senso de coletividade a partir da consciência de mediação discursiva, ou seja, através de outras vozes, experiências, realidades, pessoas... Assim sendo o uso das linguagens em práticas sociais, só vem para possibilitar e ampliação dos saberes em relação formação da identidade do ser humano,assim sendo, do educando, da interação que é feita com a sociedade e com a realidade de cada um. É sabido que a sociedade já traz padrões, estereótipos, pois o que é imposto nem sempre deve agradar a todos; os jogos de poder; nem toda sociedade é capaz de adquirir. Mas nos é imposto. Cabe ao educador alertar, trabalhar para a desconstrução dessas ideologias de padrão, fazendo valer a importância e valorização do que é de origem e cultura local. O conhecimento sobre a diversidade das linguagens que valoriza umas e desvaloriza outras; na sociedade vigente percebe-se que há uma variabilidade cultural na música por exemplo ; que surgem com força de denuncia como Hip Hop, entre outros. Letra que questiona, os padrões sociais, a politica, ética e estética, justamente o que a sociedade faz é julga uma cultura melhor que a outra, esse e outros podem ser pesquisados, analisados no ambiente escolar, com o intuito do educando posicionar-se em relação a si e ao outro. E entra aqui nesse o conhecimento sobre a naturalização/desnaturalização das linguagens nas práticas sociais as quais envolvem as relações de poder, a língua padrão a supervalorização e o menosprezo ao que não se amoldam aos padrões sociais da língua. Nesse momento o conhecimento como autoria e posicionamento do aluno deve interferir pela própria ação a ser tomada como o ser único, ou seja, como protagonista no sentido de agir, entender o outro, não se deixar influenciar cegamente por aparência, mas principalmente construir o pensamento crítico a partir do mundo que o rodeia. E por fim o conhecimento do mundo globalizado, transcultural e digital e as práticas de linguagem, tão presentes no mundo atual, onde não há fronteiras, pois tudo isso influência de modo direto ou indireto na vida das pessoas, porque ao globalizar um vestuário, alimento entre outros, impacta na cultura do outro, já não há restrição, todos os dias somos invadidos por milhares de informações que vem e vão com a mesma rapidez, influenciando assim no modo de agir e pensar do ser humano. O trabalho do educador é levar o educando a interessar-se, apropriar-se criticamente e participar do social e da profissão a ser desenvolvida como ser crítico, atuante, que é capaz de desconstruir imagens e posicionarem-se como seres humanos emancipatórios, sendo capazes de serem protagonistas do seu próprio fazer, ser, ter... no mundo.