Temática 01 - Caderno 02 - Questões: Reflexão e ação
Colégio Estadual Bartolomeu Mitre - Foz do Iguaçu
Nós ainda enxergamos os jovens como pessoas em busca de conhecimento, independente de sua estrutura familiar ou ambiente em que vive. Em contrapartida o jovem busca uma referência concreta do que é e para quê serve a escola. Buscamos através de campeonatos, semana cultural, palestras, entre outras práticas formas de interagir com os estudantes e consequentemente conhecer suas necessidades e expectativas em relação ao ambiente escolar. Nesse sentido elaboramos algumas sugestões para construir um melhor relacionamento com os estudantes em sala de aula, no ambiente escolar como um todo e até mesmo entre eles:
- Criar segurança: alguns professores acabam fazendo com que os alunos sintam-se inseguros durante suas aulas. Quando questionam, por exemplo, expondo suas dúvidas, são tratados com ironia e até humilhações. Uma boa dica para deixar o aluno “confortável” é perguntar se ele entendeu o que foi passado e se ele precisa de ajudam incentivando o diálogo entre eles e nós professores.
- Construir positividade: exige comunicação, interação entre aluno e professor, as relações em sala de aula devem ser orientadas por conversas, os estudantes devem sentir que tem direito de dizer o que pensam sobre as aulas. Para desenvolver esse diálogo o professor pode promover pesquisas e avaliações dos alunos em relação às aulas; debates e possíveis alterações em sua rotina.
- trabalhar em grupos: uma das maneiras para integrar uma sala são os trabalhos em grupos, os alunos aprendem sobre respeito mútuo, cooperação e ao professor cabe o papel de orientar esse trabalho guiando-os para o melhor caminho.
Compreendendo as atuais mudanças tecnológicas e como elas relacionam-se com a construção das identidades culturais e sociais podemos identificar que o relacionamento íntimo que o tempo tinha na maturação de uma sociedade, no objetivo de formar uma cultura; perde parte de sua importância, uma vez que a velocidade de transferência de informações vem se acelerando com o advento da tecnologia.
Nos cabe tentar compreender como estas relações comunicam-se com o emaranhado de gerações que coexistem na sociedade contemporânea , uma vez que própria forma de construir cultura acaba sendo transformada a cada geração. Vale lembrar que, se em outros momentos históricos produzir a cultura e as relações sociais carecia de um certo tempo, para se pensar sobre o que e como as coisas estão acontecendo, para os jovens de hoje, não necessariamente o tempo é um entrave, dado o fato de que a comunicação e a informação chegam de uma forma quase instantânea à eles. Então como fazer, para que eles possam, à sua maneira, distinguir aquilo que pode ser considerado cultura por meio da produção tecnológica, daquilo que é simplesmente modismo, e que pode ser influenciado pelas ações do mercado? Nesse patamar tecnológico o papel do professor é de extrema importância, devemos ser norteadores dos caminhos mais confiáveis no meio de tantas informações - falseadas e tendenciosas; e é essencial que nossos estudantes, em meio a essa enxurrada de informação, desenvolvam olhares críticos perante ela e seu uso.
Percebemos que nossos estudantes querem promover discussões sobre suas vidas fora da escola, o mundo do trabalho, a família, seus programas preferidos, atividades culturais e projetos futuros, a internet. As aulas de Sociologia e Filosofia abrem bastante espaço para essas discussões, umas das metodologias já utilizada pelos professores de Sociologia é a “História de vida”, criamos a possibilidade de os alunos falarem sobre as experiências já vividas, arrependimentos, conquistas e em muitos casos debatemos essas questões posteriormente, propondo melhorias futuras. Nesse momento, pensando no “projeto de vida” proposto, estamos implementando este assunto nas turmas do Ensino médio; iniciamos com a proposta de atividade do caderno II que nos trazia alguns questionamentos: verificar os estudantes que trabalham e quais as condições desse ingresso do mercado.
Nossa pesquisa incluiu 285 alunos presentes nas aulas durante o período de aplicação dos questionários, sendo: 101 alunos matriculados na primeira série, 66 que frequentam a segunda série e 118 estão cursando o terceiro ano. A maioria absoluta de nossos alunos frequenta o período da manhã (82%) e a minoria destes trabalha em contra turno. Da totalidade de alunos que responderam às questões relacionadas ao mercado de trabalho 32,6% deles frequenta algum curso de formação profissional, pensando em alcançar uma vaga no mercado de trabalho antes mesmo de completar os estudos. Pouco menos da metade de nossos jovens (40,7%) trabalham, a maioria destes (60,3%) em empregos formais, como estágios remunerados e empregos com carteira assinada, entre as meninas, muitas são secretárias, atendentes e vendedoras em lojas de artigos femininos, mas sonham em cursar o ensino superior e trocar o emprego atual por um emprego na área de formação que escolherem. Uma curiosidade, em algumas turmas as meninas querem ser professoras, muitas delas pensam em formação na área de pedagogia ou alguma licenciatura, isso nos deixou otimistas. Entre os rapazes essa história não se repetiu, nenhum dos meninos que respondeu às questões pensa em trabalhar como docente.
Entre os estudantes que frequentam o período noturno, somente 11,3% não trabalham, entre eles as ocupações variam desde estágios, empregos formais e empregos informais, como auxiliares de pedreiro, vendedores de rua, moto-taxistas e até os chamados “laranjas” que trazem mercadorias do Paraguai.
Dentro desse contexto voltamos à discussão sobre o ensino médio do período noturno, que exige dos profissionais outras atitudes para evitar o abandono, a evasão ou a reprovação por número de faltas. Quase todos os jovens que procuram o ensino noturno, são raras as exceções, o fazem porque trabalham durante o dia; isso influencia nas práticas pedagógicas e na rotina da escola que se altera entre um período e outro.
Refletindo sobre a realidade de nossos jovens escrevemos a seguinte carta endereçada à eles:
Caros jovens estudantes.
Nós professores estamos muito preocupados, pensamos, a todo momento, sobre nossa relação na escola e nos perguntamos, por que está cada vez mais difícil? Por que a cada dia que passa nos distanciamos mais e mais? Sentimos a necessidade de uma interação maior.
Sabemos que vocês desejam mudanças, melhorias em vários aspectos, mas nós também precisamos que mudem, pois não é fácil passar horas do nosso tempo preparando aula e chegar em sala apenas um ou dois nos ouvirem, ou chegarmos cheios de entusiasmo para dividir, projetos novos e ninguém se dedica.
Para que a mudança ocorra, ela deve partir de todos nós, pois se a escola mudar, o governo investir vocês também devem se dedicar, questionar e interagir. Ver seus deveres e não somente seus direitos.
A educação é uma ferramenta essencial na vida de todos, principalmente de vocês que tem uma longa jornada pela frente. Quem de vocês não quer ser bem sucedido? Temos certeza que todos, por isso se dediquem, estudem e ampliem seus horizontes.
Nós como professores prometemos fazer de tudo para que seu dia-a-dia fique mais agradável, afinal lecionamos porque amamos e queremos sempre o melhor, para nossos estudantes. Vocês são nosso futuro.
Professores
Colégio Estadual Bartolomeu Mitre, 2014.
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